São Paulo, sexta-feira, 04 de fevereiro de 2011

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Perseguição e fuga

Eliminado de forma vexatória da Libertadores, Corinthians sofre com protestos da torcida desde Ibagué, onde jogou, até Campinas e São Paulo

DO ENVIADO A IBAGUÉ
DE CAMPINAS
DE SÃO PAULO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


A eliminação do Corinthians da Libertadores provocou uma série de reações adversas de sua torcida. Ao elenco restou driblá-las.
A pressão começou na noite de anteontem, no estacionamento do estádio Manuel Murillo Toro, em Ibagué (Colômbia), onde o Corinthians perdeu de forma vexatória para o Tolima por 2 a 0.
Cerca de 150 membros de torcidas organizadas atiraram pedras, latas de cerveja e moedas na direção dos jogadores, que faziam o caminho entre vestiário e ônibus.
Os policiais tentavam preservar os atletas com escudos -cena comum na Libertadores, mas não para proteger atletas da própria torcida.
O Corinthians reclamara com a Conmebol da falta de segurança do estádio. Mas o temor era da torcida do Tolima, que só fez festa e "olé".
Quando as pedras acertaram o ônibus, a polícia reagiu. Avançou com cavalos sobre os torcedores. Houve correria e pancadaria, mas nenhum registro de feridos.
No embarque da delegação, no aeroporto de Ibagué, o ônibus do Corinthians foi direto até a pista. Para alívio de atletas, comissão técnica e dirigentes, nada de ameaças.
Em Bogotá, onde pegaram outro avião para o Brasil, tampouco houve incidentes antes da ida para Campinas.
No Brasil, pouco tempo após o fim da partida, cerca de 30 pessoas, uma delas armada, abordaram os seguranças do Centro de Treinamento Joaquim Grava.
Segundo testemunhas, a invasão ocorreu às 3h e os vândalos disseram para os vigias que o intuito deles era danificar carros dos atletas.
Além de destruírem parcialmente 13 carros, os invasores picharam xingamentos nos muros contra o presidente Andres Sanchez, o atacante Ronaldo e o técnico Tite.
A ação durou aproximadamente 20 minutos, e os torcedores fugiram do local. De acordo com informação da Secretaria de Segurança Pública, ninguém foi detido.
Na manhã de ontem, torcedores foram até o aeroporto de Viracopos, em Campinas, recepcionar o elenco com protestos e ofensas.
Os manifestantes portavam ovos e batatas e carregavam faixa com a inscrição "Incompetência". Também gritaram "Time sem-vergonha" e "Não é mole não, tem de ser homem para jogar no Coringão", pediram a saída de Tite e ofenderam Ronaldo.
Porém a delegação corintiana fugiu da torcida e deixou o aeroporto às 11h30 por uma saída lateral, em um ônibus escoltado por dois carros e três motos da polícia.
O ônibus que levou os atletas corintianos seguiu então para um hotel em Alphaville, bairro que fica em Barueri, na Grande São Paulo.
Lá, dois carros aguardavam Ronaldo e Roberto Carlos, dois dos mais hostilizados. Outros jogadores foram embora de táxi para casa.
A delegação evitou passar pela capital. Uma razão foi que Cumbica não recebe voo fretado na hora em que o time aterrissou. Na blindagem do elenco, dois seguranças conduziram carros de Ronaldo e Roberto Carlos.
Nos muros do Parque São Jorge, torcedores picharam frases ofensivas contra jogadores, o técnico e o presidente do time. Escreveram "Fora Ronaldo", "Ronaldo gordo sem-vergonha", "Time sem- -vergonha"" e "Fora Andres".
A polícia foi chamada para deter os quase 50 torcedores que jogaram pedras na sede.
Minutos depois que a polícia foi embora, os corintianos que tinham fugido retornaram e jogaram um rojão na sede do clube. Não houve feridos na ação. (MARTÍN FERNANDEZ, MAURÍCIO SIMIONATO, MARTHA ALVES E THIAGO BRAGA)


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