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FUTEBOL
Vira-revira no Maracanã
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O Maracanã foi palco ontem de um dos grandes jogos
do ano até agora. Com sete gols e
viradas sucessivas no placar, Flamengo e Corinthians propiciaram um espetáculo que merecia
platéia maior que os 18 mil espectadores pagantes.
Pelo volume de jogo apresentado e pelas oportunidades de gol
criadas, o Corinthians merecia
pelo menos o empate.
Afinal, depois de um início vacilante, em que se deixou surpreender pelo rápido toque de bola rubro-negro, o time de Parreira se
acertou em campo e tomou conta
da partida.
Curiosamente, entretanto, depois de conseguir a virada no placar e de passar a contar com um
atleta a mais (devido à expulsão
de Fernando), o Corinthians diminuiu o ritmo, recuou e deu espaço para a "revirada" flamenguista, conquistada com uma
garra que há muito tempo não se
via no time da Gávea.
Um fator decisivo para a desarticulação do alvinegro, a meu ver,
foi a substituição de Fabrício por
Otacílio. Com a troca, o time perdeu a fluência da passagem da
defesa para o ataque, facilitando
o trabalho da marcação flamenguista. Esse trabalho foi ajudado
ainda mais pela entrada de Santiago no lugar de Leandro. Pesado e fora de ritmo, o uruguaio
matou as possibilidades ofensivas
corintianas.
Para o Flamengo, o resultado
pode não significar muito em termos de classificação, mas é decisivo para a retomada da auto-estima e do apoio da torcida. Será o
início de uma volta por cima?
Do lado corintiano, a derrota
serviu para pôr a nu a carência de
um bom banco de reservas e a necessidade de montar um sistema
de marcação mais eficaz contra
equipes de toque rápido e passes
em diagonal. No segundo gol flamenguista -um dos mais bonitos da tarde, numa triangulação
perfeita entre Beto, Juninho e
Leandro Machado-, por exemplo, a defesa corintiana ficou totalmente desorientada.
Por outro lado, a jogada do terceiro gol corintiano (Deivid, de
cabeça) mostrou um Rogério
muito mais ofensivo e habilidoso
do que estamos acostumados a
ver. Se ganhar autoconfiança, o
lateral poderá tentar outras vezes
esse tipo de lance, ajudando a
equilibrar as ações ofensivas do
time, que hoje ocorrem muito
mais pelo lado esquerdo.
Talvez tenha sido a convocação
para a seleção brasileira, talvez as
críticas que vinha recebendo e as
vaias da torcida palmeirense. De
todo modo, por entusiasmo ou
vingança, o fato é que Alex acordou e comandou a vitória do Palmeiras sobre o Fluminense, ontem no Parque Antarctica.
O triunfo alviverde foi magnificado pela derrota do Corinthians
diante do Flamengo. Assim, além
de se manter na liderança, o Palmeiras deixou na poeira seu principal rival.
Outro jogador a quem a convocação parece ter feito muito bem
foi França. Além dos dois gols que
fez contra o América, o atacante
deu um passe milimétrico para o
golaço de Kaká que fechou a goleada tricolor.
A propósito: alguém ainda duvida da qualidade de Kaká? Seu
gol de ontem foi um primor de
técnica, frieza e categoria. Recebeu a bola no ar, amorteceu-a
com um toque e, sem deixá-la cair
no chão, chutou no canto, fora do
alcance do goleiro americano.
Especialista
Tenho criticado o endeusamento de Romário, mas reconheço: ninguém é mais eficaz que ele dentro da área. Os
dois gols que contra a Lusa
foram simples e precisos. No
primeiro, recebeu na corrida,
driblou secamente o goleiro
na quina da pequena área e
tocou cruzado. No segundo,
surgiu para cabecear à queima-roupa pouco adiante da
marca do pênalti. Em ambos,
mostrou suas maiores virtudes: frieza, boa colocação e
sentido exato do tempo.
História das Copas
Ficou uma beleza o primeiro
caderno especial da história
das Copas do Mundo que a
Folha publicou ontem. O caderno todo estava bom, mas
o gol de placa da edição foi o
artigo do palmeirense Clóvis
Rossi (ninguém é perfeito),
imaginando o que seria da
Argentina e do futebol se as
Copas de 42 e 46 tivessem
acontecido. Coisa de craque.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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