São Paulo, segunda-feira, 04 de março de 2002

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FUTEBOL

Vira-revira no Maracanã

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Maracanã foi palco ontem de um dos grandes jogos do ano até agora. Com sete gols e viradas sucessivas no placar, Flamengo e Corinthians propiciaram um espetáculo que merecia platéia maior que os 18 mil espectadores pagantes.
Pelo volume de jogo apresentado e pelas oportunidades de gol criadas, o Corinthians merecia pelo menos o empate.
Afinal, depois de um início vacilante, em que se deixou surpreender pelo rápido toque de bola rubro-negro, o time de Parreira se acertou em campo e tomou conta da partida.
Curiosamente, entretanto, depois de conseguir a virada no placar e de passar a contar com um atleta a mais (devido à expulsão de Fernando), o Corinthians diminuiu o ritmo, recuou e deu espaço para a "revirada" flamenguista, conquistada com uma garra que há muito tempo não se via no time da Gávea.
Um fator decisivo para a desarticulação do alvinegro, a meu ver, foi a substituição de Fabrício por Otacílio. Com a troca, o time perdeu a fluência da passagem da defesa para o ataque, facilitando o trabalho da marcação flamenguista. Esse trabalho foi ajudado ainda mais pela entrada de Santiago no lugar de Leandro. Pesado e fora de ritmo, o uruguaio matou as possibilidades ofensivas corintianas.
Para o Flamengo, o resultado pode não significar muito em termos de classificação, mas é decisivo para a retomada da auto-estima e do apoio da torcida. Será o início de uma volta por cima?
Do lado corintiano, a derrota serviu para pôr a nu a carência de um bom banco de reservas e a necessidade de montar um sistema de marcação mais eficaz contra equipes de toque rápido e passes em diagonal. No segundo gol flamenguista -um dos mais bonitos da tarde, numa triangulação perfeita entre Beto, Juninho e Leandro Machado-, por exemplo, a defesa corintiana ficou totalmente desorientada.
Por outro lado, a jogada do terceiro gol corintiano (Deivid, de cabeça) mostrou um Rogério muito mais ofensivo e habilidoso do que estamos acostumados a ver. Se ganhar autoconfiança, o lateral poderá tentar outras vezes esse tipo de lance, ajudando a equilibrar as ações ofensivas do time, que hoje ocorrem muito mais pelo lado esquerdo.

Talvez tenha sido a convocação para a seleção brasileira, talvez as críticas que vinha recebendo e as vaias da torcida palmeirense. De todo modo, por entusiasmo ou vingança, o fato é que Alex acordou e comandou a vitória do Palmeiras sobre o Fluminense, ontem no Parque Antarctica.
O triunfo alviverde foi magnificado pela derrota do Corinthians diante do Flamengo. Assim, além de se manter na liderança, o Palmeiras deixou na poeira seu principal rival.

Outro jogador a quem a convocação parece ter feito muito bem foi França. Além dos dois gols que fez contra o América, o atacante deu um passe milimétrico para o golaço de Kaká que fechou a goleada tricolor.
A propósito: alguém ainda duvida da qualidade de Kaká? Seu gol de ontem foi um primor de técnica, frieza e categoria. Recebeu a bola no ar, amorteceu-a com um toque e, sem deixá-la cair no chão, chutou no canto, fora do alcance do goleiro americano.

Especialista
Tenho criticado o endeusamento de Romário, mas reconheço: ninguém é mais eficaz que ele dentro da área. Os dois gols que contra a Lusa foram simples e precisos. No primeiro, recebeu na corrida, driblou secamente o goleiro na quina da pequena área e tocou cruzado. No segundo, surgiu para cabecear à queima-roupa pouco adiante da marca do pênalti. Em ambos, mostrou suas maiores virtudes: frieza, boa colocação e sentido exato do tempo.

História das Copas
Ficou uma beleza o primeiro caderno especial da história das Copas do Mundo que a Folha publicou ontem. O caderno todo estava bom, mas o gol de placa da edição foi o artigo do palmeirense Clóvis Rossi (ninguém é perfeito), imaginando o que seria da Argentina e do futebol se as Copas de 42 e 46 tivessem acontecido. Coisa de craque.

E-mail jgcouto@uol.com.br



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