EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

Então "Menina de Ouro" foi o grande vencedor do Oscar?
Mas tal premiação não foi algo para ficar (muito) espantado.
Afinal, alguém consegue pensar em outra modalidade esportiva que combine mais com cinema?
Sim, já foram produzidos filmes sobre as mais diversas modalidades esportivas, como basquete, beisebol, futebol americano, futebol, sinuca e até mesmo bobsled. Mas nunca na quantidade e com a qualidade alcançada pelos mais conhecidos filmes de boxe.
Assim, mal sai de cena "Menina de Ouro" e os estúdios já anunciam a estréia nos EUA de outro filme que tem pugilismo como pano de fundo: "Cinderella Man", que entra em cartaz nos cinemas norte-americanos em 3 de junho.
Trata-se da história do ex-campeão mundial dos pesados Jimmy Braddock. Se você não sabe de quem se trata, não se preocupe, não é você que está mal informado. Braddock é nota de rodapé na história dos pesos-pesados.
Ele é mais lembrado pelo fato de ser o homem de quem o legendário Joe Louis tomou o cinturão.
No entanto o enredo de "Cinderella Man" se concentra no pedregoso caminho de Braddock até o cinturão mundial. O título se refere à improbabilidade de Braddock ser campeão. Para colocar a situação em perspectiva, é só lembrar que, ao ganhar o cinturão em 1935, Braddock era o azarão na proporção de 10 por 1.
Braddock terminou com um dos piores cartéis de todos os tempos para um campeão: 51 vitórias, 27 nocautes, 23 derrotas e três empates. Porém, por breves momentos, foi o campeão mundial. Nem todos podem dizer o mesmo.
Como laboratório, o australiano Russell Crowe assistiu às defesas de título do compatriota Anthony Mundine. Também fez sessões de sparring com o falador Mundine (Lembram? Foi ele que se ""queimou" ao dizer que foram os EUA que provocaram os ataques de 11 de setembro de 2001).
Além disso, tomou aulas de boxe com o veterano técnico Angelo Dundee, o guru de Muhammad Ali, entre outros campeões. E também do brasileiro Maguila.
Dundee diz que treinar Crowe foi "como trabalhar com Ali". ""Se eu tivesse Crowe quando era um garoto, poderia ter se tornado um lutador de verdade", concluiu.
Foi o mesmo elogio que o ex-campeão dos médios (até 72,5 kg) Jake LaMotta dirigiu a Robert De Niro, que o interpretou em "Touro Indomável", um dos maiores filmes de todos os tempos.
Outro ator que tomou aulas de boxe com um ex-campeão (o irlandês Barry McGuigan) foi Daniel Day-Lewis para "O Lutador".
Quem não precisou aprender a soltar golpes foi o campeão pesado Muhammad Ali, que interpretou a si mesmo em "The Greatest", por achar que ninguém poderia passar por ele. Acertou: Will Smith não convenceu em "Ali".
E o número de filmes que têm o pugilismo como tema principal são inúmeros: "Rocky, Um Lutador" (ganhador do Oscar de melhor filme de 76), "A Trágica Farsa", "Réquiem Por um Lutador", "Cidade das Ilusões", "Punhos de Campeão", "Corpo e Alma", "O Campeão", "O Ídolo do Público", "Olhos de Serpente" etc etc etc.

Para exportação
A Associação Internacional de Boxe Amador encomendou 12 máquinas de contagem de golpes à Confederação Brasileira de Boxe com o intuito de distribuí-las entre países da América do Sul. A Argentina também encomendou um par do tal aparelho, desenvolvido pelos irmãos Anderson e Alexandre Aço. Assim, finalmente a máquina paga os custos de seu desenvolvimento e, dependendo da receptividade da Aiba, abre até a possibilidade de serem exportadas.

Importação
Chester English, talvez o mais poderosos do ramo de direitos de exibição de lutas, vendeu ao canal Premiere pacote de combates de Tyson, Holyfield, Lewis e outros da videoteca da Main Events, que inclui uma de minhas favoritas, Vinnie Pazienza x Greg Haugen.

E-mail: eohata@folhasp.com.br


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