São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2005

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AUTOMOBILISMO

Fruto de uma brecha no regulamento, ação pode vir à tona para garantir motor novo na prova seguinte

F-1 ameaça inédito "cai-cai" na Austrália

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MELBOURNE

A FIA confia no espírito esportivo das equipes para evitar um inédito e vexaminoso "cai-cai" nas últimas voltas do GP da Austrália, na madrugada de amanhã.
A estratégia, malandragem de times de futebol que preferem ver uma partida encerrada por falta de jogadores, pode ser inaugurada na F-1 graças às novas regras.
O artigo 85 do regulamento diz que "cada piloto não poderá usar mais do que um motor em duas corridas seguidas", sob pena de perder dez posições no grid. Mas deixa uma brecha: "O piloto que não terminar uma prova poderá largar na seguinte com um novo propulsor, sem sofrer punição".
É esse trecho que abre a chance de "cai-cai". Se um piloto chegar à última volta fora da zona de pontuação, em nono lugar, por exemplo, será mais vantajoso não cruzar a linha de chegada e ter direito a um novo motor no GP seguinte.
Terminar depois do oitavo lugar significará não pontuar e ter de usar um propulsor desgastado por outro fim de semana inteiro.
Em Melbourne, onde, às 23h, ocorre o primeiro treino classificatório da abertura do Mundial, a tática é cogitada veladamente.
"Pilotos e chefes de equipes são esportistas, e creio que vão preferir acabar em nono a abandonar na última volta", disse Charles Whitting, principal comissário da FIA. "Embora só os oito primeiros marquem pontos, as outras colocações podem definir um desempate no fim da temporada."
Mas posições como nono e décimo só desempatam geralmente equipes do fundo do grid. Não mexem com a vida das grandes. Whitting sabe disso. Tanto que diz que vai ficar atento ao "cai-cai". "Se ocorrer com freqüência, teremos que criar uma punição."
Outro ponto questionado pela mais radical mudança na F-1 nos últimos anos é a subjetividade para decidir se um carro poderá trocar pneus na prova. O artigo 74 diz que só poderá ser trocado em caso de furo ou "por legítimas razões de segurança". Há, aí, dois problemas. O primeiro: a FIA só analisará o pneu depois que ele tiver sido tirado do carro. O segundo: não há detalhe sobre punição.
"Pedirei uma parada nos boxes de um minuto", disse Whitting, sobre a possível pena. Mas ele não fugiu da subjetividade ao explicar os critérios para a troca de pneu: "Teremos que ver caso a caso".
O primeiro aperitivo das regras será servido no primeiro treino oficial. Os pilotos entrarão um a um na pista, seguindo a ordem inversa da classificação da última prova -Juan Pablo Montoya, vencedor do GP Brasil de 2004, será o último a marcar tempo.
O grid sairá no segundo treino oficial, que começa quatro horas antes da corrida, no domingo de manhã -neste caso, às 20h de sábado (Brasília). Os pilotos irão à pista mais uma vez para voltas lançadas, na ordem inversa do treino anterior. O grid será definido após a soma dos tempos.
Ontem, no treino livre, os pilotos de testes, que não se preocupam em poupar motor, se destacaram. O mais rápido foi Vitantonio Liuzzi (Red Bull), seguido por Pedro de la Rosa (McLaren) e Ricardo Zonta (Toyota). Montoya (McLaren), o titular mais bem colocado, foi quarto. Rubens Barrichello, o 12º, e Michael Schumacher não girou nenhuma volta. A Minardi, sem aval para usar o carro de 2004, não participou.


NA TV - Primeiro treino oficial para o GP da Austrália, na Globo, ao vivo, às 23h


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