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AUTOMOBILISMO
Fruto de uma brecha no regulamento, ação pode vir à tona para garantir motor novo na prova seguinte
F-1 ameaça inédito "cai-cai" na Austrália
FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MELBOURNE
A FIA confia no espírito esportivo das equipes para evitar um inédito e vexaminoso "cai-cai" nas
últimas voltas do GP da Austrália,
na madrugada de amanhã.
A estratégia, malandragem de
times de futebol que preferem ver
uma partida encerrada por falta
de jogadores, pode ser inaugurada na F-1 graças às novas regras.
O artigo 85 do regulamento diz
que "cada piloto não poderá usar
mais do que um motor em duas
corridas seguidas", sob pena de
perder dez posições no grid. Mas
deixa uma brecha: "O piloto que
não terminar uma prova poderá
largar na seguinte com um novo
propulsor, sem sofrer punição".
É esse trecho que abre a chance
de "cai-cai". Se um piloto chegar à
última volta fora da zona de pontuação, em nono lugar, por exemplo, será mais vantajoso não cruzar a linha de chegada e ter direito
a um novo motor no GP seguinte.
Terminar depois do oitavo lugar significará não pontuar e ter
de usar um propulsor desgastado
por outro fim de semana inteiro.
Em Melbourne, onde, às 23h,
ocorre o primeiro treino classificatório da abertura do Mundial, a
tática é cogitada veladamente.
"Pilotos e chefes de equipes são
esportistas, e creio que vão preferir acabar em nono a abandonar
na última volta", disse Charles
Whitting, principal comissário da
FIA. "Embora só os oito primeiros marquem pontos, as outras
colocações podem definir um desempate no fim da temporada."
Mas posições como nono e décimo só desempatam geralmente
equipes do fundo do grid. Não
mexem com a vida das grandes.
Whitting sabe disso. Tanto que
diz que vai ficar atento ao "cai-cai". "Se ocorrer com freqüência,
teremos que criar uma punição."
Outro ponto questionado pela
mais radical mudança na F-1 nos
últimos anos é a subjetividade para decidir se um carro poderá trocar pneus na prova. O artigo 74
diz que só poderá ser trocado em
caso de furo ou "por legítimas razões de segurança". Há, aí, dois
problemas. O primeiro: a FIA só
analisará o pneu depois que ele tiver sido tirado do carro. O segundo: não há detalhe sobre punição.
"Pedirei uma parada nos boxes
de um minuto", disse Whitting,
sobre a possível pena. Mas ele não
fugiu da subjetividade ao explicar
os critérios para a troca de pneu:
"Teremos que ver caso a caso".
O primeiro aperitivo das regras
será servido no primeiro treino
oficial. Os pilotos entrarão um a
um na pista, seguindo a ordem inversa da classificação da última
prova -Juan Pablo Montoya,
vencedor do GP Brasil de 2004, será o último a marcar tempo.
O grid sairá no segundo treino
oficial, que começa quatro horas
antes da corrida, no domingo de
manhã -neste caso, às 20h de sábado (Brasília). Os pilotos irão à
pista mais uma vez para voltas
lançadas, na ordem inversa do
treino anterior. O grid será definido após a soma dos tempos.
Ontem, no treino livre, os pilotos de testes, que não se preocupam em poupar motor, se destacaram. O mais rápido foi Vitantonio Liuzzi (Red Bull), seguido por
Pedro de la Rosa (McLaren) e Ricardo Zonta (Toyota). Montoya
(McLaren), o titular mais bem colocado, foi quarto. Rubens Barrichello, o 12º, e Michael Schumacher não girou nenhuma volta. A
Minardi, sem aval para usar o carro de 2004, não participou.
NA TV - Primeiro treino oficial
para o GP da Austrália, na
Globo, ao vivo, às 23h
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