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TÊNIS
Confronto em Florianópolis a partir da próxima sexta reúne ícones do fair play, da caridade e dos esporte radicais
Rafter e Guga medem carisma na Davis
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir da próxima sexta-feira,
quando começa o confronto contra os australianos pelas quartas-de-final da Copa Davis-2001, Florianópolis terá a chance de assistir
um duelo com causas muito mais
nobres do que um vitória na quadra ou até mesmo um título.
Gustavo Kuerten, 24, e Patrick
Rafter, 28, principais estrelas da
série, são protagonistas de um
ranking que não mede resultados,
mas o comportamento dentro e
fora das quadras.
Os dois já mudaram marcações
de juízes que inicialmente os beneficiava. Em 1997, no Torneio de
Adelaide, o australiano apontou
um erro da arbitragem em um tie-break que acabou dando a vitória
para o russo Andrei Cherkasov.
Kuerten, apesar de reclamar
muito da arbitragem, coisa praticamente inexistente para Rafter,
também sempre aponta erros que
o beneficiam, como na final de
Roland Garros no ano passado,
contra o sueco Magnus Norman.
Junto com o fair play, os dois
principais duelistas da etapa catarinense da Copa Davis-2001 se
destacam pelo comportamento
politicamente correto e por frequentes ações de caridade.
Nesse ponto, Rafter, que tem oito irmãos, se destaca mais.
Em 1997, pelo câmbio de hoje,
doou quase R$ 400 mil para um
hospital de seu país após conquistar o Aberto dos EUA. No ano seguinte, com mais um título no
Grand Slam norte-americano, fez
a mesma doação para um hospital
infantil australiano.
Rafter também mantém uma
fundação, presidida por uma irmã, que ajuda crianças carentes.
No Brasil, Kuerten também dá
nome à uma fundação, que é tocada por sua mãe e tem como alvo
crianças deficientes.
Seu desempenho nas quadras
também garante dinheiro para
instituições de caridades. Por cada vitória, ele doa US$ 250, o que
já garantiu quase US$ 200 mil para essas entidades.
O comportamento dentro e fora
das quadras coloca Rafter e Kuerten entre os grandes premiados
por ajuda humanitária.
Nesse ponto, o australiano tem
um fato inusitado. Em toda a sua
carreira profissional, Rafter ganhou dez torneios individuais.
Já entre 1997 e 2000, recebeu o
mesmo número de prêmios fora
das quadras, todos de grande envergadura, como um concedido
pelo Comitê Olímpico Internacional pelo seu fair play.
Além do espírito esportivo e da
ajuda aos necessitados, o gosto
por esportes radicais une Rafter e
Kuerten, que em quadra têm estilos opostos -o primeiro é adepto
da tática saque e voleio enquanto
o segundo joga basicamente no
fundo da quadra.
O brasileiro adora surfar
-após conquistar o título da
Corrida dos Campeões no ano
passado trocou a recepção de
uma multidão em Florianópolis
pelas ondas do Havaí.
No Masters Series de Hamburgo do ano passado, o australiano
foi ainda mais longe no risco para
um atleta que fatura milhões de
dólares por temporada.
Em uma torre de televisão, Rafter saltou de bungee jump e filmou tudo com uma câmera, em
uma imagem que acabou escolhida como a melhor do dia pela rede
de notícias CNN.
Com estilos de vida tão próximos, Kuerten e Rafter são muito
próximos no circuito profissional. Para o confronto de Florianópolis, o australiano já disse que
confia no brasileiro para evitar
qualquer comportamento exagerado da torcida local.
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