São Paulo, quarta-feira, 04 de abril de 2001

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TÊNIS

Confronto em Florianópolis a partir da próxima sexta reúne ícones do fair play, da caridade e dos esporte radicais

Rafter e Guga medem carisma na Davis

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir da próxima sexta-feira, quando começa o confronto contra os australianos pelas quartas-de-final da Copa Davis-2001, Florianópolis terá a chance de assistir um duelo com causas muito mais nobres do que um vitória na quadra ou até mesmo um título.
Gustavo Kuerten, 24, e Patrick Rafter, 28, principais estrelas da série, são protagonistas de um ranking que não mede resultados, mas o comportamento dentro e fora das quadras.
Os dois já mudaram marcações de juízes que inicialmente os beneficiava. Em 1997, no Torneio de Adelaide, o australiano apontou um erro da arbitragem em um tie-break que acabou dando a vitória para o russo Andrei Cherkasov.
Kuerten, apesar de reclamar muito da arbitragem, coisa praticamente inexistente para Rafter, também sempre aponta erros que o beneficiam, como na final de Roland Garros no ano passado, contra o sueco Magnus Norman.
Junto com o fair play, os dois principais duelistas da etapa catarinense da Copa Davis-2001 se destacam pelo comportamento politicamente correto e por frequentes ações de caridade.
Nesse ponto, Rafter, que tem oito irmãos, se destaca mais.
Em 1997, pelo câmbio de hoje, doou quase R$ 400 mil para um hospital de seu país após conquistar o Aberto dos EUA. No ano seguinte, com mais um título no Grand Slam norte-americano, fez a mesma doação para um hospital infantil australiano.
Rafter também mantém uma fundação, presidida por uma irmã, que ajuda crianças carentes.
No Brasil, Kuerten também dá nome à uma fundação, que é tocada por sua mãe e tem como alvo crianças deficientes.
Seu desempenho nas quadras também garante dinheiro para instituições de caridades. Por cada vitória, ele doa US$ 250, o que já garantiu quase US$ 200 mil para essas entidades.
O comportamento dentro e fora das quadras coloca Rafter e Kuerten entre os grandes premiados por ajuda humanitária.
Nesse ponto, o australiano tem um fato inusitado. Em toda a sua carreira profissional, Rafter ganhou dez torneios individuais.
Já entre 1997 e 2000, recebeu o mesmo número de prêmios fora das quadras, todos de grande envergadura, como um concedido pelo Comitê Olímpico Internacional pelo seu fair play.
Além do espírito esportivo e da ajuda aos necessitados, o gosto por esportes radicais une Rafter e Kuerten, que em quadra têm estilos opostos -o primeiro é adepto da tática saque e voleio enquanto o segundo joga basicamente no fundo da quadra.
O brasileiro adora surfar -após conquistar o título da Corrida dos Campeões no ano passado trocou a recepção de uma multidão em Florianópolis pelas ondas do Havaí.
No Masters Series de Hamburgo do ano passado, o australiano foi ainda mais longe no risco para um atleta que fatura milhões de dólares por temporada.
Em uma torre de televisão, Rafter saltou de bungee jump e filmou tudo com uma câmera, em uma imagem que acabou escolhida como a melhor do dia pela rede de notícias CNN.
Com estilos de vida tão próximos, Kuerten e Rafter são muito próximos no circuito profissional. Para o confronto de Florianópolis, o australiano já disse que confia no brasileiro para evitar qualquer comportamento exagerado da torcida local.


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