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BASQUETE
O justiceiro
MELCHIADES FILHO
COLUNISTA DA FOLHA
Seria uma injustiça entregar o troféu de craque do ano
a Chauncey Billups. Não porque
ele ostente números de certa forma modestos (19 pontos e 8,7 assistências). Mas porque o Detroit,
dono da melhor campanha, tem
como trunfo justamente a qualidade dos cinco titulares. Como,
então, pinçar um deles? Ademais,
todos no clube sabem que o jogador mais distinto, aquele que de
fato desconstrói os rivais no ataque e na defesa, é o versátil ala-pivô Rasheed Wallace, e não o armador bamba nos corta-luzes.
Condecorar Elton Brand também seria uma injustiça. Até o
fim-de-semana ele era um dos
cinco únicos na NBA com mais de
20 pontos e 10 rebotes por partida.
Se no passado brilhava apenas
sob a tabela, agora o ala-pivô do
LA Clippers também se vira na
média distância. Mas, no fundo,
continua uma versão miniatura
(corpo, talento e coração) de Tim
Duncan. Neste ano, ele tem a sorte de gozar da companhia de Sam
Cassell. O armador, famoso por
resolver jogos parelhos, há dois
anos fez de Kevin Garnett (Minnesota) o "most valuable player".
Ninguém vai cair de novo nessa.
Tampouco seria justo premiar
os novos superstars do basquete.
LeBron James é o maior talento
(técnico e atlético) da NBA. Dá
até vergonha vê-lo destruir defesas como uma bola de boliche.
Não é verdade que ele não saiba
marcar, e as últimas semanas desautorizaram os tolos que o acusavam de pipocar nos segundos finais. Ainda assim, o ala não merece a taça. O Cleveland oscilou
demais ao longo da temporada e
vai terminar na faixa intermediária de classificação, o mínimo
que se esperava. E um MVP não
pode conviver com o mínimo...
O Miami do armador Dwyane
Wade também não foi além das
previsões. Sentiu a ausência de
Shaquille O'Neal (sem o pivô, o
aproveitamento cai muito), titubeou diante de adversários mais
poderosos e, nessa reta final, vê-se
acossado pelo New Jersey, um time capenga e barato. Wade muitas vezes lembra o Michael Jordan do início de carreira, pela explosão e repertório nas infiltrações. Mas chuta mal pra burro
(17,6% de três pontos) e nem de
longe exerce a liderança do ídolo.
O time de um legítimo MVP
tem de exceder expectativas. Por
isso, para ser justa, a corrida deveria ficar restrita a três outros
nomes: o armador canadense Steve Nash, que alçou o desacreditado Phoenix a uma posição de destaque na tabela; o cestinha Kobe
Bryant, que sozinho devolve o LA
Lakers aos playoffs; e o ala-pivô
alemão Dirk Nowitzki, responsável pelo campeonato de transformação e superação do Dallas.
Já escrevi que Nash não registra
apenas os melhores números de
sua carreira. Líder em assistências da NBA, ele também ajuda
seis colegas meia-boca a bater recordes pessoais. Mas há um senão
contra ele. Para quê definir uma
justa tão acirrada em favor de um
jogador que recebeu injustamente esse prêmio em 2005? (Shaq devia ter sido o MVP então.) Aqui, a
meu ver, um erro justifica o outro.
Kobe ou Nowitzki, então, deveriam ganhar. Qual deles? Dê-me
mais uma semana. Fazer justiça
com as próprias mãos não é fácil.
Melhores 1
Minha seleção do campeonato formaria com Nash, Kobe, LeBron,
Brand e Nowitzki. Os reservas teriam Billups, Wade, Carmelo Anthony (Denver), Shawn Marion (Phoenix) e Tim Duncan (San Antonio). Meu terceiro time jogaria com Tony Parker (San Antonio),
Allen Iverson (Philadelphia), Vince Carter (New Jersey), Paul Pierce
(Boston) e Yao Ming (Houston). E aí? Pisei na bola?
Melhores 2
O treinador do ano? O estreante Avery Johnson, que convenceu o
Dallas a se defender. O calouro? Chris Paul (New Orleans). O melhor
jogador defensivo? Pensei em votar em Bruce Bowen (San Antonio),
mas vou de Shane Battier (Memphis). O jogador que mais evoluiu?
Tony Parker, por razões intra (FG%) e extraquadra (Eva Longoria!).
E-mail melk@uol.com.br
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