São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002

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FUTEBOL

Secretário-geral renova denúncias e pede uma investigação criminal

Fifa é caso de polícia, diz ex-braço direito de Blatter

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O secretário-geral da Fifa, Michel Zen-Ruffinen, afirmou ontem em Zurique que a entidade maior do futebol ""deve ser alvo de uma investigação criminal".
Na reunião do Comitê Executivo, o ex-braço direito de Joseph Blatter não o poupou de críticas e de denúncias de corrupção.
Num dossiê de 30 páginas, Zen-Ruffinen acusa-o de malversação dos recursos da entidade e de participação na tentativa de compra de votos de pelo menos dois delegados -um africano e um caribenho- nas eleições de 1998. "Não entrarei em detalhes, mas há indícios de que pelo menos dois votos foram comprados."
Na reunião do Comitê Executivo, que tem 24 integrantes, o secretário-geral acusou dois deles de participação direta no processo de suborno a dois dos delegados que votaram em 1998, quando Blatter, braço direito de João Havelange, sucedeu o brasileiro na Fifa ao bater o sueco Lennart Johansson. Blatter teria concordado com a operação.
Zen-Ruffinen disse ainda que a conduta do presidente no processo de falência da ISL, ex-parceira de marketing da Fifa, também deve ser investigada. A federação teria perdido mais de US$ 400 milhões com a quebra da empresa.
Durante a reunião, cinco dos sete vice-presidentes da Fifa pediram a renúncia de Blatter, que se recusou a entregar o cargo -ele é candidato à reeleição contra o camaronês Issa Hayatou, dia 29.
Um deles foi o sul-coreano Chung Mong-joon. Segundo uma das pessoas presentes ao evento, que pediu para não ser identificada, o dirigente saiu no meio do encontro e, além de dizer publicamente que a Fifa está perdendo sua credibilidade, questionou sua real situação.
A entidade teria feito empréstimos bancários superiores a US$ 200 milhões, que espera bancar com os lucros da Copa-2002. Só que, como disse Mong-joon, "os lucros são hipotéticos, ainda mais agora que o grupo Kirch [detentor dos direitos de TV] quebrou".
Após a reunião, que durou 10 horas e quinze minutos, Blatter, demonstrando abatimento, participou de uma coletiva de imprensa ao lado de Zen-Ruffinen. Em seguida, o secretário-geral deu mais declarações à mídia num hotel próximo da Fifa, mas sem a presença da assessoria de imprensa da entidade, cuja participação foi vetada pelo presidente.


Com agências internacionais



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