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FUTEBOL
Entidade presidida por Eduardo José Farah altera procedimento de arrecadação do Rio-SP e irrita são-paulinos
Liga retém dinheiro de ingressos da final
RICARDO PERRONE
EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL
Às vésperas da decisão do principal do torneio regional do país, a
Liga Rio-SP decidiu reter em seus
cofres o dinheiro arrecadado com
a venda de ingressos para as finais. A medida causou indignação nos dirigentes do São Paulo.
Já a diretoria do Corinthians, o
outro finalista, afirma não saber
da mudança, pois quem cuida da
bilheteria de seus jogos é o parceiro do clube, o fundo HMTF.
Os dois clubes, que começam a
decidir o Rio-SP amanhã, foram
informados verbalmente anteontem de que o dinheiro obtido com
a venda antecipada de bilhetes deveria ser entregue à Liga, o que representa uma mudança de procedimento da entidade.
Até então, o dinheiro ficava com
as equipes e, depois do jogo, era
dividido, descontando-se as despesas. Eram enviados à Liga apenas 5% da renda, referentes à taxa
cobrada pela entidade presidida
por Eduardo José Farah.
A Liga não informou quando
repassará o dinheiro da renda aos
clubes, o que desagradou aos dirigentes são-paulinos, apesar de
eles evitarem criticar publicamente a decisão.
Conselheiros do São Paulo, que
pediram para não serem identificados, reclamaram que a Liga ficaria com o dinheiro, podendo
aplicá-lo, enquanto o clube não
poderia usar a receita para pagar
os seus compromissos.
Ontem, no começo da tarde, os
clubes receberam um comunicado oficial, por fax, de que o dinheiro ficaria retido. Só então, a
Liga explicou a eles o motivo da
mudança de procedimento.
O fax informava que "por motivos de segurança, a arrecadação
da venda dos ingressos será recolhida de hora em hora por uma
pessoa credenciada pela Liga".
Mas o documento também não
esclareceu quando o dinheiro ficará à disposição dos clubes.
A receita obtida com a venda de
bilhetes no domingo também deverá ser entregue à entidade.
Antes de seu clube receber o fax
da Liga, o presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa, havia dito que exigira que a ordem
fosse passada por escrito.
"Quero saber primeiro os motivos da mudança para depois analisar a situação. Mas para os clubes seria melhor já ficar com o dinheiro", afirmou Gouvêa.
O São Paulo só recebeu o fax assinado por Farah após ter exigido
a orientação por escrito.
De acordo com interlocutores
do presidente são-paulino, ele enviará na segunda-feira um documento à Liga pedindo para que a
sua parte na renda do jogo seja
depositada imediatamente.
Já no time do Parque São Jorge,
o dinheiro arrecadado nos jogos
fica com a Corinthians Licenciamentos (empresa formada pela
parceria HMTF/Corinthians).
"Nós não nos envolvemos nessa
questão [bilheteria", mas o dinheiro dos jogos têm sido depositado normalmente", afirmou o vice de finanças corintiano, Carlos
Roberto de Mello.
A Folha apurou que na quinta-feira, antes mesmo de ter recebido
a ordem de Farah por escrito, o
São Paulo entregou à entidade o
dinheiro obtido por ele no primeiro dia de venda antecipada.
No Pacaembu e no Morumbi
foram arrecadados cerca de R$ 40
mil, anteontem.
São Paulo e Corinthians fizeram
um acordo para dividirem igualmente as rendas dos dois jogos da
decisão. Foram colocados à venda
74 mil ingressos para a partida de
amanhã. As despesas também serão divididas igualmente.
Da renda, é tirado o dinheiro
para pagar a taxa de exame antidoping, os seguranças, os porteiros e os bilheteiros.
Antes da mudança realizada pela Liga, esses descontos eram feitos pelos próprios clubes. Agora a
função será da entidade.
Por fax, como exigiu a assessoria de Farah para atender a reportagem, a Folha questionou o dirigente sobre o assunto, mas não
obteve resposta.
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