São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002

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FUTEBOL

Entidade presidida por Eduardo José Farah altera procedimento de arrecadação do Rio-SP e irrita são-paulinos

Liga retém dinheiro de ingressos da final

RICARDO PERRONE
EDUARDO ARRUDA


DA REPORTAGEM LOCAL

Às vésperas da decisão do principal do torneio regional do país, a Liga Rio-SP decidiu reter em seus cofres o dinheiro arrecadado com a venda de ingressos para as finais. A medida causou indignação nos dirigentes do São Paulo.
Já a diretoria do Corinthians, o outro finalista, afirma não saber da mudança, pois quem cuida da bilheteria de seus jogos é o parceiro do clube, o fundo HMTF.
Os dois clubes, que começam a decidir o Rio-SP amanhã, foram informados verbalmente anteontem de que o dinheiro obtido com a venda antecipada de bilhetes deveria ser entregue à Liga, o que representa uma mudança de procedimento da entidade.
Até então, o dinheiro ficava com as equipes e, depois do jogo, era dividido, descontando-se as despesas. Eram enviados à Liga apenas 5% da renda, referentes à taxa cobrada pela entidade presidida por Eduardo José Farah.
A Liga não informou quando repassará o dinheiro da renda aos clubes, o que desagradou aos dirigentes são-paulinos, apesar de eles evitarem criticar publicamente a decisão.
Conselheiros do São Paulo, que pediram para não serem identificados, reclamaram que a Liga ficaria com o dinheiro, podendo aplicá-lo, enquanto o clube não poderia usar a receita para pagar os seus compromissos.
Ontem, no começo da tarde, os clubes receberam um comunicado oficial, por fax, de que o dinheiro ficaria retido. Só então, a Liga explicou a eles o motivo da mudança de procedimento.
O fax informava que "por motivos de segurança, a arrecadação da venda dos ingressos será recolhida de hora em hora por uma pessoa credenciada pela Liga".
Mas o documento também não esclareceu quando o dinheiro ficará à disposição dos clubes.
A receita obtida com a venda de bilhetes no domingo também deverá ser entregue à entidade.
Antes de seu clube receber o fax da Liga, o presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa, havia dito que exigira que a ordem fosse passada por escrito.
"Quero saber primeiro os motivos da mudança para depois analisar a situação. Mas para os clubes seria melhor já ficar com o dinheiro", afirmou Gouvêa.
O São Paulo só recebeu o fax assinado por Farah após ter exigido a orientação por escrito.
De acordo com interlocutores do presidente são-paulino, ele enviará na segunda-feira um documento à Liga pedindo para que a sua parte na renda do jogo seja depositada imediatamente.
Já no time do Parque São Jorge, o dinheiro arrecadado nos jogos fica com a Corinthians Licenciamentos (empresa formada pela parceria HMTF/Corinthians).
"Nós não nos envolvemos nessa questão [bilheteria", mas o dinheiro dos jogos têm sido depositado normalmente", afirmou o vice de finanças corintiano, Carlos Roberto de Mello.
A Folha apurou que na quinta-feira, antes mesmo de ter recebido a ordem de Farah por escrito, o São Paulo entregou à entidade o dinheiro obtido por ele no primeiro dia de venda antecipada.
No Pacaembu e no Morumbi foram arrecadados cerca de R$ 40 mil, anteontem.
São Paulo e Corinthians fizeram um acordo para dividirem igualmente as rendas dos dois jogos da decisão. Foram colocados à venda 74 mil ingressos para a partida de amanhã. As despesas também serão divididas igualmente.
Da renda, é tirado o dinheiro para pagar a taxa de exame antidoping, os seguranças, os porteiros e os bilheteiros.
Antes da mudança realizada pela Liga, esses descontos eram feitos pelos próprios clubes. Agora a função será da entidade.
Por fax, como exigiu a assessoria de Farah para atender a reportagem, a Folha questionou o dirigente sobre o assunto, mas não obteve resposta.


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