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MOTOR
Passeio
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Schumacher teve um desempenho acachapante em
Barcelona. Barrichello não conseguiu largar. Montoya salvou a
Williams de um fiasco maior.
Coulthard salvou-se do próprio
fiasco. O alemão está absolutamente só na corrida pelo título.
De certa forma responsáveis pelo domínio ferrarista, Williams e
McLaren buscaram razões diferentes para a impotência: a primeira admitiu que vai trabalhar
na aproximação do desenho de
seu carro com o do F2002 -já teria até encomendado uma mini
caixa de câmbio a uma empresa
alemã-, a segunda veladamente
aponta o dedo para os inexplicáveis motores da Mercedes.
Problemas diferentes, soluções
diferentes. O que há de comum
nas duas situações é apenas a Michelin, que no início do ano parecia ter descoberto a pólvora. A
Bridgestone descobriu então que
a pólvora poderia estar fora do regulamento, ganhou tempo com
várias ameaças de protesto, colocou seu departamento de desenvolvimento para trabalhar e, finalmente, equilibrou o jogo a
partir de Interlagos.
Não fosse isso suficiente, as duas
escuderias demonstraram rapidamente que boa parte de seus
respectivos pacotes estava alicerçado muito mais no desempenho
dos pneus do que em qualquer
outro item. A verdade do Mundial logo se restabeleceu. A Michelin já tinha avisado, poucos
queriam ouvir, nenhum de seus
pilotos será campeão este ano.
Claro, ninguém quer ouvir que
Schumacher caminha tranquilo
para o quinto título. Isso diminui
o interesse e a audiência. Assistir
Schumacher ganhar não é chato.
Chato é ver ele fazer isso sozinho,
sem disputa, sem trabalho, sem
polêmica. E a coisa fica ainda
mais chata quando se percebe
que o sujeito tem adversários
reais, mas que estes não têm carro
para duelar. Essa é a diferença
desta temporada para a de 1995,
quando Hill não conseguiu ser
um duelista. E se aquele campeonato foi um passeio, este ano, pelo
que tudo indica, será outro.
BAR e Jordan ainda não marcaram pontos neste campeonato.
Uma das duas deve perder o fornecimento da Honda no ano que
vem. Será no máximo cliente, ou
seja, terá que pagar pelos motores. Na atual crise, no entanto, tal
informação já tem outro peso,
bem mais catastrófico: quem perder o fornecimento vai simplesmente fechar as portas.
Dizem que vai ser a Jordan, mas
isso ainda é apenas boato. Outras
estimativas apontam para pelo
menos quatro times dos atuais 11
falindo. Os citados não confirmam, mas aproveitam para fazer
lobby: se os testes não forem proibidos, vão fechar mesmo.
Algumas possibilidades, porém,
estão em estudo. Uma delas seria
a permissão para que os times testassem na véspera de cada GP no
próprio circuito que abriga o
evento. Só que essa discussão deve
levar tempo. Não se sabe se as nanicas dispõem desse tempo.
Felipe Massa fez mais uma boa
corrida em Barcelona. Premiou
quem se manteve à frente da TV
apesar do prematuro abandono
de Barrichello. Foi tratado como
estrela no "Fantástico": a torcida
do pai no alambrado, o beijo da
mãe, a típica confiança tímida de
garoto, o sorriso ingênuo. Se o
Brasil precisa de um novo herói,
Massa já é o perfeito candidato.
Frases
"É incrível, parece que toda má sorte da Ferrari recai apenas sobre
Barrichello", de Patrick Head, após Barcelona. "Está mais difícil do
que eu imaginava", de Adrian Newey, após o show de Schumacher
na Catalunha. "Não adianta melhorar isso ou aquilo, tem que melhorar tudo", de Gerhard Berger, ao comentar o redesenho do
FW24. A verdade é que Berger já jogou a toalha. A Williams sonha
com o Mundial de Construtores. A McLaren nem isso.
Chances
Cristiano da Matta (Indy) e Hélio Castro Neves (IRL) vão ganhar
testes com um modelo de F-1 da Toyota. Excelente oportunidade
para dois pilotos que contam com grande cartaz nos Estados Unidos e quase nenhum na Europa. Da Matta foi absolutamente honesto ao comentar o convite da montadora japonesa: "Diante da atual situação do automobilismo americano, é uma oportunidade que não se pode desprezar".
E-mail mariante@uol.com.br
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