São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002

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MOTOR

Passeio

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Schumacher teve um desempenho acachapante em Barcelona. Barrichello não conseguiu largar. Montoya salvou a Williams de um fiasco maior. Coulthard salvou-se do próprio fiasco. O alemão está absolutamente só na corrida pelo título.
De certa forma responsáveis pelo domínio ferrarista, Williams e McLaren buscaram razões diferentes para a impotência: a primeira admitiu que vai trabalhar na aproximação do desenho de seu carro com o do F2002 -já teria até encomendado uma mini caixa de câmbio a uma empresa alemã-, a segunda veladamente aponta o dedo para os inexplicáveis motores da Mercedes.
Problemas diferentes, soluções diferentes. O que há de comum nas duas situações é apenas a Michelin, que no início do ano parecia ter descoberto a pólvora. A Bridgestone descobriu então que a pólvora poderia estar fora do regulamento, ganhou tempo com várias ameaças de protesto, colocou seu departamento de desenvolvimento para trabalhar e, finalmente, equilibrou o jogo a partir de Interlagos.
Não fosse isso suficiente, as duas escuderias demonstraram rapidamente que boa parte de seus respectivos pacotes estava alicerçado muito mais no desempenho dos pneus do que em qualquer outro item. A verdade do Mundial logo se restabeleceu. A Michelin já tinha avisado, poucos queriam ouvir, nenhum de seus pilotos será campeão este ano.
Claro, ninguém quer ouvir que Schumacher caminha tranquilo para o quinto título. Isso diminui o interesse e a audiência. Assistir Schumacher ganhar não é chato. Chato é ver ele fazer isso sozinho, sem disputa, sem trabalho, sem polêmica. E a coisa fica ainda mais chata quando se percebe que o sujeito tem adversários reais, mas que estes não têm carro para duelar. Essa é a diferença desta temporada para a de 1995, quando Hill não conseguiu ser um duelista. E se aquele campeonato foi um passeio, este ano, pelo que tudo indica, será outro.

BAR e Jordan ainda não marcaram pontos neste campeonato. Uma das duas deve perder o fornecimento da Honda no ano que vem. Será no máximo cliente, ou seja, terá que pagar pelos motores. Na atual crise, no entanto, tal informação já tem outro peso, bem mais catastrófico: quem perder o fornecimento vai simplesmente fechar as portas.
Dizem que vai ser a Jordan, mas isso ainda é apenas boato. Outras estimativas apontam para pelo menos quatro times dos atuais 11 falindo. Os citados não confirmam, mas aproveitam para fazer lobby: se os testes não forem proibidos, vão fechar mesmo.
Algumas possibilidades, porém, estão em estudo. Uma delas seria a permissão para que os times testassem na véspera de cada GP no próprio circuito que abriga o evento. Só que essa discussão deve levar tempo. Não se sabe se as nanicas dispõem desse tempo.

Felipe Massa fez mais uma boa corrida em Barcelona. Premiou quem se manteve à frente da TV apesar do prematuro abandono de Barrichello. Foi tratado como estrela no "Fantástico": a torcida do pai no alambrado, o beijo da mãe, a típica confiança tímida de garoto, o sorriso ingênuo. Se o Brasil precisa de um novo herói, Massa já é o perfeito candidato.

Frases
"É incrível, parece que toda má sorte da Ferrari recai apenas sobre Barrichello", de Patrick Head, após Barcelona. "Está mais difícil do que eu imaginava", de Adrian Newey, após o show de Schumacher na Catalunha. "Não adianta melhorar isso ou aquilo, tem que melhorar tudo", de Gerhard Berger, ao comentar o redesenho do FW24. A verdade é que Berger já jogou a toalha. A Williams sonha com o Mundial de Construtores. A McLaren nem isso.

Chances
Cristiano da Matta (Indy) e Hélio Castro Neves (IRL) vão ganhar testes com um modelo de F-1 da Toyota. Excelente oportunidade para dois pilotos que contam com grande cartaz nos Estados Unidos e quase nenhum na Europa. Da Matta foi absolutamente honesto ao comentar o convite da montadora japonesa: "Diante da atual situação do automobilismo americano, é uma oportunidade que não se pode desprezar".

E-mail mariante@uol.com.br



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