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blindagem
Por meninos, Santos até "marca" pais
Para o mandatário do clube alvinegro suas revelações podem ganhar muito mais dinheiro se permanecerem na Vila
Presidente fala de pacote para manter jovens, que inclui conversa com os pais, aumento salarial e ainda bonificações em dinheiro
EDUARDO ARRUDA
DO PAINEL FC
LUCAS REIS
DA REPORTAGEM LOCAL
Para evitar que a nova geração dos meninos da Vila tenha
vida curta no Santos, o clube
prepara um pacote de ações
que inclui aumentar salários,
tornar jogadores parceiros em
negócios, ter longas conversas
com os pais dos garotos e, se necessário, até acionar a Justiça.
As medidas mostram que o
time do litoral está disposto a
lutar com todas as armas contra o que chama de "saída precoce" de seus talentos e que é
defendida por seus parceiros
comerciais, como a empresa
DIS, braço do grupo Sonda, que
tem direitos sobre mais de 20
jogadores santistas, como Neymar e Paulo Henrique Ganso.
Como segurá-los? "Com dinheiro e papo", responde o presidente do clube, Luis Alvaro de
Oliveira Ribeiro, em entrevista
concedida ontem à Folha.
"Vamos conversar com os
pais dos garotos e mostrar que,
se esperarem um pouco para
sair do Santos, ficarão muito
mais ricos", disse o mandatário, que revelou uma conversa
de 40 minutos com os pais de
Ganso logo após a decisão do
Estadual, em que o jogador de
20 anos foi o destaque do time.
E o papo com os pais está
rendendo, conta o cartola.
"Eles entenderam que se o garoto fica mais tempo aqui, estará mais feliz, com mais direitos
conquistados e com mais chances de, quando chegar à Europa, impor melhores condições.
É uma receita simples", diz.
"Se você plantar um pé de café hoje, não adianta botar o melhor adubo do mundo: o café só
vai produzir frutos depois de
três anos. Jogador com 18 anos
precisa amadurecer, pavimentar o seu caminho de volta também. Quando ele sai como ídolo, identificado com a torcida,
volta com lugar garantido neste time. Foi o que aconteceu
com o Robinho", compara.
Além do trabalho com os responsáveis pelos garotos, o Santos também adotou medidas financeiras. André, Ganso e Neymar ganharam um aumento
salarial -o último viu sua multa rescisória crescer para 35
milhões (cerca de R$ 100 mi).
O clube também adotou um
sistema de recompensas financeiras para, segundo Luis Alvaro, incentivá-los. "Conseguimos trazê-los ao teto salarial
do clube com bonificações por
convocações [à seleção] e conquista de títulos, para estimulá-los a jogar aqui. Isso deixou
os meninos satisfeitos, ganhando um bom dinheiro", afirmou.
O "papo" também é esperado
com o parceiro. Segundo o presidente santista, dois funcionários da DIS já o avisaram que
Delcir Sonda, dono da empresa, quer uma reunião para conversar sobre as revelações.
"Tive um único encontro
com ele. Me pareceu um ganhador de dinheiro típico. Que
sempre encontrou um interlocutor. E agora está encontrando alguém que conhece fluxo
de caixa, eu sei o que é taxa de
retorno", conta. "Temos condições de acertar tudo amigavelmente", declarou Luis Alvaro.
"A segunda alternativa é entrar na Justiça", revela o presidente. "Embora ele [o grupo
DIS] formalmente esteja coberto, porque botou dinheiro
mesmo e recebeu parte desses
direitos econômicos, o juiz, se
for subjacente, vai dar ganho
de causa para nós, pois vai ver
que é um contrato leonino."
Luis Alvaro defende a ideia,
rejeitada pela DIS, de que o clube deve ter ao menos 80% dos
direitos dos atletas da base.
"Reduzir tão drasticamente a
participação há de ser recebido
com apupo. Mas o clube é
quem investe poderosamente
na formação. Paga médicos, fisioterapia, comida, tratamento, visibilidade, treinador."
Sobre seus meninos no Mundial, o mandatário afirma que,
como cartola, não quer ver
Neymar e Ganso na Copa. "Afinal, não quero vendê-los." Mas
logo recua. "Como torcedor,
sim, quero vê-los na África."
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