São Paulo, domingo, 04 de junho de 2000


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FUTEBOL
Sob o comando de Wanderley Luxemburgo, time tem desempenho fraco em jogos realizados na casa do adversário
Brasil enfrenta fantasma do campo rival

Antônio Gaudério/Folha Imagem
O atacante Rivaldo faz exercício com bola durante treino da seleção brasileira para o jogo de hoje pelas eliminatórias da Copa-2002


DO ENVIADO A LIMA E

DA REPORTAGEM LOCAL

Se o técnico do Peru, o colombiano Francisco Maturana, considera a seleção brasileira um fantasma a ser desmistificado hoje, o time de Wanderley Luxemburgo também tem uma assombração a superar: o campo adversário.
Além de buscar mostrar um futebol convincente, o que não ocorreu até agora nas eliminatórias (empatou sem gols com a Colômbia, em Bogotá, e bateu o Equador por 3 a 2, em São Paulo), o Brasil tentará reverter o sofrível desempenho apresentado em partidas na casa dos rivais desde que Luxemburgo assumiu, em agosto de 1998, logo após o vice-campeonato da Copa da França.
Nessas circunstâncias, a seleção principal já fez 11 jogos, vencendo três, empatando cinco e perdendo três, um aproveitamento de 42% de pontos, baixíssimo em se tratando de Brasil. Detalhe: as vitórias foram contra seleções totalmente inexpressivas no cenário mundial -País de Gales (101º no ranking da Fifa, liderado pelo Brasil), Tailândia (à época 65ª) e Japão (então 37º).
As três derrotas foram para Coréia do Sul (0 a 1), Argentina (0 a 2) e México (3 a 4), esta na final da Copa das Confederações de 1999, na capital mexicana, quando o treinador escalou a equipe com três volantes de características mais defensivas.
A estatística configura um problema quando começam a ser feitas comparações. Primeiro, com a performance do antecessor de Luxemburgo em partidas no campo do adversário: em 19 jogos reconhecidos pela Fifa como oficiais, o Brasil de Zagallo venceu 12, empatou 4 e perdeu 3, aproveitamento de 70%.
Depois, com o retrospecto da própria seleção de Luxemburgo nos confrontos em casa ou em campo neutro.
No primeiro caso (disputas no Brasil), foram sete partidas, com cinco vitórias e dois empates (81% de aproveitamento).
Já em terreno neutro, como ocorreu na conquista da Copa América do Paraguai, sem a pressão de torcedores a favor nem contra, a performance é impecável: 11 jogos, 11 vitórias.
A partida de hoje será a 44ª do Brasil sob o comando de Wanderley Luxemburgo. Destas, 14 foram com a seleção pré-olímpica, não tendo sido contabilizadas no levantamento.
O bom momento do Peru (que, nas eliminatórias, bateu o Paraguai em casa e empatou com o Chile em Santiago) é um dos obstáculos a serem superados pela seleção. Mas o apoio maciço da fanática torcida local também fará diferença -os 45 mil ingressos colocados à venda se esgotaram.
A seleção peruana divide o segundo lugar das eliminatórias com o Brasil -cada equipe tem quatro pontos, mas o Peru leva vantagem no saldo de gols.
O treinador brasileiro evitou conversar com a reportagem da Folha, pois estava irritado com a publicação, pelo jornal, de uma gafe que cometeu na última quinta-feira, na Granja Comary, em Teresópolis.
Ao justificar a sua mudança de opinião no caso de Ronaldinho e da liberação dos jogadores, Luxemburgo recorreu à literatura. Citou uma máxima ("Só os imbecis não voltam atrás") que atribuiu ao "francês" Goethe -na verdade, o autor de "Fausto" e "Werther" era alemão.
A gafe foi corrigida pelo técnico, por intermédio da assessoria de imprensa da seleção, instantes após ter sido cometida.
Além de espantar o estigma de cair de produção no terreno inimigo, o time de Luxemburgo tem outro desafio hoje: manter uma invencibilidade que já dura 40 jogos e quase sete anos.
O Brasil não perde uma partida oficial para uma seleção sul-americana desde julho de 1993, quando foi derrotado por 2 a 0 pela Bolívia em La Paz, nas eliminatórias para a Copa-94 -na única vez que foi batido em um qualificatório para um Mundial.
Nesse período, conquistou a Copa América, a principal competição da região, por duas vezes, em 1997 e 1999.

Folha-seca
Brasil e Peru não se enfrentam pelas eliminatórias para uma Copa do Mundo desde 21 de abril de 1957, quando o time nacional, então dirigido por Oswaldo Brandão, venceu por 1 a 0, no estádio do Maracanã.
O gol brasileiro foi marcado pelo meio-campista Didi, em uma cobrança de falta em que a bola descreveu uma curva no ar e encobriu o goleiro, enganando-o.
O lance, uma marca registrada de Didi ao longo da história, foi batizado e consagrado como "folha-seca". (FÁBIO VICTOR E PAULO COBOS) NA TV - Globo, Bandeirantes e PSN, ao vivo, às 17h15 (horário de Brasília)



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