São Paulo, domingo, 04 de junho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Partida em Lima tromba com política

LUCAS FIGUEIREDO
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

Futebol e política trombaram nesta semana no Peru. A data do jogo entre as seleções brasileira e peruana acabou se tornando um obstáculo para diplomatas locais e estrangeiros que negociavam uma solução para a crise no país.
O problema começou há cerca de 20 dias, quando a missão da OEA (Organização dos Estados Americanos) que monitorava a eleição para a Presidência do Peru sugeriu que o segundo turno (marcado para o dia 28 de maio) fosse adiado por causa das deficiências do sistema eleitoral.
Uma das possibilidades era postergá-lo para hoje -justamente o dia de Peru x Brasil. Entretanto, a data acabou sendo descartada por motivos de segurança nacional.
O governo peruano temia que os 43.750 torcedores que lotarão o Estádio Nacional, próximo ao centro de Lima, se transformassem em manifestantes contrários ao governo de Alberto Fujimori.
Sua provável vitória -contestada interna e externamente por denúncias de fraudes- e uma possível goleada do Brasil seriam emoção demais para os peruanos num único dia, avaliaram os diplomatas.
A data do segundo turno da eleição acabou sendo mantida para 28 de maio. Sem adversários e com violentos protestos nas ruas, Fujimori venceu.
Em relação ao jogo de hoje, a torcida peruana tem poucas esperanças de ver uma vitória da sua seleção. Mas tem vibrado com a possibilidade de ver em ação "El Animal", como o atacante Edmundo é conhecido no país.
Para barrar "El Animal", os peruanos contavam com "El Coyote", apelido do zagueiro Julio Rique. Mas, na última quarta-feira, o jogador foi cortado por causa de uma inflamação nos ligamentos da perna esquerda.
O futebol é uma das paixões dos peruanos. E a seleção brasileira, um mito. "Uma vitória hoje seria um milagre. Seria um alento para o país nesse momento tão triste na nossa história política", afirmou o garçom Eduardo Flores.
Os ingressos para o jogo foram vendidos em poucas horas. A maioria ficou com cambistas, que tiveram lucro de até 300%, revendendo os mais baratos, comprados por US$ 9 por US$ 35.


Texto Anterior: Sorteio define chaves de Sydney
Próximo Texto: Cubillas aposta em fator extracampo para vencer o Brasil
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.