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Partida em Lima tromba com política
LUCAS FIGUEIREDO
ENVIADO ESPECIAL A LIMA
Futebol e política trombaram
nesta semana no Peru. A data do
jogo entre as seleções brasileira e
peruana acabou se tornando um
obstáculo para diplomatas locais
e estrangeiros que negociavam
uma solução para a crise no país.
O problema começou há cerca
de 20 dias, quando a missão da
OEA (Organização dos Estados
Americanos) que monitorava a
eleição para a Presidência do Peru
sugeriu que o segundo turno
(marcado para o dia 28 de maio)
fosse adiado por causa das deficiências do sistema eleitoral.
Uma das possibilidades era postergá-lo para hoje -justamente o
dia de Peru x Brasil. Entretanto, a
data acabou sendo descartada por
motivos de segurança nacional.
O governo peruano temia que
os 43.750 torcedores que lotarão o
Estádio Nacional, próximo ao
centro de Lima, se transformassem em manifestantes contrários
ao governo de Alberto Fujimori.
Sua provável vitória -contestada interna e externamente por
denúncias de fraudes- e uma
possível goleada do Brasil seriam
emoção demais para os peruanos
num único dia, avaliaram os diplomatas.
A data do segundo turno da
eleição acabou sendo mantida para 28 de maio. Sem adversários e
com violentos protestos nas ruas,
Fujimori venceu.
Em relação ao jogo de hoje, a
torcida peruana tem poucas esperanças de ver uma vitória da sua
seleção. Mas tem vibrado com a
possibilidade de ver em ação "El
Animal", como o atacante Edmundo é conhecido no país.
Para barrar "El Animal", os peruanos contavam com "El Coyote", apelido do zagueiro Julio Rique. Mas, na última quarta-feira,
o jogador foi cortado por causa de
uma inflamação nos ligamentos
da perna esquerda.
O futebol é uma das paixões dos
peruanos. E a seleção brasileira,
um mito. "Uma vitória hoje seria
um milagre. Seria um alento para
o país nesse momento tão triste
na nossa história política", afirmou o garçom Eduardo Flores.
Os ingressos para o jogo foram
vendidos em poucas horas. A
maioria ficou com cambistas, que
tiveram lucro de até 300%, revendendo os mais baratos, comprados por US$ 9 por US$ 35.
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