São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2001

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ADMINISTRAÇÃO

Salários vantajosos seduzem jogadores do vôlei e do basquete

Crise motiva migração de atletas do Brasil ao exterior

ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA LAJOLO


DA REPORTAGEM LOCAL

A solução para o esporte brasileiro parece estar no aeroporto. Com salários atrasados, fuga de patrocínios e alta do dólar, vários atletas do basquete e do vôlei estão deixando o país em busca de melhores oportunidades no exterior. O processo atinge também o futsal (ler texto abaixo).
Antes, graças às boas verbas e às parcerias milionárias dos clubes de futebol, o país trazia vários estrangeiros para disputar a Superliga de vôlei e o Nacional de basquete. Agora, além de perder os reforços de fora, está exportando atletas brasileiros.
O basquete feminino é um bom exemplo. Graças aos bons resultados da seleção nos últimos torneios internacionais, o país nunca exportou tantas jogadoras.
Do elenco que foi medalha de bronze na Olimpíada de Sydney, no ano passado, oito atletas estão no exterior. O país está com seis jogadoras na WNBA, o maior número de brasileiras desde o início da liga norte-americana, em 1997: Janeth (Houston Comets), Claudinha e Kelly (Detroit Shock), Helen (Washington Mystics), Alessandra (Seattle Storm) e Cíntia Tuiú (Orlando Miracle).
Além delas, a armadora Adrianinha está fazendo testes no Phoenix Mercury e pode reforçar o grupo de brasileira nos EUA.
Para completar, a ala Adriana assinou com o Lattes Maurin, de Montpellier (França).
"Sempre sonhei em jogar no exterior. Nesta época difícil que estamos vivendo, acho que fiz o melhor", disse Adriana, que viaja à França em setembro.
Normalmente, as brasileiras voltavam para o país depois da temporada da WNBA. Neste ano a tendência é outra. Alessandra, Adrianinha e Cíntia Tuiú já atuam na liga italiana. Claudinha e Janeth podem ir para a Espanha.
"Minha prioridade é continuar no Vasco. Caso não tenha uma boa proposta, vou ver outras possibilidades", afirmou Janeth, que ainda não recebeu três meses de salário no clube carioca.
Para alguns atletas de vôlei, o destino será o Japão. Desde a temporada 1996/1997, quando seis brasileiros atuaram em quadras japonesas, o Brasil não exportava tantos jogadores para o país.
Este ano, cinco atletas estão fazendo as malas: Anderson (NEC), Nalbert (Panasonic), Axé (Toray), Gílson (Suntory) e Max (Toyota). Além deles, o levantador Marcelinho tem proposta do Japão.
A liga japonesa conta com oito equipes na primeira divisão. Cada time pode ter só um estrangeiro.
Para fugir da instabilidade financeira que viveu no Vasco, Max decidiu se aventurar na segunda divisão do Campeonato Japonês.
"Faltou profissionalismo do Vasco. Fiquei seis meses sem receber salário", disse o jogador.
"Meu contrato é em dólar. Isso também pesou na decisão. Eu tenho 31 anos e não sou mais um menino", completou.
A alta do dólar também foi o principal motivo da ida de Nalbert para o Japão. O ponta deixou a Itália, que tem o melhor campeonato de vôlei do mundo, onde atuava pelo Macerata.
"Em primeiro lugar, o que pesou foi a parte financeira. Em segundo, foi a possibilidade de ter uma experiência diferente e jogar uma temporada mais curta [quatro meses". Estou num ritmo louco, sem férias há oito anos", disse.
O Brasil também terá representantes na liga italiana. O Ferrara contratou, de uma só vez, o ponta Giba e o meio-de-rede Gustavo, ambos campeões da última Liga Mundial pela seleção brasileira.



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