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ADMINISTRAÇÃO
Salários vantajosos seduzem jogadores do vôlei e do basquete
Crise motiva migração de atletas do Brasil ao exterior
ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A solução para o esporte brasileiro parece estar no aeroporto.
Com salários atrasados, fuga de
patrocínios e alta do dólar, vários
atletas do basquete e do vôlei estão deixando o país em busca de
melhores oportunidades no exterior. O processo atinge também o
futsal (ler texto abaixo).
Antes, graças às boas verbas e às
parcerias milionárias dos clubes
de futebol, o país trazia vários estrangeiros para disputar a Superliga de vôlei e o Nacional de basquete. Agora, além de perder os
reforços de fora, está exportando
atletas brasileiros.
O basquete feminino é um bom
exemplo. Graças aos bons resultados da seleção nos últimos torneios internacionais, o país nunca
exportou tantas jogadoras.
Do elenco que foi medalha de
bronze na Olimpíada de Sydney,
no ano passado, oito atletas estão
no exterior. O país está com seis
jogadoras na WNBA, o maior número de brasileiras desde o início
da liga norte-americana, em 1997:
Janeth (Houston Comets), Claudinha e Kelly (Detroit Shock), Helen (Washington Mystics), Alessandra (Seattle Storm) e Cíntia
Tuiú (Orlando Miracle).
Além delas, a armadora Adrianinha está fazendo testes no
Phoenix Mercury e pode reforçar
o grupo de brasileira nos EUA.
Para completar, a ala Adriana
assinou com o Lattes Maurin, de
Montpellier (França).
"Sempre sonhei em jogar no exterior. Nesta época difícil que estamos vivendo, acho que fiz o melhor", disse Adriana, que viaja à
França em setembro.
Normalmente, as brasileiras
voltavam para o país depois da
temporada da WNBA. Neste ano
a tendência é outra. Alessandra,
Adrianinha e Cíntia Tuiú já
atuam na liga italiana. Claudinha
e Janeth podem ir para a Espanha.
"Minha prioridade é continuar
no Vasco. Caso não tenha uma
boa proposta, vou ver outras possibilidades", afirmou Janeth, que
ainda não recebeu três meses de
salário no clube carioca.
Para alguns atletas de vôlei, o
destino será o Japão. Desde a temporada 1996/1997, quando seis
brasileiros atuaram em quadras
japonesas, o Brasil não exportava
tantos jogadores para o país.
Este ano, cinco atletas estão fazendo as malas: Anderson (NEC),
Nalbert (Panasonic), Axé (Toray),
Gílson (Suntory) e Max (Toyota).
Além deles, o levantador Marcelinho tem proposta do Japão.
A liga japonesa conta com oito
equipes na primeira divisão. Cada
time pode ter só um estrangeiro.
Para fugir da instabilidade financeira que viveu no Vasco, Max
decidiu se aventurar na segunda
divisão do Campeonato Japonês.
"Faltou profissionalismo do
Vasco. Fiquei seis meses sem receber salário", disse o jogador.
"Meu contrato é em dólar. Isso
também pesou na decisão. Eu tenho 31 anos e não sou mais um
menino", completou.
A alta do dólar também foi o
principal motivo da ida de Nalbert para o Japão. O ponta deixou
a Itália, que tem o melhor campeonato de vôlei do mundo, onde
atuava pelo Macerata.
"Em primeiro lugar, o que pesou foi a parte financeira. Em segundo, foi a possibilidade de ter
uma experiência diferente e jogar
uma temporada mais curta [quatro meses". Estou num ritmo louco, sem férias há oito anos", disse.
O Brasil também terá representantes na liga italiana. O Ferrara
contratou, de uma só vez, o ponta
Giba e o meio-de-rede Gustavo,
ambos campeões da última Liga
Mundial pela seleção brasileira.
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