São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2007

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Sotaque carioca domina a Vila

Cidade terá 16% da delegação, um crescimento bem acima da média em relação aos Jogos de Atenas

Competidoras de saltos ornamentais trocam bairros da zona sul pela Barra e contam com companhia das atletas da ginástica artística

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
A carioca Juliana Veloso, dos saltos ornamentais, que treina no Fluminense, mora nas Laranjeiras e hoje se muda para a Vila Pan-Americana, na Barra da Tijuca

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Duas atletas que estarão hoje na abertura da Vila Pan Americana para a delegação brasileira vão fazer uma viagem de menos de 40 km: mudam-se do Rio para o Rio. Elas fazem parte do grupo de 104 cariocas (pela lista atual do COB), ou 16% da equipe nacional, um belo salto em relação ao que aconteceu nos Jogos Olímpicos de Atenas.
Os atletas brasileiros ficarão alojados nos prédios 15 (Santo Domingo), 16 (Cali) e 17 (Caracas), ocupando 100 apartamentos, 400 quartos e 800 camas. Além dos atletas dos saltos ornamentais, a Vila será aberta para a delegação brasileira da ginástica artística.
A mudança de bairro tem significado diferente para Juliana Veloso, 26, e Tammy Galera, 16, irmã do meia Roger, hoje encostado no Corinthians.
Com um quarto só para ela em seu apartamento em Ipanema (zona sul), Tammy vê a mudança para a Vila, na Barra da Tijuca (zona oeste), como uma chance de se adaptar a viver sozinha. Hoje ela mora com a mãe e, pelos próximos 25 dias, dividirá o quarto com Juliana e o apartamento com outras seis competidoras do Brasil.
"Lá vou ter mais independência. Não gosto de viver dependendo de outros", disse.
A "delegação carioca" cresceu em representatividade em relação à última competição chefiada pelo COB. Na Olimpíada na Grécia, em 2004, eram apenas 30 cariocas, ou 12% do time. A cidade terá uma representação no Pan 247% maior, bem acima do crescimento geral e da capital paulista, ambos abaixo dos 200%.
"É ótimo disputar em casa, perto da família. O público gritando ajuda muito. Os juízes vêem a reação deles e acabam soltando notas maiores", afirmou Tammy.
A pequena distância de casa, no entanto, não vai dar a total liberdade que ela esperava. Seus pais já combinaram de se comunicar com ela todos os dias pela internet. O laptop já está na mala da atleta.
Veterana em vilas de atletas, Juliana já disputou duas Olimpíadas e três Pans. Hoje, muda-se do seu apartamento de quarto e sala em Laranjeiras (zona sul), onde mora sozinha, para dividir o apartamento. "É importante mostrar que a equipe está unida. A gente se identifica pelos objetivos", disse.
Apesar do clima, ela preferia poder ficar em casa e ir para os locais de treino, mas o nó no trânsito da cidade que se avizinha com a chegada dos Jogos a convenceu de que a Vila é mesmo a melhor opção.
Entre as vantagens de viver longe do conforto de casa é a proximidade com o local do treino. A partir de hoje, o grupo passa a treinar no Parque Aquático Maria Lenk, no Complexo Esportivo do Autódromo. "Aqui [no Fluminense, clube onde treina] começou a se tornar impossível treinar. Sempre vem alguém para falar com você. Lá a gente vai estar mais concentrada."
O bairro não será um ambiente estranho para a atleta. Ela freqüenta os shoppings da região todo final de semana. "Às vezes vou para a Barra e decido o destino no carro."
Como anfitriã, ela pretende apresentar nas horas livres pontos turísticos para atletas estrangeiras. "Já combinamos com as canadenses para visitar o Pão de Açúcar. Adoro aquele lugar. Vou mesmo sozinha, sem precisar levar alguém."


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