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Sotaque carioca domina a Vila
Cidade terá 16% da delegação, um crescimento bem acima da média em relação aos Jogos de Atenas
Competidoras de saltos ornamentais trocam bairros da zona sul pela Barra e contam com companhia das atletas da ginástica artística
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
![](../images/s0407200701.jpg) |
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A carioca Juliana Veloso, dos saltos ornamentais, que treina no Fluminense, mora nas Laranjeiras e hoje se muda para a Vila Pan-Americana, na Barra da Tijuca
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
Duas atletas que estarão hoje
na abertura da Vila Pan Americana para a delegação brasileira
vão fazer uma viagem de menos
de 40 km: mudam-se do Rio para o Rio. Elas fazem parte do
grupo de 104 cariocas (pela lista
atual do COB), ou 16% da equipe nacional, um belo salto em
relação ao que aconteceu nos
Jogos Olímpicos de Atenas.
Os atletas brasileiros ficarão
alojados nos prédios 15 (Santo
Domingo), 16 (Cali) e 17 (Caracas), ocupando 100 apartamentos, 400 quartos e 800 camas.
Além dos atletas dos saltos ornamentais, a Vila será aberta
para a delegação brasileira da
ginástica artística.
A mudança de bairro tem significado diferente para Juliana
Veloso, 26, e Tammy Galera, 16,
irmã do meia Roger, hoje encostado no Corinthians.
Com um quarto só para ela
em seu apartamento em Ipanema (zona sul), Tammy vê a mudança para a Vila, na Barra da
Tijuca (zona oeste), como uma
chance de se adaptar a viver sozinha. Hoje ela mora com a mãe
e, pelos próximos 25 dias, dividirá o quarto com Juliana e o
apartamento com outras seis
competidoras do Brasil.
"Lá vou ter mais independência. Não gosto de viver dependendo de outros", disse.
A "delegação carioca" cresceu em representatividade em
relação à última competição
chefiada pelo COB. Na Olimpíada na Grécia, em 2004, eram
apenas 30 cariocas, ou 12% do
time. A cidade terá uma representação no Pan 247% maior,
bem acima do crescimento geral e da capital paulista, ambos
abaixo dos 200%.
"É ótimo disputar em casa,
perto da família. O público gritando ajuda muito. Os juízes
vêem a reação deles e acabam
soltando notas maiores", afirmou Tammy.
A pequena distância de casa,
no entanto, não vai dar a total
liberdade que ela esperava.
Seus pais já combinaram de se
comunicar com ela todos os
dias pela internet. O laptop já
está na mala da atleta.
Veterana em vilas de atletas,
Juliana já disputou duas Olimpíadas e três Pans. Hoje, muda-se do seu apartamento de quarto e sala em Laranjeiras (zona
sul), onde mora sozinha, para
dividir o apartamento. "É importante mostrar que a equipe
está unida. A gente se identifica
pelos objetivos", disse.
Apesar do clima, ela preferia
poder ficar em casa e ir para os
locais de treino, mas o nó no
trânsito da cidade que se avizinha com a chegada dos Jogos a
convenceu de que a Vila é mesmo a melhor opção.
Entre as vantagens de viver
longe do conforto de casa é a
proximidade com o local do
treino. A partir de hoje, o grupo
passa a treinar no Parque
Aquático Maria Lenk, no Complexo Esportivo do Autódromo.
"Aqui [no Fluminense, clube
onde treina] começou a se tornar impossível treinar. Sempre
vem alguém para falar com você. Lá a gente vai estar mais
concentrada."
O bairro não será um ambiente estranho para a atleta.
Ela freqüenta os shoppings da
região todo final de semana.
"Às vezes vou para a Barra e decido o destino no carro."
Como anfitriã, ela pretende
apresentar nas horas livres
pontos turísticos para atletas
estrangeiras. "Já combinamos
com as canadenses para visitar
o Pão de Açúcar. Adoro aquele
lugar. Vou mesmo sozinha, sem
precisar levar alguém."
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