São Paulo, domingo, 04 de julho de 2010 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PASQUALE CIPRO NETO Crianças. E birrentas
DEPOIS DO segundo gol holandês, a seleção brasileira sofreu um apagão. Na verdade, o segundo gol já é fruto desse apagão -ninguém subiu. Pois bem. Quero tocar numa das possíveis causas desse apagão: o comportamento birrento, infantil, prepotente e sobretudo amador de vários atletas da seleção, talvez despreparados para uma situação de revés (a primeira e única desta Copa). Vou centralizar a questão em três jogadores do time de Dunga: Robinho, Felipe Melo e Daniel Alves. Se o leitor viu o jogo com alguma serenidade (o que para muitos é literalmente impossível), deve ter percebido que mais de uma vez Robinho foi até a orelha de um rival caído para passar-lhe um sabão, como se o opositor tivesse simulado uma falta. No segundo tempo de sexta-feira, enquanto Robinho espinafrava um holandês caído, a TV mostrava que a falta de fato tinha ocorrido e que o brasileiro estava de costas no momento da infração, ou seja, não vira o lance, mas, mesmo assim, foi perder preciosos segundos -sem contar o risco de cartão (que o juiz japonês, um banana, não lhe mostrou). O chiliquentíssimo Daniel Alves parecia um menino birrento, daqueles que não aceitam as regras do jogo. A cada falta contra o Brasil, em vez de se preparar para tocar a vida em frente, o jogador punha as mãos nos cabelos, no rosto, reclamava, gesticulava, teatralizava -um bufão. Daniel Alves parecia imitar o chefe, Dunga, que também teve reações despropositadas em lances em que o japonês acertou -se não as devia ter nos erros do árbitro, que dirá nos acertos... E Felipe Melo? Crônica de uma morte anunciada. O jogador, que tinha tido chiliques com o jornalista Paulo Vinicius Coelho no dia da convocação para a Copa (por uma simples pergunta técnica, que não lhe agradou), pintou o sete contra Portugal, quando foi substituído ainda no primeiro tempo. Tostão e eu, que víamos o jogo juntos, achamos que Dunga quis evitar a iminente (e merecidíssima) expulsão do atleta. Na coletiva, o técnico, que nem tocou no assunto, informou que Felipe Melo saiu por problemas musculares. Na última sexta- -feira, Felipe fez o que fez e desmontou a seleção. O script é o de sempre: no Brasil, malandragem e desrespeito não são malandragem e desrespeito; são... São aquelas besteiras que parte do povo, da imprensa e da intelectualidade brasileira diz ("criatividade" e outras sandices). Volta e meia, a casa cai. Pior: não se aprendem as lições. É isso. Texto Anterior: John Carlin: Copa do Mundo cruel Próximo Texto: Man of the match Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |