São Paulo, Domingo, 04 de Julho de 1999
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FUTEBOL
Entidade vai tirar 3% das rendas dos jogos da Série A para bancar 3ª divisão, que tem o Fluminense na disputa
CBF taxa "grandes" para financiar Série C

PAULO COBOS
da Reportagem Local

Os clubes da primeira divisão do Campeonato Brasileiro terão descontados cerca de R$ 1,1 milhão de suas rendas na competição para ajudar na organização da terceira divisão, que terá o Fluminense como um de seus participantes.
Pelo regulamento do torneio nacional mais importante do país, em seu artigo 17, 5% da renda bruta de todos os jogos do Brasileiro-99 será destinada para um "fundo de premiação e de ajuda à Série C", sendo que 3% da bilheteria irá para as equipes da terceira divisão.
Até o ano passado, havia um desconto de 2% das rendas destinado apenas para a premiação dos destaques da competição.
Caso o torneio em 99 tenha a mesma média de público do ano passado -quase 14 mil pagantes por jogo- o Brasileiro irá arrecadar, considerando o preço mínimo de R$ 10 para uma arquibancada, cerca de R$ 35,3 milhões.
A nova taxa de 3%, portanto, deve gerar uma receita de quase R$ 1,1 milhão. Esse valor pode ser ainda maior caso o Campeonato Nacional siga a tendência de crescimento da média de público dos últimos anos.
A participação do Fluminense na Série C foi fundamental para a cobrança da taxa.
"O Fluminense está trazendo motivação para a terceira divisão. Essa ajuda vai melhorar o campeonato", afirma José Dias, do departamento técnico da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
A idéia inicial da entidade é usar o dinheiro para financiar viagens e estadias dos clubes nos jogos da terceira divisão, o que nunca aconteceu (leia texto ao lado).
"Dependendo do regulamento, podemos distribuir até R$ 4.000 para cada clube por jogo", afirma Dias, lembrando que a CBF vai abrir mão, como no ano passado, de outra taxa de 5% que os clubes deveriam pagar à entidade.
A iniciativa da criação do fundo, porém, pode enfrentar resistência dos clubes que disputam a Séria A.
Ao contrário do resto do regulamento, a criação do fundo foi toda da CBF, sem a consulta dos clubes.
"Não estou sabendo dessa taxa. Ninguém me informou nada", diz o vice-presidente do Vasco, Eurico Miranda, que promete reclamar da cobrança do dinheiro que vai financiar a terceira divisão.
"A CBF não pode colocar isso no regulamento sem o conhecimento dos clubes", afirma o dirigente, que está de relações estremecidas com o Fluminense por causa de um W.O. dado no Torneio Rio-São Paulo, no início do ano.
O Fluminense, que pretende lucrar na Série C (leia texto nesta página), defende a iniciativa da CBF.
"Foi uma boa idéia, principalmente para ajudar os clubes que vão enfrentar o Fluminense", afirma Francisco Horta, vice-presidente de futebol do clube.
FRASES
"Sou contra essa taxa."
Eurico Miranda, vice-presidente do Vasco, sobre a criação do fundo de ajuda à terceira divisão do Brasileiro pela CBF

"O Fluminense está negociando bem seus contratos."
Francisco Horta, vice-presidente de futebol do Fluminense, sobre o faturamento do clube na Série C


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