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FUTEBOL
Envelhecimento dos craques
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Cada pessoa envelhece do
seu jeito e em intensidades
diferentes. No futebol é a mesma
coisa. Há atletas com mais de 35
anos (jovens para outras atividades), que, mesmo não sendo tão
bons quanto foram, não mudaram de estilo nem de posição e
ainda jogam bem, como César
Sampaio, Zinho, Valdo e outros.
Com o tempo, alguns atletas
trocam de função, até de características, e se dão bem. Isso prolonga as suas carreiras, sem perder a
qualidade. Júnior foi tão craque
no meio-campo quanto tinha sido na lateral. O mesmo aconteceu
com o lateral Nilton Santos quando ele passou a atuar de zagueiro.
Müller era um ótimo finalizador
que ficou ainda melhor quando
se tornou um atacante armador,
sem trocar de posição.
Existem atletas que não mudam de posição nem de estilo,
perdem progressivamente a eficiência, mas seguem em evidência por um longo período. Eles
convivem bem com o tempo e
com a queda da condição física.
Romário foi um fenômeno até a
Copa-98, quando foi cortado por
contusão. Depois disso, a sua mobilidade diminuiu até ele ficar
parado, esperando a bola para finalizar. Essa transformação foi
aos poucos, tanto que antigos torcedores e jornalistas acham que o
Romário sempre jogou assim.
Muitos craques tornam-se veteranos mais cedo e/ou perdem
bruscamente o brilho e são rapidamente esquecidos. Rivaldo pode se recuperar, mas no Cruzeiro
estava lento e pesado. Na Copa-2002, ele teve atuações espetaculares. O seu futebol envelheceu
muito depressa. Não deu tempo
para acostumarmos.
É a mesma sensação quando
encontramos uma pessoa que não
víamos havia muito tempo. Ainda bem que nos olhamos no espelho todos os dias.
Trio bom de bola
O Santos é o time que fez mais
gols no Brasileiro e o único que joga um futebol leve, vistoso e ofensivo. Elano se adaptou bem à função do Diego. Deivid e Robinho se
movimentam por todos os lados e
abrem espaços para Elano chegar
à área e finalizar. Os três são velozes, dão ótimos passes e fazem
gols. No melhor momento do Cruzeiro no ano passado, acontecia o
mesmo com o trio formado pelo
Deivid, Aristizábal e Alex.
Essa característica, com todos
os três atacantes armando e fazendo gols, funciona melhor do
que a com um artilheiro, um velocista e um armador.
Além de veloz, Deivid tem muita técnica. Ele passa, cruza e finaliza bem. Tudo no momento certo. Como dribla pouco e não tem
um estilo vistoso, é menos elogiado do que merece.
Robinho está mais consistente,
adulto, sem perder a fantasia. Ele
não corre demais, desordenadamente, como antes. Pensei que ele
evoluiria pouco na posição de
atacante. Enganei-me. Robinho
pode brilhar na posição e vindo
de trás, mais pela esquerda, atacando e marcando, como fazia
em 2002, no início de sua carreira.
Se o Luxemburgo arrumar a defesa, sem diminuir a força ofensiva, como fez em outros times, o
Santos será o favorito ao título.
Camisa 10
Após uma longa ausência, Edmundo teve contra o Cruzeiro
uma atuação razoável, no primeiro tempo, e apagada, no segundo, quando passou a jogar no
meio-campo.
Na sua carreira, Edmundo se
destacou pela velocidade, mobilidade, habilidade, finalização,
aguerrimento e por driblar em direção ao gol. Ele foi um atacante
excepcional. Mas quando atuava
mais recuado, como gosta, se tornava um jogador comum.
Edmundo sempre quis ser o craque do time, o camisa 10, o atacante que recua, arma e faz gols,
como fizeram os grandes craques
do futebol, como Zico, Platini, Sócrates e outros. Porém Edmundo
nunca teve futebol para tanto.
Não será agora que terá.
Orgulho e alegria
Com freqüência, em todo o
mundo, jogadores ainda em forma desistem de atuar na seleção
de seus países. O mais recente foi
Nedved, excepcional jogador da
seleção tcheca. Ele alega que machuca na seleção e desfalca a Juventus, que paga seu salário.
Há muitos atletas que desejariam fazer o mesmo, mas não têm
coragem. Daqui uns tempos, perderão esse constrangimento e será
comum essa decisão. Lamentável!
O maior orgulho e alegria de
um atleta é jogar pela seleção de
seu país. Jogar e ficar arrepiado
quando se escuta o hino nacional.
Dinheiro nenhum paga isso.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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