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China condena passeios de pijama
Manual de etiqueta distribuído pelo governo tem 36 regras sobre roupas e cortes de cabelo adequados
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Os passeios matinais e noturnos de pijama pela rua, ainda
comuns entre os pequineses de
meia-idade e mais velhos, está
sob a mira da mais nova campanha de boas maneiras do superzeloso governo chinês.
A moda local é objeto de reprimendas do Manual de Etiqueta distribuído em Pequim e
produzido pelo Escritório de
Desenvolvimento Espiritual e
Civilizatório de Pequim.
Além do pedido para que ninguém saia de casa de pijama, há
dezenas de "recomendações"
aos habitantes para não constranger os estrangeiros -e, claro, dar a impressão que Pequim
é menos pobre do que de fato é.
Cerca de 4 milhões de manuais foram distribuídos em
Pequim - cidade de 17 milhões
de habitantes, dos quais 5 milhões são migrantes rurais.
"Continuo a andar sem camisa, não acho que os estrangeiros vão se importar com isso",
disse à Folha Li Yang, 22, bancário, que passeava ontem no
distrito de Dongcheng. "As pessoas já andam meio cheias de
tantas determinações, mas é
verdade que os mais velhos não
estão saindo de casa com pijama ultimamente."
O foco das campanhas é o extrato mais popular e humilde.
Está vetada a combinação
shorts-meias brancas-sapato
preto usada por boa parte da
população masculina nos bairros mais humildes, assim como
roupas transparentes ou muito
curtas para as meninas -exatamente o que as chinesas com
mais dinheiro adoram vestir.
Há 36 regras bem específicas
que fazem pensar que os burocratas comunistas devem estar
assistindo a programas da tevê
americana como "Fashion
Emergency" e "Queer Eye for
the Straight Guy".
"O cabelo do homem não deve cobrir as sobrancelhas, nem
tocar o colarinho", diz o guia.
"As mulheres devem pentear
seu cabelo apropriadamente de
acordo com a idade, ocupação e
situação", "pessoas gordas devem evitar listras horizontais."
Homens devem se barbear
diariamente, as mulheres devem usar maquiagem leve e
ambos os sexos devem manter
suas bocas limpas -comer alho
"moderadamente".
Andar sem camisa é repreendido, mas não há nenhuma observação quanto a um hábito
muito comum na China entre
os homens: deixar a barriga de
fora, com a camisa enrolada para cima, em dias de calor.
Em uma sociedade muito
conservadora, onde qualquer
tipo de nudez é proibida na mídia, as mulheres acabam recebendo as maiores restrições.
"Garotas podem vestir saias
entre três e seis centímetros
acima do joelho, nunca muito
curtas. Para mulheres de meia-idade e mais velhas, as saias devem estar a pelo menos três
centímetros abaixo do joelho."
Demonstrações de afeto em
público devem ser evitadas
-outra recomendação exagerada, pois beijos e carinhos nas
ruas de Pequim são raridade,
mesmo entre os mais jovens.
Apesar da obediência que o
chinês médio dedica a campanhas do governo, algumas regras não pegaram. Os escarros
continuam comuns (os infratores não são multados), e os chineses começaram a respeitar
as filas, mas não muito.
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