São Paulo, terça, 4 de agosto de 1998

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FUTEBOL
Três times não têm patrocinador e outro ficará sem no final deste mês; três empresas bancam 1/4 das equipes
Patrocínio mingua no Brasileiro-98

ROBERTO DIAS
RODRIGO BUENO
da Reportagem Local

O único futebol tetracampeão do mundo, que viveu este ano a regulamentação da "Lei Pelé", determinando a presença definitiva das empresas no esporte, está atraindo poucos investidores.
O Campeonato Brasileiro, principal competição nacional, é disputado por 24 times e conta com só 15 patrocinadores exclusivos.
Três times não têm patrocínio -Atlético-PR, Bragantino e Paraná. O Guarani ficará sem no final do mês -a Singer tem contrato com o clube até 30 de agosto.
Com esse quadro, o Brasileiro destaca os grandes investidores.
O Excel apóia quatro equipes (América-MG, Botafogo, Corinthians e Vitória), a Parmalat assiste dois (Juventude e Palmeiras), e a General Motors, outros dois (Inter e Grêmio). Juntas, as empresas bancam 1/4 dos times do torneio.

Corda bamba
Para ganhar ajuda financeira, as equipes adotam diferentes saídas.
O Goiás, por exemplo, se apoiou em três empresas, sendo o "campeão" de patrocinadores do país.
O BEG (Banco do Estado de Goiás) colocou sua marca nas costas do uniforme, acima do número. A Arisco ficou com um espaço na frente, enquanto a Unimed ficou com as mangas da camisa.
"Tivemos que optar pela pulverização do patrocínio porque nenhuma das empresas arcaria com o patrocínio necessário para a temporada", disse João Gualberto, diretor financeiro do Goiás.
Além dos nomes que aparecem na camisa, o Goiás tem contrato com mais seis empresas, que colocaram seus nomes em placas dentro do estádio Serra Dourada.
Os valores dos contratos, que duram até o dia 31 de dezembro, não foram divulgados pelo clube, que informou ter investido R$ 1,5 milhão para o Brasileiro.
Segundo Gualberto, a soma dos patrocínios não cobre o investimento e as despesas do clube, que são complementados com as receitas de TV, ingressos, mensalidades dos sócios e doações.
Já o América-RN, além de dinheiro, apelou para as vitaminas e medicamentos de seu patrocinador, a Teuto Farmacêutica.
O Sport teve que fechar contrato de patrocínio com a empresa que pertence a Luciano Caldas Bivar, o presidente do próprio clube -a Excelsior Seguros.
Outros clubes arrumaram patrocinadores "às pressas". É o caso da Ponte Preta, que pouco antes do torneio conseguiu acertar com a CNA, uma escola de inglês.

Bom negócio
Alguns patrocinadores acabam não se limitando apenas a pagar pelo espaço na camisa.
Um exemplo é o apoio do Excel ao Corinthians. O banco, que neste ano foi comprado pelo espanhol Bilbao Vizcaya, investiu também na compra de atletas para o time.
Em 97, por exemplo, o Excel gastou cerca de US$ 25 milhões para reforçar o Corinthians com Túlio, Donizete, Edílson e André.
Neste ano, o banco já contratou o volante Vampeta, gastando cerca de US$ 3,5 milhões.
Palmeiras e São Paulo estenderam sua rivalidade também para os patrocinadores.
Contra a italiana Parmalat, que tem contrato com o Palmeiras desde 92, o São Paulo passou a ostentar a marca Cirio (pertencente à Cragnotti & Partners), também do ramo alimentício.
No Rio Grande do Sul, o patrocínio contribuiu para unir os dois maiores rivais do Estado, Grêmio e Inter. Em fevereiro, as equipes fecharam contrato com a General Motors, montadora de veículos que está se instalando no Estado.
Já o Vasco, mesmo não tendo nenhuma marca na camisa, fechou um dos maiores contratos da história do futebol brasileiro.
O NationsBank poderá explorar a marca do clube carioca por dez anos, em um acordo cujas cifras chegam aos R$ 34 milhões.



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