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Seleção volta a SP em bate-volta
Desfalques por motivos políticos, rival saco de pancadas e estadia curta marcam reencontro do time nacional com maior cidade do país, onde não joga como campeã mundial desde 74
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
SÉRGIO RANGEL
ENVIADO ESPECIAL A TERESÓPOLIS
Um presente para São Paulo,
mas com um embrulho e um recheio de segunda categoria.
Vai ser assim o primeiro jogo de
uma seleção brasileira com status
de campeã mundial depois de 30
anos no maior cidade do país -o
time tetracampeão a ignorou, e o
penta, que já passou por Fortaleza, Manaus, Curitiba e Belo Horizonte, demorou mais de dois anos
para dar as caras no município.
O desafio de amanhã, às 17h10,
contra a Bolívia, marca o retorno
do time nacional aos gramados
paulistanos em um evento prejudicado pela fragilidade do rival,
pelos desfalques propositais da
equipe de Carlos Alberto Parreira
e pela permanência relâmpago da
delegação brasileira na cidade.
Para São Paulo, a CBF reservou
o maior saco de pancadas da
América do Sul atualmente. A Bolívia é a lanterna das eliminatórias
(perdeu cinco dos sete jogos que
disputou) e tem a pior posição entre os times da região no ranking
da Fifa que foi divulgado nesta semana -é apenas a 93ª colocada,
atrás de nulidades da bola, como
Quênia, Cuba e Indonésia.
Não bastasse a escolha de tão
débil adversário para os paulistanos verem a seleção, a CBF ainda
vai privar os torcedores da cidade
de cinco titulares do time de Carlos Alberto Parreira. Isso porque
os cinco não atenderam ao chamado para o amistoso do mês
passado contra o Haiti.
Na lista dos vetados estão quatro jogadores com fortes ligações
com clubes paulistas -Dida, Cafu, Kaká e Zé Roberto (o zagueiro
Lúcio completa a lista).
Passagem relâmpago
A seleção vai ficar em São Paulo
por menos de 48 horas. Nos sete
jogos que já fez pelas eliminatórias, só na estréia, contra a Colômbia, em Barranquilla, o time
ficou tão pouco tempo numa cidade onde atuou -para a partida
contra o Chile, a delegação ficou
em Santiago mais de 72 horas.
O time treinou durante toda a
semana em Teresópolis. Tinha
viagem prevista para São Paulo só
na noite de ontem -iria chegar
ao hotel em que vai ficar hospedado, na zona sul, às 23h.
Hoje o time faz um treino de reconhecimento no gramado do
Morumbi, e amanhã, depois do
jogo, terá menos tempo ainda para São Paulo. O time viaja para a
Alemanha, onde faz amistoso na
quarta-feira, às 21h55, ou menos
de três horas depois do fim do
confronto com os bolivianos.
Dessa forma, ficam inviabilizadas
entrevistas demoradas ou autógrafos para os fãs.
Mesmo com um pacote de atrações mais fraco do que o habitual,
os integrantes da seleção esperam
o apoio maciço dos torcedores.
"Quem faz a torcida é o time. Se tivermos disposição e raça, a torcida vai nos apoiar", diz Parreira,
que no entanto espera gols logo
para evitar problemas.
"A torcida vai do amor ao ódio
em poucos segundos. Quero uma
seleção ativa que tente definir o
jogo o mais rápido possível para
trazer a torcida para a gente."
O coordenador técnico Zagallo
lançou mão do seu tradicional
tom patriótico para tentar que a
relação entre seleção e a cidade
não azede. "São Paulo é Brasil
contra a Bolívia", afirmou.
"Sempre é muito bom jogar em
São Paulo. Para mim tudo sempre
saiu bem lá", disse Ronaldinho.
Recuperado de contusão, ele não
vai engrossar a lista de desfalques
para o público paulistano, que
ainda não esgotou os quase 80 mil
ingressos colocados à venda para
a partida de amanhã.
São Paulo não estava inicialmente no roteiro da seleção nas
eliminatórias sul-americanas. O
jogo contra a Bolívia só foi marcado para a cidade depois da aproximação de Marco Polo del Nero,
o presidente da Federação Paulista, com a cúpula da CBF.
Enquanto no gramado estará
em ação uma seleção desfalcada e
um rival fraco, as tribunas estarão
cheias de políticos, como a prefeita Marta Suplicy e o governador
Geraldo Alckmin.
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