|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Prêmio da Copa foi pago também a funcionários da burocracia da CBF, e não apenas a jogadores e comissão técnica
Penta rendeu R$ 374 mil a tio de Teixeira
FÁBIO VICTOR
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Sem entrar em campo ou participar de treinos e atividades esportivas ligadas à seleção brasileira, o secretário-geral da CBF,
Marco Antonio Teixeira, recebeu
R$ 374,4 mil pela conquista do
pentacampeonato mundial.
Marco Antonio, tio de Ricardo
Teixeira, o presidente da entidade, é o maior salário da CBF entre
os funcionários com atribuições
burocráticas -recebia R$ 43,4
mil mensais no início deste ano.
Se no Brasil comanda o dia-a-dia da confederação, na Ásia o
cartola teve apenas funções políticas -acompanhava o chefe de
delegação, Weber Magalhães, dava aval às decisões do supervisor
Américo Faria e contatava dirigentes da Fifa e de outros países.
Além dele, outros funcionários
da CBF, como o motorista, o chefe
de gabinete e o assessor de Ricardo Teixeira, ganharam dinheiro
pela conquista no Oriente.
A Folha teve acesso a três comprovantes de pagamento feitos
em duas contas do secretário-geral. Também teve acesso a recibos
do cartola à CBF, em 23 de setembro e em 7 de outubro de 2002.
Descontado o pagamento do
Imposto de Renda, retido na fonte, Marco Antonio ganhou R$
218.587,50 líquidos pela "gratificação referente à Copa do Mundo
de 2002", conforme descrito nos
recibos -o valor bruto foi de R$
301 mil, cerca de US$ 100 mil.
Em abril, o cartola recebera R$
53.275,58 (R$ 72.900 brutos) como "pagamento de gratificação
referente à classificação para a
Copa do Mundo de 2002".
À Folha, a CBF confirmou que
realizou os pagamentos ao secretário-geral e aos demais funcionários. Segundo a assessoria de imprensa da entidade, Ricardo Teixeira também teria direito à premiação pelo pentacampeonato,
mas preferiu abrir mão dela.
O bicho pelo título mundial foi
dividido em duas maneiras pela
diretoria da CBF. Jogadores e comissão técnica ganharam por terem ido à final (R$ 126 mil) e pelo
título (R$ 300 mil).
Aqueles que utilizaram na Ásia
uniformes oficiais, como membros da comissão técnica e os 23
atletas, ganharam também direito
de imagem -R$ 104.683,19 pela
participação nos contratos da
CBF com Globo, AmBev e Telemar, patrocinadoras da seleção
durante o Mundial da Ásia.
Os funcionários com atribuições burocráticas receberam apenas pelo título -de acordo com
uma disposição hierárquica.
Marco Antonio foi o único a receber 100% do prêmio.
Cozinheiras e outros membros
do estafe que não tinham credenciais da Fifa ganharam 25% -como o motorista Odair Araújo Silva, o assessor Alexandre Silva da
Silveira e o chefe de gabinete Ivan
dos Santos Souza. No total, cada
um ganhou R$ 75 mil brutos.
Além do bicho do penta, o tesoureiro Ariberto Pereira dos
Santos Filho recebeu em abril outros R$ 41 mil pela classificação
para a Copa-2002.
O chefe da delegação, Weber
Magalhães, agora vice eleito da
CBF, é um dos poucos que ainda
não tiveram sua premiação depositada, segundo a entidade.
Os últimos pagamentos a Luiz
Felipe Scolari e a alguns jogadores
só foram feitos no início de 2003,
mais de meio ano após a final com
a Alemanha em Yokohama.
A CBF alegou que a demora no
depósito do bicho foi fruto do
atraso da Fifa, que não teria repassado com rapidez os US$ 7,2 milhões destinados ao campeão.
Texto Anterior: Futebol - José Geraldo Couto: O "Reizinho do Parque" Próximo Texto: Outro lado: Todos tiveram trabalho na Ásia, afirma entidade Índice
|