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São Paulo, sábado, 04 de outubro de 2003

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FUTEBOL

Prêmio da Copa foi pago também a funcionários da burocracia da CBF, e não apenas a jogadores e comissão técnica

Penta rendeu R$ 374 mil a tio de Teixeira

FÁBIO VICTOR
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Sem entrar em campo ou participar de treinos e atividades esportivas ligadas à seleção brasileira, o secretário-geral da CBF, Marco Antonio Teixeira, recebeu R$ 374,4 mil pela conquista do pentacampeonato mundial.
Marco Antonio, tio de Ricardo Teixeira, o presidente da entidade, é o maior salário da CBF entre os funcionários com atribuições burocráticas -recebia R$ 43,4 mil mensais no início deste ano.
Se no Brasil comanda o dia-a-dia da confederação, na Ásia o cartola teve apenas funções políticas -acompanhava o chefe de delegação, Weber Magalhães, dava aval às decisões do supervisor Américo Faria e contatava dirigentes da Fifa e de outros países.
Além dele, outros funcionários da CBF, como o motorista, o chefe de gabinete e o assessor de Ricardo Teixeira, ganharam dinheiro pela conquista no Oriente.
A Folha teve acesso a três comprovantes de pagamento feitos em duas contas do secretário-geral. Também teve acesso a recibos do cartola à CBF, em 23 de setembro e em 7 de outubro de 2002.
Descontado o pagamento do Imposto de Renda, retido na fonte, Marco Antonio ganhou R$ 218.587,50 líquidos pela "gratificação referente à Copa do Mundo de 2002", conforme descrito nos recibos -o valor bruto foi de R$ 301 mil, cerca de US$ 100 mil.
Em abril, o cartola recebera R$ 53.275,58 (R$ 72.900 brutos) como "pagamento de gratificação referente à classificação para a Copa do Mundo de 2002".
À Folha, a CBF confirmou que realizou os pagamentos ao secretário-geral e aos demais funcionários. Segundo a assessoria de imprensa da entidade, Ricardo Teixeira também teria direito à premiação pelo pentacampeonato, mas preferiu abrir mão dela.
O bicho pelo título mundial foi dividido em duas maneiras pela diretoria da CBF. Jogadores e comissão técnica ganharam por terem ido à final (R$ 126 mil) e pelo título (R$ 300 mil).
Aqueles que utilizaram na Ásia uniformes oficiais, como membros da comissão técnica e os 23 atletas, ganharam também direito de imagem -R$ 104.683,19 pela participação nos contratos da CBF com Globo, AmBev e Telemar, patrocinadoras da seleção durante o Mundial da Ásia.
Os funcionários com atribuições burocráticas receberam apenas pelo título -de acordo com uma disposição hierárquica.
Marco Antonio foi o único a receber 100% do prêmio.
Cozinheiras e outros membros do estafe que não tinham credenciais da Fifa ganharam 25% -como o motorista Odair Araújo Silva, o assessor Alexandre Silva da Silveira e o chefe de gabinete Ivan dos Santos Souza. No total, cada um ganhou R$ 75 mil brutos.
Além do bicho do penta, o tesoureiro Ariberto Pereira dos Santos Filho recebeu em abril outros R$ 41 mil pela classificação para a Copa-2002.
O chefe da delegação, Weber Magalhães, agora vice eleito da CBF, é um dos poucos que ainda não tiveram sua premiação depositada, segundo a entidade.
Os últimos pagamentos a Luiz Felipe Scolari e a alguns jogadores só foram feitos no início de 2003, mais de meio ano após a final com a Alemanha em Yokohama.
A CBF alegou que a demora no depósito do bicho foi fruto do atraso da Fifa, que não teria repassado com rapidez os US$ 7,2 milhões destinados ao campeão.


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