São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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VÔLEI

As candidatas

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Na seleção masculina, não há dúvidas. O Brasil tem o melhor levantador do mundo, o canhoto e ousado Ricardinho. No feminino, o posto está vago. Fernanda Venturini e Fofão, grandes levantadoras de uma mesma geração, estão fora do próximo ciclo olímpico. Quem vai ocupar agora essa posição? Eis a questão.
A seleção feminina não teve muita sorte, afinal contou com duas grandes jogadoras em uma mesma época. Fernanda Venturini, a melhor na posição na história do vôlei brasileiro, reinou absoluta. Para Fofão restou a reserva e alguns períodos como titular quando Fernanda ficou afastada.
Resultado: também não foi preparada uma outra levantadora. E o prejuízo foi grande. Nos Jogos de Sydney, em 2000, a reserva de Fofão foi Kátia, uma levantadora limitada para assumir uma seleção. Na época, havia uma certeza: Fofão não poderia nem pensar em se machucar.
No período em que Marco Aurélio comandou a seleção, Marcelle ganhou uma chance. Foi até eleita a melhor levantadora do Mundial de 2002, apesar da inexperiência e insegurança nos jogos decisivos. Logo depois teve uma contusão no joelho e, com a mudança de técnico na seleção, não foi mais convocada.
Na Copa Salonpas, que começou sábado, o futuro pode estar no banco de reservas. O Rexona tem Fernanda Venturini, o Finasa/Osasco, Gisele, e o MRV/Minas, Carol. A primeira já anunciou a despedida da seleção. Gisele tem o apoio do técnico Zé Roberto, mas, irregular, não é uma solução. Já Carol é um enigma. É habilidosa, veloz, mas também sofre de certa irregularidade.
Quem acompanha a nova geração não vacila em apontar Ana Tiemi, 17 anos e reserva de Carol no Minas, como a grande esperança para a posição. Fisicamente, ela já tem uma bela vantagem: mede 1,87 m. O Brasil nunca teve em uma seleção adulta uma levantadora com essa altura.
O técnico da seleção juvenil, Antônio Rizola, diz que Ana Tiemi deve ser a sensação daqui uns três anos. Como qualidades, ele aponta a técnica apurada e a precisão dos levantamentos. O que precisa ser mais trabalhada é a velocidade.
No Osasco, a aposta é em Danielle Lins, 19 anos e 1,84 m. Foi campeã mundial juvenil. Nesta temporada, ela passou por um susto: ficou quatro meses afastada das quadras por causa de uma arritmia cardíaca. Refeitos os exames, o problema não foi mais diagnosticado, e ela está de volta.
Vale lembrar também de Fabíola, 21 anos e 1,84 m, do São Caetano. Na temporada passada no Minas, ela assumiu o lugar de Gisele, que estava machucada, e surpreendeu. Mostrou habilidade, velocidade e ousadia. Outra possibilidade é Fernandinha, do Pinheiros. Apesar de baixa, tem 1,73 m, é muito habilidosa.
O certo é que o Brasil não tem tempo a perder: precisa de uma levantadora preparada para os Jogos de Pequim, em 2008. E nada melhor do que começar a colocar essa nova geração para jogar. Uma pena é que pelo menos duas, Ana Tiemi e Danielle, vão passar a temporada de clubes na reserva.

Mistério 1
A levantadora Ana Tiemi, a central Thaísa Menezes e a ponteira Fernanda Garay, as três titulares da seleção juvenil, não vão disputar o Sul-americano da categoria, que começa dia 23, na Bolívia. Elas estavam treinando com a seleção e foram dispensadas para defenderem o MRV/Minas. Deveriam ter se reapresentado à seleção no dia 12 de setembro, mas, por determinação do Minas, não apareceram.

Mistério 2
Resultado: a seleção juvenil não terá metade do time titular no Sul-americano, que vale uma vaga para o Mundial. Já Regiane Bidias, do Rexona, e Natália Manfrin, Gabriela Morelli e Adenizia Silva, do Osasco, times que também disputam a Copa Salonpas, continuam treinando com a seleção.

E-mail: cidasan@uol.com.br

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