São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2004

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FUTEBOL

Grandes e pequenos

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O Palmeiras é grande, não só pelo seu passado e tradição, mas porque possui atualmente um elenco competitivo.
Mas no clássico de sábado, contra o São Paulo, o alviverde jogou como time pequeno.
O tricolor buscou mais o gol desde o início do jogo. O Palmeiras só marcou primeiro por causa do pênalti infantil cometido por Cicinho, que depois teve tempo de se redimir dando o passe do gol de empate e marcando o da virada.
Com a ausência de Magrão, suspenso, o time de Estevam Soares ficou sem saída de bola e sem armação de jogadas. Pedrinho e Osmar ficaram isolados na frente.
Numa situação como essa, o mais recomendável talvez fosse a escalação de mais um atacante e o deslocamento de Pedrinho para sua real função, a de meia armador. Mas o Palmeiras, depois de abrir o marcador e sofrer o empate, praticamente desistiu de buscar a vitória. Parecia satisfeito com o empate. Atuou como time pequeno.
O São Paulo, pelo contrário, procurou se impor em campo desde o início, acionando bastante seus alas e avançando a marcação para dentro do campo palmeirense.
Com isso, o tricolor esteve muito mais presente na área adversária e chutou muito mais a gol. Faltou um pouco de competência nas finalizações. Leão já convenceu a equipe a chutar mais. Agora só falta chutar melhor.
Uma virada como essa inverte a tendência crônica do tricolor de deixar escapar a vitória no final e reanima o time na luta por uma vaga na Libertadores da América. O São Paulo não virou um esquadrão da noite para o dia, mas recuperou a autoconfiança de um time grande.
Se o clássico não foi uma maravilha, teve pelo menos um final empolgante e merecia um público maior que os parcos 12 mil torcedores que foram ao Morumbi.
Quem vem tendo uma atitude de time grande é o Botafogo, que não se intimidou com o Fluminense e, com 13 minutos de jogo, já estava batendo o rival por 2 a 0.
Depois disso, a equipe de Bonamigo soube resistir à pressão tricolor e aproveitar os contragolpes para conquistar uma revigorante goleada.
Com essa nova postura, em poucas rodadas o clube da estrela solitária saiu da zona de rebaixamento, já ultrapassou o Flamengo e encostou no Vasco. É bonito ver uma recuperação desse tipo.
Se não chegou a assumir papel de time pequeno, o Santos mostrou uma sintomática humildade diante do lanterna Guarani. Vencendo a partida por um apertado 1 a 0 -fruto de um gol mais do que chorado-, o técnico Vanderlei Luxemburgo trocou seu principal atacante, Robinho, por um zagueiro, Domingos, para segurar o resultado.
Essa prudência seria impensável há algumas rodadas. Tudo indica que os santistas se assustaram com a arrancada fulminante do Atlético-PR.

Mais goleadores
Como era de esperar, vários leitores lamentaram ausências da galeria de grandes centroavantes que publiquei na coluna de sábado. O nome mais lembrado, inclusive pelo grande compositor Nando Reis, foi o de Careca, que brilhou no Guarani, no São Paulo, no Napoli e na seleção brasileira. Outros leitores mencionaram Roberto Dinamite, o maior artilheiro da história do Brasileiro, e Toninho Guerreiro, que se destacou no Santos de Pelé e no São Paulo de Gérson e Pedro Rocha. Todos eles foram grandes, cada um com sua característica própria. Dos três, Careca foi o que mais me empolgou, por aliar velocidade, técnica e criatividade. Raros jogadores giravam o corpo com tanta rapidez e num espaço tão pequeno dentro da área.

E-mail: jgcouto@uol.com.br

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