|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Preparamos o caminho para a volta ao pódio
RADAMÉS LATTARI
especial para a Folha
O desempenho da seleção brasileira masculina no recém- encerrado Mundial mostrou que o
vôlei de nosso país tem talentos
de sobra e plenas condições de,
com um pouco mais de trabalho, voltar a ocupar o lugar
mais alto do pódio.
O quarto lugar não foi uma
decepção. Muito pelo contrário.
A seleção correspondeu plenamente a nossas expectativas,
tantas vezes antecipadas, de ficar entre os quatro primeiros no
Japão. Chegou, inclusive, a me
surpreender, com a facilidade
com que chegou à semifinal. E,
talvez por isso, sair do Mundial
sem medalhas deixou na boca
um gostinho de quero mais.
Acho que, com um pouco mais
de experiência, o grupo poderia
ter subido no pódio. Oito de
nossos 12 atletas estavam disputando seu primeiro Mundial. E
brigaram de igual para igual
com outros que disputavam o
segundo ou até o terceiro Mundial e tinham jogado algumas
Olimpíadas. Nossos jogadores
foram bravos o tempo todo.
Também devo elogiar os reservas, sempre dispostos a colaborar e que nunca decepcionaram
quando foram chamados em
momentos importantes do
Mundial. Creio que podemos
dizer que a base para os Jogos de
Sydney-2000 já está formada.
Para a próxima temporada,
como o calendário será extenso,
pretendo contar com um grupo
de 20 jogadores para revezá-los
durante as competições.
Teremos a Liga Mundial, os
Jogos Pan-Americanos, o Sul-
Americano, a Copa América e a
Copa do Mundo. Esta última é o
nosso objetivo principal, pois
classifica os três primeiros para
os Jogos Olímpicos. Se não conseguirmos, ainda disputaremos
um outro torneio classificatório, em janeiro de 2000.
Com o revezamento nestes
torneios, evitaremos o desgaste
excessivo e daremos chances a
todos de adquirir experiência e
mostrar suas qualidades.
Afinal, com o trabalho que estamos fazendo, já se pode dizer
que evoluímos em todos os sentidos e que, do ponto de vista
técnico e tático, já estamos entre
os melhores do mundo. O que
nos falta mesmo é mais experiência, pois vontade de ganhar
o ouro olímpico posso garantir
que todos têm.
Outra prova de que estamos
no caminho certo foram os elogios que recebemos durante todo o Mundial de jogadores, técnicos e jornalistas de outros países. Todos foram unânimes em
enaltecer as qualidades de nossos jogadores e o trabalho de
nossa comissão técnica.
Este reconhecimento internacional nos enche de orgulho, nos
dá força para prosseguir, com
muita luta, nesse trabalho de
fortalecimento do vôlei masculino brasileiro. Creio que estamos prontos para entrar nesta
nova era do esporte, que se inicia agora, com a entrada em vigor da nova regra de 25 pontos
sem vantagem.
A partir da próxima semana,
a comissão técnica da seleção
estará acompanhando de perto
os jogos da Superliga masculina, em busca de novos talentos e
da confirmação da qualidade
dos que já estiveram conosco.
Ao mesmo tempo, farei viagens pelo Brasil, dando prosseguimento ao projeto da CBV de
unir cada vez mais os técnicos.
Serão realizados cursos de atualização para profissionais do esporte em diversos pontos do
país. Acredito que somente com
a união dos que estão ligados ao
vôlei será possível concretizar o
sonho do ouro olímpico.
²
Radamés Lattari Filho, 41, é técnico da seleção
brasileira masculina de vôlei
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|