São Paulo, sexta, 4 de dezembro de 1998

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Preparamos o caminho para a volta ao pódio

RADAMÉS LATTARI
especial para a Folha

O desempenho da seleção brasileira masculina no recém- encerrado Mundial mostrou que o vôlei de nosso país tem talentos de sobra e plenas condições de, com um pouco mais de trabalho, voltar a ocupar o lugar mais alto do pódio.
O quarto lugar não foi uma decepção. Muito pelo contrário. A seleção correspondeu plenamente a nossas expectativas, tantas vezes antecipadas, de ficar entre os quatro primeiros no Japão. Chegou, inclusive, a me surpreender, com a facilidade com que chegou à semifinal. E, talvez por isso, sair do Mundial sem medalhas deixou na boca um gostinho de quero mais.
Acho que, com um pouco mais de experiência, o grupo poderia ter subido no pódio. Oito de nossos 12 atletas estavam disputando seu primeiro Mundial. E brigaram de igual para igual com outros que disputavam o segundo ou até o terceiro Mundial e tinham jogado algumas Olimpíadas. Nossos jogadores foram bravos o tempo todo.
Também devo elogiar os reservas, sempre dispostos a colaborar e que nunca decepcionaram quando foram chamados em momentos importantes do Mundial. Creio que podemos dizer que a base para os Jogos de Sydney-2000 já está formada.
Para a próxima temporada, como o calendário será extenso, pretendo contar com um grupo de 20 jogadores para revezá-los durante as competições.
Teremos a Liga Mundial, os Jogos Pan-Americanos, o Sul- Americano, a Copa América e a Copa do Mundo. Esta última é o nosso objetivo principal, pois classifica os três primeiros para os Jogos Olímpicos. Se não conseguirmos, ainda disputaremos um outro torneio classificatório, em janeiro de 2000.
Com o revezamento nestes torneios, evitaremos o desgaste excessivo e daremos chances a todos de adquirir experiência e mostrar suas qualidades.
Afinal, com o trabalho que estamos fazendo, já se pode dizer que evoluímos em todos os sentidos e que, do ponto de vista técnico e tático, já estamos entre os melhores do mundo. O que nos falta mesmo é mais experiência, pois vontade de ganhar o ouro olímpico posso garantir que todos têm.
Outra prova de que estamos no caminho certo foram os elogios que recebemos durante todo o Mundial de jogadores, técnicos e jornalistas de outros países. Todos foram unânimes em enaltecer as qualidades de nossos jogadores e o trabalho de nossa comissão técnica.
Este reconhecimento internacional nos enche de orgulho, nos dá força para prosseguir, com muita luta, nesse trabalho de fortalecimento do vôlei masculino brasileiro. Creio que estamos prontos para entrar nesta nova era do esporte, que se inicia agora, com a entrada em vigor da nova regra de 25 pontos sem vantagem.
A partir da próxima semana, a comissão técnica da seleção estará acompanhando de perto os jogos da Superliga masculina, em busca de novos talentos e da confirmação da qualidade dos que já estiveram conosco.
Ao mesmo tempo, farei viagens pelo Brasil, dando prosseguimento ao projeto da CBV de unir cada vez mais os técnicos. Serão realizados cursos de atualização para profissionais do esporte em diversos pontos do país. Acredito que somente com a união dos que estão ligados ao vôlei será possível concretizar o sonho do ouro olímpico.
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Radamés Lattari Filho, 41, é técnico da seleção brasileira masculina de vôlei



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