|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BASQUETE
Técnicas de finalistas revelam afeto, explícito e comedido, por atletas
Duelo de "carinhos' marca a decisão feminina em SP
LUÍS CURRO
da Reportagem Local
Duas ex-companheiras de seleção brasileira nos anos 60 comandam as finalistas do Campeonato
Paulista feminino de basquete, cuja decisão começa hoje à noite.
A primeira partida do playoff
(melhor-de-cinco) acontece no ginásio Pedro Dell'Antonia, às 21h,
em Santo André, onde a Arcor recebe o BCN/Osasco, atual campeão paulista e mundial.
Lais Elena Aranha, 55, técnica da
Arcor, e Maria Helena Cardoso,
58, do BCN, têm expressões sisudas, mas ao assistir a seus treinos
percebe-se as diferenças.
Enquanto Lais mostra um tratamento fraternal, quase materno,
com contínuas palavras de incentivo, no relacionamento com as jogadoras, Maria Helena parece
sempre passar uma impressão de
insatisfação com sua equipe.
Na verdade, ambas se consideram abertamente disciplinadoras,
mas com estilos distintos.
"Somos diferentes como pessoas: a disciplina da Maria Helena
é mais exigida, e a minha é mais
conquistada", afirma Lais.
No último Nacional, Lais, no que
considerou uma exceção, sacou do
time a selecionável ala-pivô Leila
Sobral (hoje, atua na Grécia) por
indisciplina.
Já Maria Helena procura esconder, mas vive irritada com o que
julga estrelismo de algumas subordinadas. Neste Paulista, tenta de
todas as formas fazer sua cestinha,
Karina, se aplicar mais na defesa.
"É minha filosofia de jogo, tenho
interesse pela parte defensiva. Fico
em cima, e condeno, a jogadora
que só pensa em ter a bola para si
(no ataque)", diz ela.
"A carreira do esportista é marcada por títulos, e isso eu tenho em
todos os clubes que defendi", comenta a pivô do BCN, sobre quem
critica sua forma de jogar.
Segundo Lais, sua rival é mais
"rígida" nas cobranças. "Trabalho
o lado afetivo. Falo que a atleta
precisa trabalhar bem porque tem
que perceber que é bom para ela.
Não porque é uma obrigação fazer
isso ou aquilo. A cobrança tem que
vir delas mesmas."
"A jogadora tem que estar feliz, e
o grupo, unido, para render. A felicidade vem com um tratamento
carinhoso e de atenção", afirma a
treinadora da Arcor.
Ela exemplifica sua relação aberta dizendo que permite que "umas
cinco que gostam" tomem uma
cerveja após as vitórias. "Imagine
o que acontece se uma jogadora da
Maria Helena pede para tomar
uma cervejinha...", ironiza Lais.
A aparentemente mal-humorada
Maria Helena declara que está bem
menos exigente. "Já fui muito ditadora e linha-dura para conseguir o
que queria. Hoje, com mais maturidade, busco um meio-termo,
com diálogo e equilíbrio. Também
sei dar colo e carinho. Às vezes sou
técnica, às vezes sou mãe."
Sobre o aspecto sério, ela diz que
a alegria realmente só vem quando
o primeiro lugar é alcançado:
"Ninguém fica no bem-bom comigo. Às vezes, sou muito dura, mas
por um motivo maior. Quero vê-las no lugar mais alto do pódio,
sorrindo. Aí, também sorrio".
Sobre liberar ou não suas jogadoras para uma "cervejinha", a
treinadora do BCN diz que "há
dias e dias para tudo".
"O adulto tem que saber seu limite. Se (uma jogadora) está em uma
equipe de ponta, tem que saber o
que é bom e o que não é. Ou não vai
durar muito tempo."
²
NA TV - Sportv, ao vivo, às 21h
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|