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JUCA KFOURI
A antitorcida
Que os rubro-negros torceriam contra o Vasco até do outro lado do mundo era mais
que sabido.
Que Kleber Leite, enfim, deu
uma alegria à nação rubro-negra (a próxima dará ao sair do
clube) ao publicar nos jornais
do Rio um anúncio gozando os
vascaínos é inegável.
Mas que torcedores de outros
clubes do país festejassem a
derrota brasileira é novidade.
E o culpado tem nome e sobrenome e simboliza um tipo
de cartola que a torcida em geral não suporta mais.
Muita gente se manifestou
aliviada por considerar que
Eurico Miranda ficaria ainda
mais intragável se voltasse
campeão mundial.
Não deixa de ser uma reação
saudável, embora denote confusão -como em 1970, quando
a seleção brasileira era confundida com a ditadura militar-
entre um tipo menor e o grande
Vasco.
Que jogou muito bem no segundo tempo contra o Real
Madrid e perdeu como poderia
ter ganhado, principalmente se
Seedorf jogasse com a camisa
cruzmaltina e não com a merengue.
Mas as reações diante da derrota permitem outras constatações.
A cartolagem rubro-negra,
por exemplo, acabou por dar
ao Vasco a importância que só
era vista em sentido oposto
-com as constantes declarações do deputado de que bom
mesmo é vencer o Flamengo.
Teria sido mais inteligente, e
igualmente engraçado, se o
anúncio publicado pelo Mengo
não fizesse menção ao rival,
mas, por exemplo, tivesse saudado o craque Sávio como bicampeão mundial -uma vez
como torcedor, em 1981, e agora como atleta.
Outra constatação é técnica e
serve como alerta para novas
incursões brasileiras em Tóquio: ficar muito tempo sem jogar dá no apático primeiro
tempo do Vasco.
Mais uma observação, essa
destinada àqueles que desdenham do Mundial interclubes
ao alegar que a competição
não passa de um jogo extra-
oficial: como sempre, lá estava
a bandeira da Fifa, que escalou
a arbitragem e teve seu presidente para fazer a premiação
aos vitoriosos.
Finalmente, Suzuki-san que
me perdoe, só mesmo os japoneses para dar a Raúl o prêmio
de melhor em campo.
Ele fez sim um golaço, como
Juninho, mas a diferença quem
fez foi Seedorf, que, se tivesse
jogado mais do que os nove minutos que jogou contra o Brasil, na Copa da França, provavelmente não permitiria nem
sequer a prorrogação, quanto
mais os pênaltis.
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