São Paulo, sexta, 4 de dezembro de 1998

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JUCA KFOURI
A antitorcida

Que os rubro-negros torceriam contra o Vasco até do outro lado do mundo era mais que sabido.
Que Kleber Leite, enfim, deu uma alegria à nação rubro-negra (a próxima dará ao sair do clube) ao publicar nos jornais do Rio um anúncio gozando os vascaínos é inegável.
Mas que torcedores de outros clubes do país festejassem a derrota brasileira é novidade.
E o culpado tem nome e sobrenome e simboliza um tipo de cartola que a torcida em geral não suporta mais.
Muita gente se manifestou aliviada por considerar que Eurico Miranda ficaria ainda mais intragável se voltasse campeão mundial.
Não deixa de ser uma reação saudável, embora denote confusão -como em 1970, quando a seleção brasileira era confundida com a ditadura militar- entre um tipo menor e o grande Vasco.
Que jogou muito bem no segundo tempo contra o Real Madrid e perdeu como poderia ter ganhado, principalmente se Seedorf jogasse com a camisa cruzmaltina e não com a merengue.
Mas as reações diante da derrota permitem outras constatações.
A cartolagem rubro-negra, por exemplo, acabou por dar ao Vasco a importância que só era vista em sentido oposto -com as constantes declarações do deputado de que bom mesmo é vencer o Flamengo.
Teria sido mais inteligente, e igualmente engraçado, se o anúncio publicado pelo Mengo não fizesse menção ao rival, mas, por exemplo, tivesse saudado o craque Sávio como bicampeão mundial -uma vez como torcedor, em 1981, e agora como atleta.
Outra constatação é técnica e serve como alerta para novas incursões brasileiras em Tóquio: ficar muito tempo sem jogar dá no apático primeiro tempo do Vasco.
Mais uma observação, essa destinada àqueles que desdenham do Mundial interclubes ao alegar que a competição não passa de um jogo extra- oficial: como sempre, lá estava a bandeira da Fifa, que escalou a arbitragem e teve seu presidente para fazer a premiação aos vitoriosos.
Finalmente, Suzuki-san que me perdoe, só mesmo os japoneses para dar a Raúl o prêmio de melhor em campo.
Ele fez sim um golaço, como Juninho, mas a diferença quem fez foi Seedorf, que, se tivesse jogado mais do que os nove minutos que jogou contra o Brasil, na Copa da França, provavelmente não permitiria nem sequer a prorrogação, quanto mais os pênaltis.



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