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FUTEBOL
Deputado social-democrata apresenta projeto de lei para controlar e taxar a venda de jogadores ao exterior
Caso Zé Roberto gera 'lei' no Uruguai
da Reportagem Local
Um deputado do partido social-democrata Nuevo Espacio, do
Uruguai, apresentou na última
sexta-feira ao Parlamento nacional um projeto de lei para regulamentar as transferências de jogadores, uruguaios ou não, a clubes
do exterior e combater a evasão de
impostos naquele país.
O projeto foi apresentado em razão da revelação de que vários clubes desse país, que funciona como
uma espécie de paraíso fiscal, estão servindo de ponte em negociações internacionais.
O caso mais famoso é o da transferência do lateral-esquerdo Zé
Roberto da Lusa para o Real Madrid, equipe da Espanha, em fevereiro do ano passado.
No mês passado, a Folha publicou cópias de documentos provando que, em vez de uma negociação direta, Zé Roberto foi transferido para o Central Español, clube uruguaio da segunda divisão,
que o repassou no mesmo dia, 28
de fevereiro, ao Real Madrid.
Entre uma operação e a outra, o
valor da transferência do jogador
da seleção brasileira passou de US$
4,5 milhões para US$ 9,98 milhões.
O Central é um clube que mantém relações muito estreitas com o
empresário de futebol Juan Figer.
É nesse clube que Figer registra
os jogadores de cujo contrato de
trabalho ou passe é dono. Pela legislação da Fifa, os jogadores somente podem ser registrados em
nome de clubes, não de pessoas.
Outro caso que se transformou
em escândalo foi o da transferência do meia argentino Ruben Capria, do Racing, da Argentina.
Inicialmente, Capria foi negociado com o Wanderers, do Uruguai.
Mas, mesmo sem ter feito nem ao
menos um treino com o clube uruguaio, ele passou para o Cruz Azul,
do México. Na época, um jornal
argentino disse que Capria fora
negociado por "Evasores Futebol
Clube", em referência à aparente
sonegação de impostos.
Os escândalos envolvem até revelações do futebol uruguaio.
No ano passado, a Internazionale, da Itália, contratou o atacante
Álvaro Recoba, que jogava no Nacional, uma das principais equipes
do país. A Juventus, também da
Itália, contratou o jogador Marcelo Zalayeta, do Nacional.
Mas na ficha dos dois jogadores
na Associação Uruguaia de Futebol (AUF) consta que, oficialmente, eles não pertenciam ao Nacional, mas ao Fênix, da segunda divisão, clube pelo qual nunca jogaram. As suspeitas, novamente, são
de que eles pertenciam a algum
empresário do país.
Impostos
Para combater essa situação, o
deputado Ricardo Falero apresentou projeto de lei que propõe que
os clubes uruguaios paguem 14%
de imposto sobre o dinheiro arrecadado com a venda de jogadores
ao exterior.
Falero propõe ainda que 60% do
dinheiro arrecadado pelo novo
imposto seja destinado à Comissão Nacional de Educação Física,
que dirige o esporte uruguaio, e os
outros 40%, à AUF e a Organização de Futebol do Interior (OFI).
Falero defende que o dinheiro
seja destinado ao desenvolvimento da infra-estrutura esportiva e da
prática de esportes por crianças,
adolescentes e deficientes físicos.
O Uruguai, com três milhões de
habitantes, é um dos países do
mundo com maior evasão de jogadores de futebol proporcionalmente à população.
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