São Paulo, Quarta-feira, 05 de Janeiro de 2000


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FUTEBOL
Começa hoje no Brasil o campeonato que oficializa o interesse da entidade pelo potencial dos times
Fifa abre o seu 1º torneio de clubes e redesenha a ordem mundial da bola

Juca Varella/Folha Imagem
Voluntários carregam bandeira da Arábia Saudita durante ensaio de ontem, no estádio do Morumbi, que a partir de hoje abriga o primeiro Mundial de Clubes da Fifa


da Reportagem Local

e da Sucursal do Rio


Quando inaugurar hoje, instantes antes da partida Real Madrid x Al Nassr, no Morumbi, o seu primeiro Mundial interclubes, a Fifa começa a tentar domar um monstro que tem potencial para ameaçar a sua galinha dos ovos de ouro, a Copa do Mundo.
Mais do que isso, a entidade que comanda o futebol no planeta estará estabelecendo uma nova ordem no futebol mundial, em que os clubes deixam de ser meros coadjuvantes, e as seleções nacionais, únicas protagonistas.
Segundo estudo da Fifa, o impacto do futebol na economia mundial gira em torno de US$ 260 bilhões por ano.
No mundo globalizado, a maior parte desse dinheiro vem de empresas multinacionais, que investem cada vez mais em clubes.
A nova competição da Fifa, que poderá gradativamente se consolidar como a única disputa interclubes do planeta, já que o Mundial de Tóquio terá uma sobrevida de no máximo três anos, deverá será a maior vitrine dessas agremiações esportivas.
Investindo tanto nos clubes, as empresas vêm apresentando uma crescente resistência em ceder os seus jogadores às seleções.
Dois exemplos recentes podem insinuar o futuro dessa embate: o do meia-atacante Denílson, disputado entre Bétis e seleção brasileira pré-olímpica, e o das seleções argentina e uruguaia na Copa América-98, que disputaram com equipes B porque os clubes europeus se recusaram a ceder suas principais estrelas.
O cenário é uma ampliação do controverso braço-de-ferro travado hoje no Brasil entre a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e os clubes.
Amparadas pela Lei Pelé, que permite a criação de ligas independentes, as agremiações, norteadas pelas empresas que lhe bancam, rumam para uma realidade que prescindirá da CBF.
Se no Brasil o apelo da seleção junto à população ainda é muito forte, na Europa, maior centro do futebol mundial, ele não resiste ao poderio dos clubes -que, em muitos casos, são mais queridos do que a própria seleção do país.
As TVs, outro braço financiador e beneficiário dessa megaindústria de entretenimento, também têm interesse em mais um torneio interplanetário e devem seguir a tendência do mercado.
Como ocorreu com a própria Copa do Mundo em seu início, o Mundial de Clubes ainda está mergulhado em incertezas. O presidente do comitê organizador do torneio, o saudita Abdullah Al Dabal, não confirmou se haverá uma segunda versão do torneio.
""Após encerrar a competição, vamos ler os relatórios técnicos, analisar o interesse da imprensa, ver todos os pontos positivos e negativos. Após esta fase, vamos enviar o nosso parecer a Fifa, que tomará a decisão certa", disse.
Questionado sobre a periodicidade do torneio, Al Dabal disse que não responderia a pergunta.
Inicialmente, a Fifa havia anunciado que realizaria o campeonato anualmente. Depois, de dois em dois anos.
O saudita disse que ainda não estava definido em qual competição um atleta suspenso no Mundial teria que cumprir a pena.


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