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Torneio, que começa hoje com 14 partidas, tem clubes bancados por bingo, igreja e empresários
Novos capitalistas da bola invadem a Copa do Brasil
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O sonho capitalista do futebol
brasileiro não morreu, só mudou
para endereços menos nobres. No
lugar de clubes tradicionais, os investidores apostam suas fichas,
bem menos valiosas agora, em times pequenos de todo o país.
Prova disso será a edição 2003
da Copa do Brasil, que começa
hoje com a realização de 14 jogos.
Sete clubes de sete Estados diferentes que irão jogar o certame
funcionam como clube-empresa.
Só que, em vez de milionários
fundos norte-americanos ou gigantes suíços do marketing esportivo, o negócio é agora tocado por um grupo bem mais eclético.
Entre os investidores que agora
têm a chance de se destacarem
com seus clubes no segundo torneio nacional mais importante do
Brasil, aparecem uma igreja, o
técnico da seleção japonesa, um
bingo, os responsáveis pela carreira de Ronaldo e empresários
afoitos em ganhar dinheiro.
Todos esses clubes chegam à
Copa do Brasil pela porta da frente, já que conquistaram esse direito dentro dos gramados.
É o caso, por exemplo, do CFA,
de Rondônia, campeão de seu Estado em 2002, mas que cresceu
amparado pelo poder.
O clube, que tem o Bingool, bingo de Porto Velho, como um de
seus donos, foi fundado, em 1999,
por Heitor Costa, presidente da
federação local e um dos mais
próximos aliados de Ricardo Teixeira, o presidente da CBF.
Mas não são só cartolas poderosos que investem. Um deus da bola e um "representante" de Deus
também estarão torcendo por
seus clubes na Copa do Brasil.
Em Brasília, Zico, hoje treinando a seleção japonesa, levou o seu
CFZ, que no Rio não conseguiu
nada parecido, ao título do Brasiliense. "Mostramos a ele [Zico]
que poderia ser mais fácil alcançar projeção nacional no Distrito
Federal", conta Rodrigo Luis Lot,
um dos seis sócios do ex-jogador.
No Mato Grosso do Sul, o Cene,
equipe ligada ao reverendo sul-coreano Moon, foi novamente
campeão estadual.
Para evitarem prejuízo, os novos capitalistas da bola assinam
contratos vantajosos.
O empresário Oliveira Júnior
assumiu o Ituano em 1999 e assinou um contrato para administrar o clube por dez anos. Ele quitou as dívidas do clube e criou a
empresa Ituano Sociedade Civil.
"A empresa tem cem cotas, 99 são
minhas, e uma, do Ituano. O clube
não tem direito a veto e a dividendos. Eu não posso dilapidar o patrimônio do clube e nem prejudicar a sua imagem. No final do
contrato, devolvo os bens imóveis
ao Ituano. Todos os jogadores são
só meus", explica o empresário.
O caso do Ituano é parecido
com os de Corinthians (AL), Iraty
(PR) e Bangu. Basicamente, esses
clubes funcionam para gerar lucro, o mais rápido possível, na negociação de jogadores.
No Bangu, 18 atletas estão ligados a Alexandre Martins e Reinaldo Pitta, empresários de Ronaldo
que tocam o futebol do clube.
Colaboraram Marcelo Sakate e Ricardo Perrone, da Reportagem Local
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