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OLIMPÍADA
Amparada por uma brasileira, Tammy Crow tenta ir a Atenas após ser condenada por acidente que matou dois
Por Jogos, Justiça dos EUA esquece mortes
GUILHERME ROSEGUINI
DA REPORTAGEM LOCAL
A perfeição dos movimentos
que executa na água levou
Tammy Crow à seleção norte-americana de nado sincronizado.
Em agosto, ela pode realizar o
sonho de participar de sua primeira Olimpíada. Sua trajetória
para chegar à Atenas, porém, envolve duas mortes e um acidente
que sacudiu a Justiça dos EUA.
Em fevereiro de 2003, Tammy,
27 anos completados anteontem,
destruiu o carro que guiava. Quase nada sofreu, mas o namorado e
um garoto de 12 anos que estavam
no veículo morreram.
Após responder a processo, ela
recebeu no mês passado uma punição: 90 dias de prisão no condado de Tuolumne, Califórnia.
Ela havia bebido em uma festa
antes de se sentar ao volante, mas
não foram detectados vestígios de
álcool em seu sangue.
Só que um fato inusitado marcou a sentença. Eleanor Provost,
juíza que cuidou do caso, disse
que Tammy deve se apresentar
para cumprir pena apenas em outubro, depois de representar o
país no Jogos de Atenas.
Para especialistas, o fato soou
estranho. Pareceu um privilégio
obtido porque Tammy é atleta
olímpica. "Já vi casos em que se
estendeu a data de início de detenção, mas não por nove meses",
disse o promotor James Newkirk.
Natural de Saint Louis, a competidora conseguiu sua vaga na
seleção principal dos EUA há apenas dois meses. E, apesar das circunstâncias, mantém firme o objetivo de viajar à Grécia.
"Só posso dizer que sinto muito,
muito mesmo por este terrível
acidente", disse a atleta ontem,
rompendo a reclusão em seu primeiro pronunciamento oficial.
O incentivo que Tammy busca
para esquecer o recente passado
vem de sua família, de suas colegas de delegação americana e
também de uma brasileira.
Linai Vaz de Negri é uma ex-nadadora que chegou a integrar o time principal do Brasil. Ela ocupa
o cargo de diretora das seleções
nacionais na federação dos EUA
de nado sincronizado.
"Devemos ressaltar que Tammy
não é uma criminosa, o que é
muito importante. Vamos lutar
pela sua participação na Olimpíada", disse Linai à Folha.
Hoje dirigente, ela chegou a disputar alguns torneios de nado sincronizado no Brasil. Em 1992, já
nos EUA, veio ao Rio para dar um
curso sobre a modalidade.
Três anos depois, foi consultora
das gêmeas Isabela e Carolina de
Moraes, bronze na prova de dueto
nos dois últimos Pans e principais
expoentes desse esporte no Brasil.
Agora, Linai tenta fazer Tammy
apagar da memória o fatídico dia
16 de fevereiro de 2003 e centrar
os esforços da atleta nos treinos.
Naquela manhã de domingo, à
bordo de um Nissan preto,
Tammy e o namorado, Cody Tatro, pretendiam esquiar nas montanhas. No meio do caminho, o
casal resolveu dar uma carona para Brett Slinger, 12, que seguia para o mesmo destino.
Às 7h25, ela perdeu o controle.
O carro saiu da pista, capotou e se
chocou com dois pinheiros. Além
dos 90 dias em que ficará detida, a
competidora vai pagar US$ 23 mil
à família Slinger. Os parentes de
Tatro não pediram indenização.
Com agências internacionais
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