DA REPORTAGEM LOCAL

A Espanha pode perder seus dois GPs de F-1 caso voltem a ocorrer no país manifestações racistas de torcedores, como a que atingiu ontem o piloto Lewis Hamilton, 23, da McLaren.
Na sexta e no sábado, em Montmeló (próximo a Barcelona), o público hostilizou Hamilton toda vez que o inglês aparecia nos boxes da equipe durante bateria de testes.
Além de gritos, os torcedores pregaram faixas contra o piloto, o primeiro negro a pilotar um F-1. A segurança expulsou duas pessoas do autódromo, e as faixas foram retiradas.
Hamilton foi companheiro de equipe de Fernando Alonso na McLaren em 2007. A rivalidade entre os dois precipitou a saída do espanhol, bicampeão mundial, da equipe -transferiu-se para a Renault. Alonso acusava continuamente a escuderia de favorecer o rival.
Ontem, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) divulgou que o GP da Espanha, dia 27 de abril, em Montmeló, e o GP da Europa, dia 24 de agosto, em Valência, correm risco de deixar o calendário.
"Pediremos relatório às autoridades nacionais esportivas da Espanha sobre o que aconteceu no fim de semana e que estamos decidindo qual passo será tomado", divulgou a FIA.
"A F-1 é um esporte multicultural. Não temos cenas como essas em nossa história e não queremos vê-las", completou a federação de automobilismo.
A direção do circuito de Montmeló disse que tomará medidas legais contra os torcedores. Já Hamilton lamentou ontem o episódio. "Fiquei triste. Adoro esse país, e aquele circuito é um dos meus três preferidos. Os espanhóis sempre foram simpáticos comigo."