São Paulo, Sexta-feira, 05 de Fevereiro de 1999
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JUCA KFOURI

Creme do creme

Uma das tarefas mais ingratas é a de escalar a seleção brasileira de todos os tempos, algo que nos pedem sempre.
A minha muda de pedido em pedido, às vezes por puro esquecimento da seleção anterior, às vezes por mera mudança de opinião ou humor.
Eis porém que o livro ""Futebol-Arte", em breve nas livrarias, provocou Telê Santana, Armando Nogueira, Jô Soares, Sérgio Nogueira, Sérgio Sá Leitão e a mim, para que cada um escalasse os melhores 22 brasileiros da história.
A começar do fato que alguns escalaram duas seleções, a titular e a reserva, e outros, como eu, se limitaram a listar 22 nomes. Houve quem, como Sérgio Sá Leitão, por sinal um dos organizadores do livro, que é uma jóia, que escalou até craques que não viu, como Leônidas da Silva.
Apesar de tudo, apenas sete jogadores aparecem na lista dos seis: Carlos Alberto, Nílton Santos, Garrincha, Didi, Zico, Rivellino e Pelé.
Na minha, por exemplo, aparecem dois ídolos do Galo, Toninho Cerezo e Reinaldo, que não estão citados em nenhuma das demais.
É claro que, se essas relações fossem feitas também na base do ouvir falar, ou do que se leu etc., nomes como os de Leônidas, Friedenreich, Domingos da Guia e Zizinho também seriam unânimes.
Mas a diferença de idade dos votantes sempre impede tais unanimidades e talvez seja a explicação para o fato de a pesquisa da revista ""Isto É" ter apontado Ayrton Senna como o ""Esportista Brasileiro do Século". Quando a revista pediu a 30 ""notáveis" -a expressão é da ""Isto É"-, entre os quais este que vos escreve, que escolhessem 30 nomes que seriam submetidos a seus leitores, Pelé alcançou unanimidade e Senna, 28 votos.
Mas os leitores o escolheram, ainda comovidos por sua morte tão recente e dramática e porque o leitorado da revista é jovem -uma ótima notícia para a ""Isto É".
Como já escreveu meu querido tio Alberto Helena Jr., dá para discutir até se o automobilismo é mesmo um esporte, embora não se discuta que Senna seja uma figura inesquecível na história do Brasil e que Pelé não tenha rival nem aqui nem em parte alguma do mundo nesta disputa -apesar do extraordinário Michael Jordan (que me perdoe o Melchiades) e do admirável Muhammad Ali (que me perdoe o Matinas, até porque, se tenho dúvidas sobre se automobilismo é ou não um esporte, não a tenho sobre o boxe, que definitivamente não é).



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