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JUCA KFOURI
Creme do creme
Uma das tarefas mais ingratas é a de escalar a seleção brasileira de todos os tempos, algo
que nos pedem sempre.
A minha muda de pedido em
pedido, às vezes por puro esquecimento da seleção anterior, às vezes por mera mudança de opinião ou humor.
Eis porém que o livro ""Futebol-Arte", em breve nas livrarias, provocou Telê Santana,
Armando Nogueira, Jô Soares,
Sérgio Nogueira, Sérgio Sá Leitão e a mim, para que cada um
escalasse os melhores 22 brasileiros da história.
A começar do fato que alguns escalaram duas seleções,
a titular e a reserva, e outros,
como eu, se limitaram a listar
22 nomes. Houve quem, como
Sérgio Sá Leitão, por sinal um
dos organizadores do livro,
que é uma jóia, que escalou até
craques que não viu, como
Leônidas da Silva.
Apesar de tudo, apenas sete
jogadores aparecem na lista
dos seis: Carlos Alberto, Nílton
Santos, Garrincha, Didi, Zico,
Rivellino e Pelé.
Na minha, por exemplo,
aparecem dois ídolos do Galo,
Toninho Cerezo e Reinaldo,
que não estão citados em nenhuma das demais.
É claro que, se essas relações
fossem feitas também na base
do ouvir falar, ou do que se leu
etc., nomes como os de Leônidas, Friedenreich, Domingos
da Guia e Zizinho também seriam unânimes.
Mas a diferença de idade dos
votantes sempre impede tais
unanimidades e talvez seja a
explicação para o fato de a
pesquisa da revista ""Isto É" ter
apontado Ayrton Senna como
o ""Esportista Brasileiro do Século". Quando a revista pediu
a 30 ""notáveis" -a expressão
é da ""Isto É"-, entre os quais
este que vos escreve, que escolhessem 30 nomes que seriam
submetidos a seus leitores, Pelé alcançou unanimidade e
Senna, 28 votos.
Mas os leitores o escolheram,
ainda comovidos por sua morte tão recente e dramática e
porque o leitorado da revista é
jovem -uma ótima notícia
para a ""Isto É".
Como já escreveu meu querido tio Alberto Helena Jr., dá
para discutir até se o automobilismo é mesmo um esporte,
embora não se discuta que
Senna seja uma figura inesquecível na história do Brasil e
que Pelé não tenha rival nem
aqui nem em parte alguma do
mundo nesta disputa -apesar do extraordinário Michael
Jordan (que me perdoe o Melchiades) e do admirável Muhammad Ali (que me perdoe o
Matinas, até porque, se tenho
dúvidas sobre se automobilismo é ou não um esporte, não a
tenho sobre o boxe, que definitivamente não é).
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