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SPARRING
Imagem
EDUARDO OHATA
John Wayne. No cinema, o
norte-americano notabilizou-se
por fazer o papel do homem caladão, que não fazia ameaças.
Ao ser provocado, no entanto,
era implacável com os inimigos,
fossem eles bandidos, índios ou
mexicanos. Ironicamente, é esse
comportamento -silêncio e eficiência- que o povo do país dos
tacos espera de seus lutadores.
Esse foi o perfil de alguns de
seus campeões mais adorados,
como ""Pipino" Cuevas, ""Chiquita" González e Daniel Zaragoza,
entre outros. Nenhum deles prometia vitórias espetaculares,
mas participavam de guerras.
A admiração dos mexicanos
por esse tipo de lutador, segundo
confidenciou a esta coluna um
assessor da empresa Top Rank,
que promove Oscar de la Hoya, é
um dos obstáculos para que o
norte-americano seja aceito como ídolo no México. Segundo ele,
os rumores de que De la Hoya lutaria no México não passaram
de conversa. ""Ele não é mexicano, não age como um."
A situação de De la Hoya piorou quando, antes da revanche
com Júlio César Chávez, o ""Golden Boy", que ontem completou
26 anos, disse que poria o ex-campeão para dormir. Em dois
combates, De la Hoya não impôs
nem uma queda ao mexicano.
Outro erro foi ter demitido o
técnico mexicano Jesus Rivero,
após este ter trabalhado só uma
vez em seu córner -contra Pernell Whitaker. Aos olhos dos
compatriotas de Rivero, isso foi
um verdadeiro desrespeito.
O fato de a Top Rank tentar fazer De la Hoya parecer perfeito
constitui outro problema. O fato
de ter posado com o filho para
provar que é bom pai, porém só
depois de jornais e revistas terem
revelado a existência da criança,
é um desses exemplos.
Para agradar aos mexicanos
nada disso seria necessário. Eles
já adoraram campeões como o
playboy Ruben Olivares, cujo estilo de vida acabou lhe custando
várias derrotas. Na verdade, poderiam respeitar mais um rústico matador de mexicanos do que
o ""comercial" De la Hoya.
NOTAS
Imagem é tudo 1
Durante teleconferência para
promoção do combate entre
Oscar de la Hoya e o ganês Ike
Quartey, perguntaram ao norte-americano como andava o
processo que está sofrendo por
suposto abuso sexual. Primeiro, ele fingiu não entender as
perguntas. Depois, balbuciou:
""Isso é tudo mentira... será fácil
ganhar esse processo...". Logo
em seguida, o promotor do lutador, Bob Arum, interveio, pedindo que ""esse tipo de questão" fosse evitado. Arum, aliás,
preocupa-se tanto com a imagem de De la Hoya que até proibiu o lutador de frequentar as
mesas de cassinos.
Imagem é tudo 2
Bob Arum pediu aos ex-campeões ""Sugar" Ray Leonard e
Thomas ""Hit Man" Hearns, os
dois maiores meio-médios da
década de 80, para darem uma
mão na promoção do combate
entre De la Hoya e Quartey. Ele
quer usar suas imagens para associar a luta às grandes apresentações dos anos 80.
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