São Paulo, Sexta-feira, 05 de Fevereiro de 1999
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SPARRING
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EDUARDO OHATA

John Wayne. No cinema, o norte-americano notabilizou-se por fazer o papel do homem caladão, que não fazia ameaças. Ao ser provocado, no entanto, era implacável com os inimigos, fossem eles bandidos, índios ou mexicanos. Ironicamente, é esse comportamento -silêncio e eficiência- que o povo do país dos tacos espera de seus lutadores.
Esse foi o perfil de alguns de seus campeões mais adorados, como ""Pipino" Cuevas, ""Chiquita" González e Daniel Zaragoza, entre outros. Nenhum deles prometia vitórias espetaculares, mas participavam de guerras.
A admiração dos mexicanos por esse tipo de lutador, segundo confidenciou a esta coluna um assessor da empresa Top Rank, que promove Oscar de la Hoya, é um dos obstáculos para que o norte-americano seja aceito como ídolo no México. Segundo ele, os rumores de que De la Hoya lutaria no México não passaram de conversa. ""Ele não é mexicano, não age como um."
A situação de De la Hoya piorou quando, antes da revanche com Júlio César Chávez, o ""Golden Boy", que ontem completou 26 anos, disse que poria o ex-campeão para dormir. Em dois combates, De la Hoya não impôs nem uma queda ao mexicano.
Outro erro foi ter demitido o técnico mexicano Jesus Rivero, após este ter trabalhado só uma vez em seu córner -contra Pernell Whitaker. Aos olhos dos compatriotas de Rivero, isso foi um verdadeiro desrespeito.
O fato de a Top Rank tentar fazer De la Hoya parecer perfeito constitui outro problema. O fato de ter posado com o filho para provar que é bom pai, porém só depois de jornais e revistas terem revelado a existência da criança, é um desses exemplos.
Para agradar aos mexicanos nada disso seria necessário. Eles já adoraram campeões como o playboy Ruben Olivares, cujo estilo de vida acabou lhe custando várias derrotas. Na verdade, poderiam respeitar mais um rústico matador de mexicanos do que o ""comercial" De la Hoya.

NOTAS

Imagem é tudo 1
Durante teleconferência para promoção do combate entre Oscar de la Hoya e o ganês Ike Quartey, perguntaram ao norte-americano como andava o processo que está sofrendo por suposto abuso sexual. Primeiro, ele fingiu não entender as perguntas. Depois, balbuciou: ""Isso é tudo mentira... será fácil ganhar esse processo...". Logo em seguida, o promotor do lutador, Bob Arum, interveio, pedindo que ""esse tipo de questão" fosse evitado. Arum, aliás, preocupa-se tanto com a imagem de De la Hoya que até proibiu o lutador de frequentar as mesas de cassinos.

Imagem é tudo 2
Bob Arum pediu aos ex-campeões ""Sugar" Ray Leonard e Thomas ""Hit Man" Hearns, os dois maiores meio-médios da década de 80, para darem uma mão na promoção do combate entre De la Hoya e Quartey. Ele quer usar suas imagens para associar a luta às grandes apresentações dos anos 80.


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