São Paulo, segunda-feira, 05 de março de 2001

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VÔLEI
Futuro ameaçado

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

V ocê sabia que na próxima Superliga feminina os clubes só poderão ter uma segunda atleta estrangeira se ela for levantadora? Essa resolução da Confederação Brasileira, que ainda não foi divulgada oficialmente, merece reflexão, já que pode trazer consequências sérias para o futuro da seleção.
Para quem acompanha vôlei não é novidade: a maior dificuldade hoje no país é a falta de novas grandes levantadoras. Fernanda Venturini, que há dois anos deixou a seleção, e Fofão, titular em Sydney mas que já está com 31 anos, reinam absolutas. A distância delas em relação às outras é grande.
Não por acaso, a maior preocupação na Olimpíada de Sydney era com Fofão, a única que não poderia mesmo ficar fora dos jogos decisivos. Sem ela, os planos de chegar a medalha olímpica teriam naufragado.
A decisão de permitir a contratação de uma segunda estrangeira somente para a posição de levantadora pode levar mais uma geração de brasileiras a ficar no banco de reservas das equipes e sem chances de evoluir. E quem vai sofrer o prejuízo será a seleção.
Um exemplo da importância de jogar é a levantadora Marcelle, do BCN. Nesta temporada, ela teve a chance de atuar mais, de ser titular. Resultado: o seu jogo melhorou muito em relação à temporada anterior. As estatísticas mostram que ela é a terceira melhor da Superliga.
Nessa história, ainda há mais um agravante: entre as estrangeiras, existe hoje praticamente apenas uma grande levantadora. É a croata Irina Kirillova, que atua na Itália. Com isso, a tendência é ter levantadoras estrangeiras medianas na próxima Superliga e que pouco vão acrescentar tecnicamente.
O lucro técnico é bem menor do que o prejuízo de impedir que as levantadoras brasileiras tenham chance de ser titulares.
O certo é que essa história remete a outro velho problema: a maneira como as decisões são tomadas na Superliga. Está na hora de a confederação ouvir e passar a levar em consideração os opiniões de técnicos, clubes e comissões técnicas das seleções.
A esperança espanhola durou pouco. Júlio Velasco, técnico que construiu o império italiano no vôlei, recusou a proposta de dirigir a Espanha. Velasco, que coleciona dois títulos mundiais, cinco na Liga Mundial e uma medalha de prata olímpica, continuará no futebol como assessor da Inter, de Milão.
Um pena: seria importante a volta para o vôlei de um dos técnicos mais vitoriosos dos anos 90. Está certo que com a seleção espanhola, décima colocada nos Jogos de Sydney, nem Velasco daria muito jeito a curto prazo.
Um dos cotados agora para assumir o comando na Espanha é Angiolino Frigoni, que desde 98 dirigia a seleção feminina da Itália. Na última semana, ele surpreendeu ao anunciar que não iria renovar seu contrato por mais quatro anos.
Com Frigoni, ex-assistente de Velasco, as italianas registraram suas principais conquistas: o quinto lugar no Mundial de 98 no Japão e a histórica qualificação para disputar a primeira Olimpíada em Sydney, em 2000.
A Federação Italiana foi rápida e já indicou o sucessor de Frigoni: Marco Bonitta, 37 anos e atual técnico do Ravenna. No currículo, Bonitta tem dois títulos italianos com o Bergamo.

Superliga
O Banespa deu um show de saque na vitória sobre o Palmeiras por 3 sets a 1 na rodada do final de semana. Foram dez pontos diretos de saque, dos quais seis só do atacante Joel. O Banespa também fará, até quarta-feira, a partir das 8h, sua tradicional peneira. Podem participar dos testes meninos nascidos entre 1983 e 85. Local: ginásio do Esporte Clube Banespa (avenida Santo Amaro, nš 5.355, Brooklin, zona sudoeste de São Paulo).

Italiano
Desfalcada de Hilma, que ainda se recupera de uma contusão no ombro, a equipe de Spezzano caiu para o último lugar no Campeonato Italiano. Na quinta rodada do returno, o time perdeu para o Firenze por 3 sets a 0 e completou 13 derrotas em 16 jogos. Já o Modena, de Ana Flávia, está na quarta posição com 11 vitórias e 5 derrotas. O líder da competição é o Reggio Calabria, da russa Evguenia Artamonova.

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