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VÔLEI
Futuro ameaçado
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
V ocê sabia que na próxima
Superliga feminina os clubes só poderão ter uma segunda
atleta estrangeira se ela for levantadora? Essa resolução da
Confederação Brasileira, que
ainda não foi divulgada oficialmente, merece reflexão, já que
pode trazer consequências sérias para o futuro da seleção.
Para quem acompanha vôlei
não é novidade: a maior dificuldade hoje no país é a falta de
novas grandes levantadoras.
Fernanda Venturini, que há
dois anos deixou a seleção, e Fofão, titular em Sydney mas que
já está com 31 anos, reinam absolutas. A distância delas em relação às outras é grande.
Não por acaso, a maior preocupação na Olimpíada de
Sydney era com Fofão, a única
que não poderia mesmo ficar fora dos jogos decisivos. Sem ela,
os planos de chegar a medalha
olímpica teriam naufragado.
A decisão de permitir a contratação de uma segunda estrangeira somente para a posição de levantadora pode levar
mais uma geração de brasileiras
a ficar no banco de reservas das
equipes e sem chances de evoluir. E quem vai sofrer o prejuízo será a seleção.
Um exemplo da importância
de jogar é a levantadora Marcelle, do BCN. Nesta temporada,
ela teve a chance de atuar mais,
de ser titular. Resultado: o seu
jogo melhorou muito em relação à temporada anterior. As estatísticas mostram que ela é a
terceira melhor da Superliga.
Nessa história, ainda há mais
um agravante: entre as estrangeiras, existe hoje praticamente
apenas uma grande levantadora. É a croata Irina Kirillova,
que atua na Itália. Com isso, a
tendência é ter levantadoras estrangeiras medianas na próxima Superliga e que pouco vão
acrescentar tecnicamente.
O lucro técnico é bem menor
do que o prejuízo de impedir
que as levantadoras brasileiras
tenham chance de ser titulares.
O certo é que essa história remete a outro velho problema: a
maneira como as decisões são
tomadas na Superliga. Está na
hora de a confederação ouvir e
passar a levar em consideração
os opiniões de técnicos, clubes e
comissões técnicas das seleções.
A esperança espanhola durou
pouco. Júlio Velasco, técnico que
construiu o império italiano no
vôlei, recusou a proposta de dirigir a Espanha. Velasco, que coleciona dois títulos mundiais,
cinco na Liga Mundial e uma
medalha de prata olímpica,
continuará no futebol como assessor da Inter, de Milão.
Um pena: seria importante a
volta para o vôlei de um dos técnicos mais vitoriosos dos anos
90. Está certo que com a seleção
espanhola, décima colocada nos
Jogos de Sydney, nem Velasco
daria muito jeito a curto prazo.
Um dos cotados agora para
assumir o comando na Espanha
é Angiolino Frigoni, que desde
98 dirigia a seleção feminina da
Itália. Na última semana, ele
surpreendeu ao anunciar que
não iria renovar seu contrato
por mais quatro anos.
Com Frigoni, ex-assistente de
Velasco, as italianas registraram suas principais conquistas:
o quinto lugar no Mundial de 98
no Japão e a histórica qualificação para disputar a primeira
Olimpíada em Sydney, em 2000.
A Federação Italiana foi rápida e já indicou o sucessor de Frigoni: Marco Bonitta, 37 anos e
atual técnico do Ravenna. No
currículo, Bonitta tem dois títulos italianos com o Bergamo.
Superliga
O Banespa deu um show de saque na vitória sobre o Palmeiras
por 3 sets a 1 na rodada do final de semana. Foram dez pontos
diretos de saque, dos quais seis só do atacante Joel. O Banespa
também fará, até quarta-feira, a partir das 8h, sua tradicional
peneira. Podem participar dos testes meninos nascidos entre
1983 e 85. Local: ginásio do Esporte Clube Banespa (avenida
Santo Amaro, nš 5.355, Brooklin, zona sudoeste de São Paulo).
Italiano
Desfalcada de Hilma, que ainda se recupera de uma contusão
no ombro, a equipe de Spezzano caiu para o último lugar no
Campeonato Italiano. Na quinta rodada do returno, o time perdeu para o Firenze por 3 sets a 0 e completou 13 derrotas em 16
jogos. Já o Modena, de Ana Flávia, está na quarta posição com 11
vitórias e 5 derrotas. O líder da competição é o Reggio Calabria,
da russa Evguenia Artamonova.
E-mail cidasan@uol.com.br
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