São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2004

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Pelé vira a mesa e coloca Brasil no topo de sua lista

Reunião de emergência antes de festa da Fifa reconhece gafe do "Rei" e inclui Rivellino e Nilton Santos na relação dos melhores jogadores vivos

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Reunião de emergência, poucas horas antes do primeiro grande evento comemorativo do centenário da Fifa, fez Pelé voltar atrás, engordar a lista de premiados e pôr o Brasil como o país com mais indicações na relação dos melhores jogadores vivos da história.
Compilada pelo Atleta do Século, a relação dos eleitos continha inicialmente 120 homenageados.
Mas, às pressas, devido à comoção entre ex-desportistas e dirigentes gerada pela revelação da lista original pela Folha, anteontem, os organizadores incharam a lista para 124 nomes e incluíram Rivellino e Nilton Santos, o alemão Uwe Seeler e o holandês Van Basten -o 125º é Pelé, que ganhou o título de "hors concours".
"Não posso comentar isso agora, mas mudamos hoje [ontem] a lista", declarou, por telefone, da capital inglesa, Renato Duprat, coordenador do projeto e funcionário da Pelé Pro, empresa que administra os negócios do maior craque da história do futebol.
O encontro de última hora, realizado num escritório no centro de Londres, reuniu a cúpula da Pelé Pro, o próprio Pelé, o vice-secretário-geral da Fifa, Jerome Champagne, e representantes da Duet, agência de marketing dona dos direitos do evento.
Na lista original, o Brasil aparecia com 12 jogadores, sem contar Pelé: Cafu, Carlos Alberto Torres, Djalma Santos, Falcão, Júnior, Rivaldo, Roberto Carlos, Romário, Ronaldinho, Ronaldo, Sócrates e Zico. Pentacampeã do mundo, a seleção emplacava um indicado a menos do que Itália, três títulos, e França, somente um título.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, com a lista de 120 nomes, reclamou de tal distorção e, na capital inglesa, questionou as ausências de Rivellino, Nilton Santos, Gerson e Tostão.
Representante da presidência da Fifa no evento, Teixeira confirmou a virada de mesa. "Por causa da repercussão negativa da divulgação, mudaram tudo pela manhã [de ontem]. Na lista que recebi, não tinha nem Nilton Santos nem Rivellino. Mexeram, mas ainda ficou faltando gente", disse o cartola, uma hora antes da festa no Museu de História Natural.
Pelé ainda esboçou ontem uma "operação abafa". Disse que a lista divulgada pela Folha não era a definitiva. No entanto, até o fechamento desta edição, o próprio site oficial da cerimônia (www.the-100.com/all-players-by-country.aspx) ignorava a adição de Rivellino e Nilton Santos.
No atropelo, aliás, os dois nem chegaram a ser chamados para a festa -ao contrário de todos os 120 da relação inicial, contatados ao longo dos últimos três meses.
O ex-meia e o ex-lateral também não foram procurados para posar para fotografias que serão publicadas no livro "The Hundred", com cem imagens dos 120 selecionados na primeira lista.
Parte dos outros 12 brasileiros, contatados por representantes da Fifa desde o final do ano passado, não compareceu à cerimônia.
Ronaldo, Roberto Carlos, Rivaldo e Romário não fizeram força para viajar a Londres. Dos astros do país em atividade, apenas Ronaldinho prestigiou o evento.
Maradona, que em 2000 havia reclamado da mudança de regras na eleição de melhor da história da Fifa, recusou-se a posar para fotografias e boicotou a festa por não concordar com a escolha de Pelé como "juiz". Também se recusaram a aparecer Van Basten e Seeler, novidades de ontem.


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