São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2008

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TÊNIS

Diferente


Com jogo moderno, cabeça bem trabalhada e atitude bacana, Thomaz Bellucci põe esperança no tênis nacional


RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

T HOMAZ BELLUCCI acabara de perder de Nicolás Lapentti com estrondosos 6/2 e 6/2, após muita expectativa em torno de sua estréia em um ATP Tour, na Costa do Sauípe. Frustração geral.
Diante dos holofotes e dos microfones, que pela primeira vez o cercavam, Bellucci, calmo, simpático, surpreende com modéstia sem tamanho: "Senti a pressão", "Joguei mal", "Não tem desculpa", "Estou frustrado", "Ainda tenho o que aprender". Após anos convivendo com tenistas brasileiros que, a cada derrota, insistiam em culpar o piso, a luz, o vento, o juiz, a chave, a mídia, as dores, o cansaço, a bola, a falta de apoio ou outra coisa que viesse à cabeça, ficou claro que Bellucci é diferente. Alto, 1,87 m, mas ágil, canhoto, forte, Bellucci joga um tênis moderno.
Daqueles que, bem desenvolvido, se vê nos melhores tenistas do circuito. Tem bom saque. Seus golpes saem forte, têm profundidade, são capazes de machucar. Por isso, não precisa ficar trocando bola para lá e para cá, à espera de erro do rival, para ter alguma chance. Não: ele pode impor seu jogo, intimidar, atacar, resolver.
Isso permite a Bellucci explorar, por exemplo, os jogos de duplas. Na mesma Bahia em que apanhou na estréia, avançou com Marcos Daniel, não devendo nada ao melhor brasileiro do ranking. Pelo contrário: em vários momentos foi Bellucci quem jogou como gente grande, mental, física e tecnicamente.
Outra coisa boa: Bellucci parece saber o que esperar da carreira. Talvez desde Gustavo Kuerten não tenha aparecido alguém comprometido com um plano, sabendo as agruras da vida de tenista profissional, mas disposto a encará-las. Mais: sem medo de jogar, tem obtido bons resultados, como a vitória em Buenos Aires e o título em Santiago, que o levam a seu melhor ranking: 145.
Falta muito a Bellucci: tarimba, regularidade, menos ansiedade, entre outras coisas. Daqui a pouco, os rivais conhecerão seu jogo e poderão desvendar seus mistérios. Daqui a pouco, terá pontos a defender, expectativas reais a administrar. Aí Bellucci viverá sua grande prova. Até hoje, foi aprovado, com louvor.

AUSÊNCIA
No ranking de anteontem, não aparece "Gustavo Kuerten". Kuerten aparecia na lista havia 15 anos.

RENÚNCIA
Thomas Koch deixou a comissão técnica do país na Davis. Alegou razões pessoais para largar o trabalho com o capitão Francisco Costa.

JUVENIL, EM SANTOS
Carlos Severino, Giovanna Portiolli (18 anos), João Sorgi, Priscilla Garcia (16), Thiago Monteiro, Beatriz Maia (14), Silas Cerqueira e Luana Trautwein (12) venceram a 1ª etapa da Credicard Citi MasterCard Junior's Cup. Trautwein é uma das apostas de Larri Passos.

reandaku@uol.com.br


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