São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2008

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TOSTÃO

O menino imperador


Adriano, que já recebeu, merecidamente, o título de Imperador, tenta agora ser só um artilheiro, como tantos


T ODOS OS CLUBES brasileiros que participam da Libertadores jogam neste meio de semana. No Maracanã, contra o Arsenal, da Argentina, o Fluminense deve repetir a formação com dois meias ofensivos e dois atacantes.
Ofensivamente, o ataque fica mais bem distribuído do que com um meia e três atacantes pelo meio.
Defensivamente, nada muda. Os dois volantes continuarão sozinhos na marcação, já que os dois meias recuam somente para receber a bola. E os volantes ainda têm que fazer a cobertura dos laterais, que avançam bastante.
Todos os times europeus já abandonaram há muito tempo esse esquema, com dois meias livres e dois atacantes. Cada vez ele é menos usado no Brasil. Isso não significa que não possa ser uma boa opção em certos momentos.
É preciso diferenciar ainda essa maneira de jogar do tradicional 4-4-2, com uma linha de quatro armadores no meio-campo, formada por dois volantes e um meia de cada lado, que marcam e avançam, geralmente pelos lados.
O Flamengo joga no Uruguai contra o Nacional. Após fazer um belo gol no último minuto da decisão da Taça Guanabara, Diego Tardelli pode ganhar confiança e se tornar o excelente atacante que prometia ser no São Paulo e não foi.
Para isso, precisa ter a ambição de um protagonista, e não apenas de um coadjuvante.
Aos poucos, Kleberson tem entrado no time.
Será que ele é mais um desses jogadores que passam por alguns grandes momentos em suas carreiras, que nunca mais se repetirão?
O tempo passa e continua a justificativa de que Kleberson não está em forma. Como a expectativa é vê-lo atuar como no Atlético-PR e na Copa de 2002, é provável que ele nunca entre em forma.
Se a expectativa é que Adriano jogue como nos seus melhores momentos na Itália e na seleção, será muito difícil que ele, como Kleberson, readquira a tão distante forma.
Há mais de dois anos que Adriano não merece mais ser chamado de Imperador, título que ele ainda acha que é dele. Para ser Imperador, ele tem que ser mais que um artilheiro -e nem isso tem sido. Suas atuações no São Paulo são discretas até agora. Hoje, contra o Audax, Adriano tem uma boa chance de reiniciar sua recuperação.
Após a primeira partida de Adriano no São Paulo, a turma que acha o futebol europeu uma maravilha e que não vê nenhum brilho no futebol que se joga no Brasil dizia que era covardia Adriano enfrentar as fracas defesas brasileiras.
Isso não ocorreu. Os times pequenos da Itália não são também muito diferentes dos pequenos de São Paulo. Adriano jogava mal na Itália por falta de boas condições físicas e técnicas, e não porque era muito bem marcado.
O principal problema de Adriano foi confundir a homenagem, o título simbólico de Imperador, com a prepotência, a ilusão de que ele era literalmente um atleta poderoso, um imperador, com o direito de fazer o que quiser, de não receber críticas, mesmo quando jogar mal e fizer besteiras fora de campo.
Esse é um típico comportamento infantil. Um menino não apenas brinca de ser um imperador. Ele é um imperador.


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