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FUTEBOL
Santos e Lusa tentam romper hegemonia de títulos que Corinthians, Palmeiras e São Paulo criaram na década
Paulista joga contra a monotonia dos 90
PAULO COBOS
da Reportagem Local
O Campeonato Paulista-99 abre
amanhã sua segunda fase na expectativa de reviver a competitividade que marcou a década de 80.
Entre os quatro principais estaduais do país, o Paulista é o único
que diminuiu o número de clubes
campeões em relação à década
passada (veja quadro ao lado).
Na década de 80, por exemplo, 11
equipes diferentes chegaram às finais, gerando cinco clubes campeões -São Paulo, quatro vezes,
Corinthians, três, Santos, Internacional de Limeira e Bragantino,
com uma conquista cada.
Na década de 90, porém, as decisões envolveram apenas três times
-Palmeiras e São Paulo, que chegaram a três títulos cada, e Corinthians, que obteve dois.
Santos e Lusa, duas outras equipes consideradas "grandes" no Estado, estão alijados da decisão desde 84 e 85, respectivamente.
O Santos, o quarto time com
mais títulos paulistas, foi campeão
pela última vez naquele ano, e a
Lusa obteve seu último campeonato, dividido com o Santos, em 73.
"Isso é muito ruim não só para
São Paulo, mas também para o futebol brasileiro. O torcedor pode
começar a perder o interesse pela
competição", afirma Samir Abdul-Hak, presidente do Santos. "Quando acontece esse monopólio, o futebol perde o interesse", diz Amilcar Casado, presidente da Lusa.
Apesar das lamentações, os dois
dirigentes também tentam apresentar explicações para o insucesso de seus clubes no Paulista.
"Parte da culpa é do Campeonato Brasileiro. Times como a Lusa e
o Guarani arrecadam pouco no nacional, além de receber menos da
televisão. Com isso, chegam enfraquecidos para a disputa do estadual", afirma Casado.
Já o presidente do Santos, clube
que vem conseguindo mais destaque nas competições nacionais, se
preocupa com a arbitragem.
"Não é nada premeditado, mas é
fácil notar que nos últimos anos as
duas equipes mais prejudicadas do
futebol paulista foram Santos e Lusa", diz Abdul-Hak. Mas, se a queixa santista refere-se mais a problemas em Brasileiros, a Lusa até hoje
lamenta dois pênaltis que a eliminaram da final do Paulista-98.
Para quem está ganhando, a
atual situação do futebol paulista
não mudou muito em relação aos
tempos de maior competitividade.
"Não acho que o Paulista está
mais fácil. Antes, o torneio tinha
muitas fases, e era simples chegar
às finais. Agora, o time grande pode ficar fora da decisão", afirma
Silvinho, lateral do Corinthians.
"Não acredito em esvaziamento.
A torcida do São Paulo só se interessa pelo título, não importa se o
campeonato é fraco ou não", diz
Pérsio Rainho, diretor de futebol
do clube. "Cada um que pense no
seu clube", completa o dirigente.
Depois de dois títulos e quatro finais disputadas na segunda metade da década de 80, os times do interior paulista pouco ameaçaram
os "grandes" na década de 90.
No Paulista do ano passado, por
exemplo, os quatro "grandes" do
Estado perderam apenas 4 dos 28
jogos disputados contra times do
interior, ou 14% do total.
Mesmo levando em conta as mudanças na forma de disputa do
Paulista, que na década passada tinha mais jogos entre "grandes" e
"pequenos", o número de derrotas
de Corinthians, Palmeiras, Santos
e São Paulo no passado era maior.
Em 86, quando a Inter de Limeira
conquistou o título estadual na final contra o Palmeiras, os quatro
times mais importantes de São
Paulo perderam cerca de 30% das
partidas contra clubes do interior.
Nem o Guarani, o único clube do
interior paulista a conquistar um
Campeonato Brasileiro, vem conseguindo bons resultados no estadual. O time não chega a uma final
da competição desde 88, quando
perdeu para o Corinthians.
Pior situação ainda passa o Bragantino. O time, último interiorano a chegar ao título paulista, em
90, está agora na segunda divisão e
com graves problemas financeiros.
"Os custos do futebol estão muito altos, o que deixa os clubes do
interior com mais dificuldades",
afirma Abdul-Hak.
Colaborou
Marcelo Damato, da Reportagem
Local
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