São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

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PAULO VINICIUS COELHO

O inferno astral de Luxemburgo


São oito finais, e não haverá como evitar o termo fracasso se o Palmeiras não cumprir ao menos um dos dois objetivos

O MEIA Cleiton Xavier, do Palmeiras, conta qual explicação ouviu de Vanderlei Luxemburgo para a escalação dos reservas, em alguns jogos de março. "Ele disse que vai precisar de todos na maratona de abril. É melhor descansar enquanto é possível.
"É o planejamento", dirá Luxemburgo, frase acompanhada por sua indefectível risadinha. O mapa do semestre apontava já em janeiro para oito decisões palmeirenses entre 8 de abril e 3 de maio. O calendário exigia outra providência, aliada ao descanso em alguns jogos: vitória contra o Colo Colo, em São Paulo.
A derrota dentro de casa em fevereiro aumentou a crueldade da tabela. Se vencesse, o Palmeiras poderia eventualmente mandar reservas para Santiago, para a última partida da maratona, na quarta-feira anterior à decisão do Paulistão. A derrota obriga a ganhar os quatro compromissos restantes da Libertadores e paralelamente somar pontos para conquistar o bi estadual.
Ganhar tudo é possível?
Luxemburgo acha que sim.
Por mais otimista que seja, o técnico do Palmeiras sabe que está diante de um cenário que poucos anos atrás pareceria possível a qualquer outro profissional, não a ele. A hipótese de não passar pela primeira fase do torneio continental e não ganhar o bicampeonato paulista.
Há um ano, o técnico se orgulhava de ter apenas quatro derrotas no Parque Antarctica em suas três primeiras passagens pelo clube. De lá para cá, perdeu mais cinco.
A quarta derrota dessa nova série, contra o Botafogo, jogou o Palmeiras no grupo da morte da Libertadores, com LDU, Colo Colo e Sport -se vencesse, estaria no grupo do Cruzeiro, contra Deportivo Quito, Estudiantes e Universitário de Sucre.
A quinta derrota em casa, para o Colo Colo, criou a aparente incompatibilidade entre os dois objetivos do primeiro semestre, o Paulistão e a Libertadores.
O encontro com Nelsinho Baptista é outro ingrediente nesse inferno astral de Luxemburgo. Nos anos 90, no auge da fama, Luxemburgo ganhou o Paulistão de 1990 e 1993, em duas finais contra times de Nelsinho. No ano passado, em quatro encontros com o velho rival, Luxemburgo empatou um, em casa, e perdeu três vezes. A soma de todas as partidas entre eles dá vantagem ao rubro-negro (13 a 10). E a história dos mata-matas entre os dois registra empate: 3 a 3. No último deles, o Sport de Nelsinho eliminou o Palmeiras de Luxemburgo nas oitavas de final da Copa do Brasil de 2008.
De acordo com a astrologia, o inferno astral de Luxemburgo começa agora, 40 dias antes de seu aniversário, em 10 de maio. Como aqui não se fala de astrologia, mas de futebol, o inferno astral do treinador começou mesmo depois do título paulista de 2006, período em que seus resultados em competições nacionais e internacionais não seguiram à altura de sua vitoriosa carreira.
Na maratona de abril, Luxemburgo pode alcançar um feito digno de seus velhos dias de melhor técnico do Brasil se classificar o Palmeiras para as oitavas da Libertadores e for bicampeão paulista. Mas são oito finais, e não haverá como evitar a palavra fracasso se o Palmeiras não cumprir ao menos um objetivo: o Paulistão ou a vaga na Libertadores.

pvc@uol.com.br


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