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Com bronze a tiracolo, judoca diz sobreviver
DA REPORTAGEM LOCAL
"O que eu ganho hoje não dá
para viver, e sim sobreviver."
Dessa forma, a judoca Ketleyn Quadros desabafa ao falar
sobre quais benesses desfruta
devido à histórica medalha de
bronze na categoria leve em Pequim -foi a primeira mulher
do país a ir ao pódio olímpico
em prova individual.
Sem patrocínio hoje, como
antes da Olimpíada, a brasiliense só festeja o fato de estar ligada ao Minas Tênis Clube. "Eles
dão hospedagem, alimentação
e ajudam com a faculdade."
Mas é só. Sem acompanhamento exclusivo de profissionais do esporte, como preparador físico, e sem dinheiro para
comprar suplementos alimentares, Ketleyn, 21, diz que a gana de vencer e ajudar sua família -a mãe e mais duas irmãs,
que vivem em Brasília- a motivam a melhorar nos tatames.
E a estimulam a seguir caminhando, literalmente, já que,
sem carro, a atleta anda 40 minutos todos os dias do clube,
onde vive em república, até a
faculdade, em que cursa educação física, para evitar ônibus
cheios e economizar dinheiro.
"Ajuda na preparação física",
brinca ela, que, não raro, cumpre o percurso de chinelos.
Certa de que ajudou a mudar
a cara do judô no Brasil ("No
meu clube, muito mais meninas treinam judô hoje"), Ketleyn diz levar o bronze olímpico a tiracolo. "É um amuleto. E
não desistirei do esporte por
causa dos problemas", diz ela,
que começou aos oito anos,
com quimono feito pela mãe
com tecido de saco.
(ML E CCP)
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