São Paulo, domingo, 05 de abril de 2009

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Com bronze a tiracolo, judoca diz sobreviver

DA REPORTAGEM LOCAL

"O que eu ganho hoje não dá para viver, e sim sobreviver."
Dessa forma, a judoca Ketleyn Quadros desabafa ao falar sobre quais benesses desfruta devido à histórica medalha de bronze na categoria leve em Pequim -foi a primeira mulher do país a ir ao pódio olímpico em prova individual.
Sem patrocínio hoje, como antes da Olimpíada, a brasiliense só festeja o fato de estar ligada ao Minas Tênis Clube. "Eles dão hospedagem, alimentação e ajudam com a faculdade."
Mas é só. Sem acompanhamento exclusivo de profissionais do esporte, como preparador físico, e sem dinheiro para comprar suplementos alimentares, Ketleyn, 21, diz que a gana de vencer e ajudar sua família -a mãe e mais duas irmãs, que vivem em Brasília- a motivam a melhorar nos tatames.
E a estimulam a seguir caminhando, literalmente, já que, sem carro, a atleta anda 40 minutos todos os dias do clube, onde vive em república, até a faculdade, em que cursa educação física, para evitar ônibus cheios e economizar dinheiro.
"Ajuda na preparação física", brinca ela, que, não raro, cumpre o percurso de chinelos.
Certa de que ajudou a mudar a cara do judô no Brasil ("No meu clube, muito mais meninas treinam judô hoje"), Ketleyn diz levar o bronze olímpico a tiracolo. "É um amuleto. E não desistirei do esporte por causa dos problemas", diz ela, que começou aos oito anos, com quimono feito pela mãe com tecido de saco. (ML E CCP)


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