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FUTEBOL
Eurico diminui capacidade do estádio para ficar livre de itens do estatuto
Para driblar lei do torcedor, Vasco encolhe São Januário
FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
Com receio de ser punido por
não atender às exigências do Estatuto do Torcedor, o presidente do
Vasco, Eurico Miranda, decidiu
encolher São Januário.
A partir de agora, a capacidade
do estádio que já foi o maior do
Rio é de apenas 18 mil pessoas.
Com o "congelamento" de mais
de 12 mil lugares, o Vasco não
precisará adequar sua casa a vários artigos do estatuto.
A decisão de Eurico fará o Vasco
ser isentado de cumprir quatro
dos artigos da lei promulgada dia
15 de maio. O clube não precisará
"manter central técnica de informações, com infra-estrutura suficiente para viabilizar o monitoramento por imagem do público
presente" (artigo 18). E estará livre de numerar todos os lugares
de São Januário (artigo 22).
Além disso, não será obrigado a
controlar o acesso ao público com
monitoramento das catracas por
imagem (artigo 25) e não precisará solicitar serviços de transporte
e bolsões de estacionamento para
os torcedores (artigo 27).
Eurico diz que não diminuiu a
capacidade de São Januário para
confrontar o estatuto, mas para
poder cumpri-lo. "Meu clube não
tem dinheiro para comprar câmeras, numerar o estádio, realizar
todas as obras que estão sendo
exigidas pelo governo. E não quero descumprir o estatuto. Fiz a redução para não ferir a lei."
O Vasco é o primeiro clube brasileiro a tomar essa atitude. Segundo a CBF, até agora nenhuma
outra equipe pediu diminuição da
capacidade de seus estádios para
ficar livre de itens do estatuto.
Eurico foi um dos líderes do
motim dos cartolas, há duas semanas. Em reunião na CBF, chegou a dizer a seus pares que o código tinha como objetivo incriminar Ricardo Teixeira e ele. E que
não mandaria jogos em São Januário. Depois de encontros com
o ministro Agnelo Queiroz (Esporte), adotou tom conciliador,
dizendo que cumpriria a lei.
Apesar de ter dito que não pediu
dinheiro ao governo para se adequar ao estatuto, o cartola condicionou a volta da capacidade normal à abertura de linhas de crédito. "Se querem que eu me modernize, ótimo. Mas só posso fazer isso com recursos. Se tiver ajuda estatal, não tem problema. O que
não pode é eu tirar dinheiro do salário dos meus funcionários."
Nenhum dos jogos do Vasco
realizados em casa desde a promulgação da lei do torcedor teve
mais que dez mil pessoas. O cartola afirma que, se for necessário, o
Vasco mandará seus jogos mais
importantes no Maracanã, estádio mantido pela Suderj, órgão do
governo estadual.
O diretor do departamento técnico da CBF, Virgílio Elísio, afirmou que ainda não recebeu ofício
do Vasco informando a nova capacidade de São Januário. Assim,
para a organizadora do Brasileiro,
o estádio continua podendo receber 30 mil espectadores.
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