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São Paulo, quinta-feira, 05 de junho de 2003

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FUTEBOL

Eurico diminui capacidade do estádio para ficar livre de itens do estatuto

Para driblar lei do torcedor, Vasco encolhe São Januário

FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

Com receio de ser punido por não atender às exigências do Estatuto do Torcedor, o presidente do Vasco, Eurico Miranda, decidiu encolher São Januário.
A partir de agora, a capacidade do estádio que já foi o maior do Rio é de apenas 18 mil pessoas. Com o "congelamento" de mais de 12 mil lugares, o Vasco não precisará adequar sua casa a vários artigos do estatuto.
A decisão de Eurico fará o Vasco ser isentado de cumprir quatro dos artigos da lei promulgada dia 15 de maio. O clube não precisará "manter central técnica de informações, com infra-estrutura suficiente para viabilizar o monitoramento por imagem do público presente" (artigo 18). E estará livre de numerar todos os lugares de São Januário (artigo 22).
Além disso, não será obrigado a controlar o acesso ao público com monitoramento das catracas por imagem (artigo 25) e não precisará solicitar serviços de transporte e bolsões de estacionamento para os torcedores (artigo 27).
Eurico diz que não diminuiu a capacidade de São Januário para confrontar o estatuto, mas para poder cumpri-lo. "Meu clube não tem dinheiro para comprar câmeras, numerar o estádio, realizar todas as obras que estão sendo exigidas pelo governo. E não quero descumprir o estatuto. Fiz a redução para não ferir a lei."
O Vasco é o primeiro clube brasileiro a tomar essa atitude. Segundo a CBF, até agora nenhuma outra equipe pediu diminuição da capacidade de seus estádios para ficar livre de itens do estatuto.
Eurico foi um dos líderes do motim dos cartolas, há duas semanas. Em reunião na CBF, chegou a dizer a seus pares que o código tinha como objetivo incriminar Ricardo Teixeira e ele. E que não mandaria jogos em São Januário. Depois de encontros com o ministro Agnelo Queiroz (Esporte), adotou tom conciliador, dizendo que cumpriria a lei.
Apesar de ter dito que não pediu dinheiro ao governo para se adequar ao estatuto, o cartola condicionou a volta da capacidade normal à abertura de linhas de crédito. "Se querem que eu me modernize, ótimo. Mas só posso fazer isso com recursos. Se tiver ajuda estatal, não tem problema. O que não pode é eu tirar dinheiro do salário dos meus funcionários."
Nenhum dos jogos do Vasco realizados em casa desde a promulgação da lei do torcedor teve mais que dez mil pessoas. O cartola afirma que, se for necessário, o Vasco mandará seus jogos mais importantes no Maracanã, estádio mantido pela Suderj, órgão do governo estadual.
O diretor do departamento técnico da CBF, Virgílio Elísio, afirmou que ainda não recebeu ofício do Vasco informando a nova capacidade de São Januário. Assim, para a organizadora do Brasileiro, o estádio continua podendo receber 30 mil espectadores.


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