São Paulo, sexta, 5 de junho de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice Estrear na Copa sem medo, confiança na técnica para surpreender e aposta no esquema para voltar a vencer são os objetivos dos técnicos de Escócia, Marrocos e Noruega Egil Olsen - Noruega
Folha - O que o senhor acha dos adversários da Noruega na primeira fase e, em especial, da seleção brasileira? Olsen - A Escócia tem um estilo de jogo tradicional, de muita marcação, que nós conhecemos muito bem. Marrocos representa a escola africana, tem alguns jogadores habilidosos, com a vantagem de terem atuado no exterior, o que não acontecia na década de 80. Não será fácil vencê-los. Quanto ao Brasil, é o time que tem o maior número de craques. No papel, é o melhor time, mas, por enquanto, só é o melhor no papel. Folha - Quais os pontos fracos dos adversários da Noruega? Olsen - O da Escócia é o ataque, que não tem muita habilidade e não tem se saído bem. O de Marrocos é uma certa correria e falhas na marcação no meio-campo. Quando eu digo correria, estou me referindo a uma certa ingenuidade que ainda existe no futebol africano, apesar da evolução apresentada nos últimos anos. O do Brasil é a falta de padrão de jogo, que coloca em risco a própria classificação do time na primeira fase da Copa. Não digo que isso vá acontecer, mas existe essa possibilidade. Folha - Você acredita que a Noruega possa derrotar todos os oponentes do Grupo A? Olsen - Já derrotamos o Brasil por 4 a 2. Pegamos a Escócia em 92, em Oslo, e houve empate por 1 a 1. Nunca jogamos contra Marrocos. Não há retrospecto com eles. Folha - Qual é a disposição tática de sua equipe? Olsen - Normalmente jogamos no 4-5-1. Tentamos o 4-4-2 em algumas ocasiões e também o 3-5-2, mas não será o caso na Copa. Essa formação é adequada ao nosso estilo de jogo. Usamos muitas bolas longas. Da defesa, mandamos a bola para a frente por cima e tentamos recuperá-la no ataque. Movemo-nos rapidamente da defesa para o ataque. E foi essa formação que usamos durante as eliminatórias. Folha - Como funciona e quem faz a "espionagem" norueguesa? Olsen - Nosso maior objetivo é observar os marroquinos, de quem não temos muitas informações. A Escócia nós conhecemos e, como o Brasil será o último adversário da primeira fase, já teremos visto duas partidas dos brasileiros no próprio Mundial. Tenho um analista de partidas e um assistente técnico que, além de mim, assistem a partidas de outras equipes. Folha - Que tipo de informação o senhor procura? Olsen - Primeiro, que estilo de jogo tem o time. Se seu jogo é baseado no passe, rápido e com ênfase na posse de bola, ou se é baseado no defensivismo. Qual o tipo de marcação que a equipe utiliza, homem a homem ou por zona. Folha - Quais informações o senhor tem sobre o Brasil? Olsen - São jogadores brilhantes, aliando habilidade e velocidade. Sabem controlar e driblar muito melhor que nós e têm uma grande estrutura de ataque por causa dessa técnica. Mas, taticamente, no jogo contra nossa seleção, o Brasil deu muito espaço no meio-campo e nos abriu a possibilidade de contra-atacar, o que permitiu a marcação de quatro gols. Temos de diminuir os espaços de jogo dos brasileiros para termos chance de derrotar os brasileiros de novo. Folha - O senhor está esperando a apresentação de alguma novidade tática no Mundial? Olsen - Acho que mais e mais times estão partindo para uma marcação em zona, o que já fazemos há muitos anos. No ataque, acho que o time que mais se diferencia é a Noruega, porque não tentamos manter a bola muito tempo. Estamos mais interessados no espaço do que na bola. Em geral, o que tem acontecido nos amistosos é que nosso adversário tem a bola por mais tempo que nosso time. Por exemplo, os africanos, contra quem jogamos várias vezes. Eles às vezes têm a bola durante 70%, 80% da partida, e nós ganhamos. Eles têm a bola, nós marcamos os gols. Somos muito pragmáticos. Queremos ganhar jogos e é isso. Se ganharmos, está muito bom. Não há porque ficar com a bola muito tempo. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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