São Paulo, sexta, 5 de junho de 1998

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Morro dos parentes de Romário tira os enfeites em protesto contra corte

da Sucursal do Rio

Revoltados com o corte de Romário da seleção brasileira, moradores da favela do Jacarezinho arrancaram toda a decoração de rua instalada na última semana.
O atacante nasceu na favela, que é a maior da zona norte carioca. É lá que a mãe do jogador, Lita de Souza, costuma assistir aos jogos de Copas do Mundo.
Fica também no Jacarezinho o terreiro de umbanda frequentado por parentes de Romário.
"Tinha mais que arrancar tudo mesmo. O que fizeram com o menino foi uma covardia", reclamou Ângelo dos Santos, babalorixá (pai-de-santo) radicado na favela do Jacarezinho.
Como em outros morros do Rio de Janeiro, chefes do tráfico de drogas compraram e distribuíram entre moradores e comerciantes os materiais de decoração alusivos à Copa do Mundo.
Até estourar a notícia de que Romário havia sido cortado do grupo que jogará a Copa, o Jacarezinho era a favela mais "verde-e-amarela" dos subúrbios cariocas.
Na terça-feira de manhã, depois que o corte do jogador foi anunciado pela comissão técnica, a alegria pela proximidade do Mundial se transformou em revolta.
Amigos de infância e fãs de Romário começaram a retirar dos postes, árvores e muros os adereços verdes, amarelos, azuis e brancos que enfeitavam a paisagem árida da favela.
Hoje, a única referência que o Jacarezinho faz ao Mundial são fitas discretas penduradas do lado de fora da entrada principal.
Mesmo não morando mais no Jacarezinho, o atacante do Flamengo costuma visitar a favela nos seus dias de folga, quando joga "peladas" com amigos e participa de algumas atividades assistenciais. (ST)


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