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Contra a política da terra arrasada
JOSÉ GERALDO COUTO
da Equipe de Articulistas
O leitor atento já deve ter percebido que há uma campanha
em curso contra o Campeonato
Paulista -e os estaduais, de
um modo geral.
Descobri isso por acaso, ao me
declarar favorável, em princípio, à sobrevivência do Paulistão, devidamente modernizado e saneado -bastou para
que me tachassem de paternalista, desinformado e inocente
útil a serviço do Farah.
Até o grande Tostão, normalmente tão democrático e ponderado, escreveu que os jornalistas que defendem os estaduais o fazem ou por interesses
escusos ou porque têm vocação
para serviçais. Como minha
conta bancária não ganhou um
mísero centavo a mais desde
que emiti minha opinião, devo
concluir que me enquadro na
categoria dos subservientes.
Quer dizer, ficou difícil discordar da ofensiva antiestaduais sem ser chamado de corrupto ou babaca.
Apesar disso tudo, recebi uma
penca de e-mails de leitores
com sugestões para o aperfeiçoamento do Paulista. Serão
todos babacas ou corruptos?
Não creio. Por isso, tomei a liberdade de fazer um "mix" de
suas propostas (expor todas tomaria muito tempo e espaço),
para servir ao menos como
ponto de partida para uma
possível discussão.
Agradeço a todos -sobretudo a Cleber Camacho Gonzales, a Altino Júnior e a Eduardo
Santa Clara, dos quais chupei
as principais idéias- e isento-os desde já das eventuais incoerências e fraquezas da proposta
que exponho a seguir.
Não há mágica nenhuma. A
idéia é fazer campeonatos estaduais rápidos, enxutos e integrados ao restante do calendário nacional.
No caso do Paulista, dez ou 12
clubes disputariam uma primeira fase, todos jogando contra todos, classificando-se os
quatro primeiros colocados,
por pontos corridos.
A esses quatro, juntar-se-iam
os quatro "grandes" para disputar as fases seguintes (quartas-de-final, semifinal, final).
Rápido e indolor. Detalhe: os
quatro times que entrariam só
nas quartas-de-final teriam
que conquistar esse privilégio
em campo, ou seja, seriam sempre os quatro primeiros colocados do ano anterior.
Os campeonatos estaduais seriam classificatórios para a Copa do Brasil, que deixaria de
"convidar" os participantes
(contra essa imoralidade ninguém diz nada). SP e RJ classificariam três ou quatro times
cada, MG e RS classificariam
dois, e cada um dos outros Estados classificaria um.
Desse modo, acredito, seria
possível fazer estaduais interessantes, motivados e abertos
a surpresas.
Sei que esse tipo de proposta
vai contra a mentalidade predatória, de terra arrasada, que
tem predominado no país.
Aqui, a coisa é assim: esse prédio antigo está mal conservado? Derruba. O cinema anda
vazio? Fecha. O campeonato
vai mal? Extermina. O sujeito é
bandido? Mata.
Quanto a mim, não gosto do
Farah, não gosto de "cheerleaders" rebolando com pompons,
não gosto de pagode berrado
nos alto-falantes, não gosto de
juízes ruins nem de estádios
vazios. Mas gosto do Campeonato Paulista -pelo que ele já
foi e pelo que ele pode vir a ser.
Dá licença?
José Geraldo Couto escreve às segundas-feiras
e aos sábados
E-mail jgcouto@uol.com.br
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