São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2001

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Traffic e Globo articulam para que competição seja realizada neste mês

Colômbia pode reaver Copa América-2001


Empresas brasileiras alegam perdas financeiras e pressionam Sul-Americana para que decisão de adiar torneio para 2002, ano de Copa do Mundo, seja reconsiderada


FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC

A Copa América em 2001 ainda não morreu. Pelo contrário, são boas as chances de a Colômbia abrigar o torneio neste mês.
A Traffic, organizadora do torneio, e a Globo Esportes, braço esportivo da emissora brasileira, articulam em Buenos Aires, onde acontece a reunião do Comitê Executivo da Fifa, para que a competição sul-americana tenha início, em solo colombiano, dentro de cerca de 15 dias.
J. Hawilla, dono da agência de marketing, esteve ontem reunido com o presidente da Confederação Sul-Americana, Nicolás Leoz, para que a entidade reconsidere a decisão de adiar a Copa América para 2002. Marcelo de Campos Pinto, executivo da Globo, também esteve na Argentina.
A decisão oficial da Sul-Americana deve ser anunciada hoje.
Os brasileiros alegaram que perderão dinheiro com o adiamento, pois as cotas de patrocínio e de publicidade já estavam vendidas e teriam de ser devolvidas.
A Traffic, em cálculos preliminares, estima que pelo menos US$ 10 milhões deixarão os cofres da empresa, que já perdeu, em seis meses, o Mundial de Clubes da Fifa e a Mercosul a partir de 2002.
Outro argumento dos brasileiros é que seria complicado disputar uma competição desse porte em um ano de Copa do Mundo.
Hawilla, por telefone, confirmou ontem à noite sua intenção de convencer a Sul-Americana a mudar de opinião. "Estamos lutando para isso, mas ainda não está nada certo", afirmou o proprietário da Traffic, que está acompanhado do vice-presidente da empresa, Ruy Brisolla.
Campos Pinto, que voltaria ontem mesmo da Argentina, não foi encontrado pela reportagem.
Segundo a Folha apurou, o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, antes contrário à realização imediata do torneio na Colômbia, agora voltou atrás.
A CBF é parceira das duas empresas em seus maiores negócios, como o contrato com a Nike (Traffic) e os direitos de transmissão de jogos da seleção e dos principais torneios do país (Globo).
Julio Grondona, o presidente da Associação de Futebol Argentino (AFA), também teria concordado com os argumentos de Hawilla.
O principal problema a ser resolvido é a oposição dos jogadores argentinos à disputa da competição em um local dominado pelo terrorismo.
No sábado passado, a Sul-Americana decidiu postergar a realização da Copa América porque o país não teria dado garantias de segurança às confederações.
O vice-presidente da Federação Colombiana de Futebol, Hernán Mejía Campuzano, havia sido libertado dois dias antes pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que o mantiveram sequestrado por quatro dias.
Durante o período em que o dirigente esteve nas mãos dos guerrilheiros, a Sul-Americana chegou a cancelar o torneio.
Um dia depois, Teixeira anunciou que o Brasil era candidato para substituir a Colômbia.
Os jogos seriam disputados no Sul, região que está fora do racionamento de energia adotado pelo governo federal.
No sábado, no entanto, o próprio Campuzano pediu que o torneio não saísse de seu país. Disse que se sentiria culpado se isso acontecesse. Leoz preferiu adiar a competição. Teixeira saiu da reunião de Buenos Aires irritado, sem conversar com os jornalistas.



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