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FUTEBOL
Salve a seleção
SONINHA
COLUNISTA DA FOLHA
Já faz um século que a seleção brasileira perdeu para o
Uruguai (não faz?), mas ainda
há o que falar sobre a derrota.
Principalmente porque as conclusões sobre esse jogo são importantes para os próximos.
Imagine o que é ser Roque Júnior esta semana. É justo apontar um único jogador como o
culpado pelo mau resultado?
Normalmente, não -só se todos os outros tivessem sido 100%
esforçados, criativos e eficientes.
Mas um único jogador, um homem-certo-no-lugar-certo, pode
mudar o time e o jogo. Era isso
que esperávamos que acontecesse no domingo passado.
Desde o começo, ficou evidente que o Brasil não conseguia
marcar o Uruguai -os brasileiros foram "enfileirados" várias
vezes antes da jogada do pênalti- e mal conseguia sair da defesa quando recuperava a bola.
Ou os nossos atletas eram desarmados, ou entregavam a bola
em um chutão a esmo ou passe
errado. Nosso meio-campo, como de costume, não ligava defesa e ataque, não criava e não
protegia. Tanta discussão sobre
3-5-2 e 4-4-2, e o Brasil jogou no
todo-mundo-correndo-atrás-dos-uruguaios, ou escondido-atrás-de-um-uruguaio.
Mesmo querendo manter
Mauro Silva com o grupo, Luiz
Felipe deveria ter convocado
outro jogador para o seu lugar.
Com a contusão de Fabio Rochemback, ficamos ainda mais
desguarnecidos de volantes
-uma posição à qual Felipão
sempre deu muita importância,
com razão. Roque já é atirado e
algo imprudente como zagueiro, que dirá como líbero ou volante. Apesar de não estar em
seus melhores dias, Vampeta
ainda é bom. Ricardinho, do
Cruzeiro, só precisa ser menos
violento. Como Magrão, do Palmeiras (calma, não o estou sugerindo para a seleção, mas ele é
um belo volante quando não
bate em todo mundo).
Felipão podia até ter mantido
o esquema planejado, com três
zagueiros, laterais ofensivos,
Emerson como o único volante e
três meias atacantes (já que não
havia um verdadeiro meia armador, como lembra o Tostão).
Não funcionando esse esquema, como não funcionou o outro, a saída seria mexer no time
durante o jogo. Será que a casa
cai se Romário for substituído?
Ewerthon ou Geovani poderiam
ter ajudado melhor o trabalho
do Juninho, que buscava o jogo
atrás, conduzia bem, mas concluía mal. Correndo com bola
ou sem, eles poderiam buscar a
área ou a linha de fundo. A vida
do Uruguai ficaria mais difícil.
Bancando a Poliana outra
vez, pelo menos esse jogo teve
um defeito evidente, que foi a
improvisação do Roque como
volante. Mas uma falta de entrosamento desanima: a dos jogadores com a bola. Ela espirrava em canelas e tornozelos, corria demais, fugia dos pés. Se os
jogadores não mostrarem à bola
quem é que manda, sargentão
nenhum vai salvar a seleção.
Leão se queixa de traição. Antonio Lopes teria dito a ele que a
Copa das Confederações era um
"torneio de m. que não valia nada". Ele acreditou e descobriu,
depois, que "no futebol, tudo vale". O problema não foi o Brasil
ser eliminado da Copa, foi o futebol de m. apresentado. E elogiado pelo treinador, que pode
ter sido obrigado a abrir mão
dos seus jogadores favoritos,
mas não a comemorar o desempenho do seu time, "que não tomou gols nos primeiros jogos".
Quem manda no jogo
Farah justifica a presença do Guarani e de outros times escolhidos para o Rio-SP: "Eles têm bons estádios". Que diferença faz?
Diversos times estão sendo obrigados a mandar seus jogos em
outras praças, por causa de interesses mil.
Foi outro o "crime"
Como lembraram Paulo Campos, de SP, e Marcelo Lins, de Ipatinga, o colombiano Escobar, morto depois da Copa de 94, fez
um gol contra (e não perdeu um pênalti, como eu tinha dito).
Um outro crime
Um jogador foi morto em briga no campo no Paraná. Além de
temer as armas nas mãos de bandidos e de policiais mal preparados, precisamos ter medo dos cidadãos "comuns" que acham
que estão mais seguros com um revólver. E que podem perder a
cabeça por qualquer estupidez.
E-mail: soninha.folha@uol.com.br
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