São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2004

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Grécia vence por 1 a 0, ganha Eurocopa e frustra sonho de técnicos brasileiros e fãs portugueses

Nem Scolari ilumina Portugal

Vincenzo Pinto/France Presse
Luiz Felipe Scolari, que perdeu a chance de ser o primeiro treinador a vencer a Copa e a Euro por times diferentes, lamenta a derrota de Portugal, no estádio da Luz

RODRIGO BUENO
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA

Na hora H, tudo apagou. O estádio da Luz, a seleção portuguesa e o técnico Luiz Felipe Scolari tiveram ontem seu Maracanazo.
Anfitrião da Eurocopa, Portugal sucumbiu em Lisboa pela segunda vez no torneio diante da surpreendente Grécia. No jogo de abertura, os gregos venceram por 2 a 1. Ontem, foi 1 a 0, placar que frustrou a maior mobilização feita no país na história e deu o primeiro título europeu aos gregos.
Scolari perdeu a chance de ser o primeiro técnico a vencer a Copa e a Eurocopa por equipes diferentes, o segundo a ganhar os dois mais nobres torneios de seleções e o primeiro treinador estrangeiro a vencer a Euro - o alemão Otto Rehhagel, técnico da Grécia, tem agora essa última honra.
Campeão mundial há dois anos com o Brasil, Scolari tentava o título continental ontem para abrir de vez as portas para os treinadores nacionais na Europa. Como ele próprio dissera anteontem, ""para o técnico brasileiro, o vice é o primeiro dos últimos".
Ontem, após a derrota, Scolari mostrava satisfação com a campanha de Portugal, que nunca havia antes chegado a uma final importante, e tentou amenizar a frustração dos torcedores.
""É difícil aceitar. Eles [os gregos] foram melhores em um ou outro ponto. Jogam bem defensivamente e no erro do adversário. Quero deixar um pedido de desculpas aos torcedores e dizer que foi por causa deles que Portugal foi um time competitivo. Nada de terra arrasada. Não vai mudar nada no nosso sentimento, no sentimento do povo português", disse o treinador, que viu Pauleta, sua aposta para o ataque, falhar novamente.
A primeira Eurocopa que ""falou" português sofreu na final seus maiores problemas de organização. Um torcedor furou o esquema de segurança e entrou no gramado poucos minutos antes do final do jogo. Fã do Barcelona, jogou uma bandeira do clube em Figo, que trocou o clube pelo Real Madrid, antes de se atirar violentamente nas redes do gol grego.
O maior ídolo português, que não fez nenhum gol na competição, terminou assim em baixa o torneio em casa. Como seu companheiro Rui Costa, pode ter feito ontem a última partida de sua carreira com a camisa lusitana.
Os presidentes da Uefa, Lennart Johansson, e da Fifa, Joseph Blatter, haviam elogiado bastante a organização da Euro-2004, mas no final de semana houve tumultos na busca de ingressos.
Cerca de 7.000 torcedores gregos ficaram sem ingresso em Portugal e reclamaram muito com a própria federação nacional, que tinha quase 10 mil entradas e tratou de repassar grande parte dessa carga para pessoas que ainda estavam na Grécia -ontem, chegaram a Lisboa 8.500 gregos.
Até ontem, foram apreendidos 695 ingressos e 25.015 provenientes da venda ilegal desses. Das quase 250 detenções feitas pela polícia ao longo da Euro, 69 foram de cambistas.
Ontem, eles negociavam entradas para a final até por 1.000. Dentre os ""ambulantes" detidos, estão dois brasileiros.
Todos esses problemas aconteceram quando Portugal, por meio do presidente de sua federação nacional, Gilberto Madaíl, já falava em Copa em Portugal. A festa antes da hora só fez bem aos gregos, únicos rivais que os lusos entendiam ser presa fácil.


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