São Paulo, segunda-feira, 05 de julho de 2004

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FUTEBOL

Time marca na única finalização certa que fez contra Portugal, prova força defensiva e ganha 1º título importante

Com um só tiro, Grécia consagra defesa

DO ENVIADO A LISBOA

O mínimo no ataque e o máximo na defesa para fazer a maior surpresa da história da Eurocopa. Foi assim que a seleção da Grécia ganhou de Portugal e conquistou seu primeiro título de relevo.
Como havia feito por toda a competição, o técnico alemão Otto Rehhagel montou uma muralha defensiva e praticamente abdicou do ataque. Durante os 90 minutos, os gregos, segundo as estatísticas oficiais da Uefa, só finalizaram quatro vezes, sendo que a única na direção correta foi justamente a cabeçada do atacante Charisteas, no segundo tempo, que decretou a vitória e o título.
Enquanto isso, os donos da casa bombardeavam. Portugal teve 17 chances de gol. Manteve a posse de bola por quase dez minutos a mais do que os rivais, mas parava na marcação grega, que conseguiu quase o dobro de desarmes.
"O rival era tecnicamente melhor do que nós, mas nós aproveitamos a chance que tivemos. A Grécia jogou um grande futebol", comemorou Rehhagel.
Luiz Felipe Scolari reconheceu a força dos gregos na defesa. "Eles venceram defensivamente. Eles souberam como jogar dessa forma", disse o brasileiro, que novamente sofre uma grande decepção em termos de seleções com um rival que tem no uniforme azul, sua cor preferida -a outra foi na Copa América de 2001, quando sua seleção brasileira foi eliminada por Honduras.

Time obscuro
A opção pela defesa do treinador alemão tirou a Grécia do mais absoluto obscurantismo no futebol. Até hoje o país só disputou uma Copa do Mundo -em 1994, nos Estados Unidos, quando terminou sua participação com três derrotas em três jogos, nenhum gol marcado e dez sofridos.
Agora, em menos de um mês, obteve um título vencendo o anfitrião por duas vezes, o campeão europeu anterior (a França) e o time que era apontado como o bicho-papão do torneio (a República Tcheca). Em seis jogos, sofreu apenas quatro gols, sendo que seu goleiro terminou sem ser vazado nos três jogos de mata-mata.
"Os gregos fizeram história no futebol", disse Rehhagel, que viu seu time mantendo a tranqüilidade durante toda a partida. No primeiro tempo, inclusive, foram raras as chances dos lusos.
A primeira delas aconteceu aos 13min, quando Miguel chutou cruzado pela direita, e o goleiro Nikopolidis precisou se esforçar muito para mandar a bola para escanteio. A primeira etapa terminou com apenas cinco finalizações, sendo quatro de Portugal e apenas uma da Grécia.
O jogo, que já era complicado para os anfitriões, ficou ainda pior aos 12min da segunda etapa, quando Basinas bateu escanteio pela direita do ataque grego para Charisteas se antecipar e marcar.
As bolas aéreas foram decisivas para o título da Grécia. Dos sete gols da equipe na Euro, quatro foram feitos com a cabeça.
Grande maestro do título grego, o técnico Rehhagel, que tem o apelido de "Rei Otto" na Europa, virou coqueluche também. Além de herói grego, ele foi apontado em uma pesquisa como o favorito dos torcedores da Alemanha, seu país natal, para assumir a seleção que foi eliminada logo na primeira fase da Euro. (RODRIGO BUENO)


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