São Paulo, quinta-feira, 05 de julho de 2007

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Hóquei troca o aperto por luxo no Rio

Times da modalidade entram na Vila do Pan após 2 meses de pouco espaço e muitas regras em albergue de Copacabana

Os 22 atletas das seleções feminina e masculina mais a comissão técnica ocupavam quatro quartos; 11 jogadoras dividiam um único banheiro

Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
As seleções masculina e feminina de hóquei, no albergue


ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

As seleções masculina e feminina de hóquei sobre a grama viajam hoje do lixo ao luxo.
O time deixa o albergue em Copacabana, sua residência havia dois meses, e segue para a Vila do Pan, onde ocupará quatro apartamentos luxuosos erguidos na Barra da Tijuca.
Até ontem, os 22 atletas da seleção que não moram no Rio, a maioria de São Paulo e Santa Catarina, conviviam com a falta de espaço e privacidade.
O grupo ocupava quatro quartos do albergue. Um era dos técnicos, dois hospedaram a equipe masculina, e o último, a feminina, no qual 11 jogadoras dividiam um só banheiro.
"Às vezes dá congestionamento lá", diverte-se Tiene Rodrigues de Moraes, 17, uma das mais novas do elenco.
Para caberem todos em um dos quartos masculinos, um beliche foi instalado na sacada.
"Mesmo de noite fica tudo claro. De manhã é barulhento por causa do trânsito. Mas dá para dormir", consola-se Bruno Jorge de Oliveira Sousa, o único paraibano da delegação.
Não há armários. As roupas ficam espalhadas pelas malas.
Um varal atravessa um dos quartos. As meninas lavam sua própria roupa. As mais abonadas levam o material para lavanderias. No início da semana o grupo fez festa com a chegada das malas e uniformes oficiais -novinhos em folha- que serão utilizados no Pan. Um dos poucos luxos até então.
Para que a convivência siga dentro do limite do suportável, há regras a serem seguidas.
"Às 21h todos vão para os quartos. Às 21h30 o silêncio é obrigatório", prega Eduardo Martins, técnico do feminino e chefe informal da delegação.
Os rapazes são proibidos de entrar no quarto das garotas, que fica ao lado. E vice-versa.
A tentação é grande. Há três casais no elenco. A meia Patrícia forma par com o zagueiro Thiago. A zagueira Thayse namora o atacante Luciano.
E outra defensora, Michele, reatou com o goleiro Cássio graças à convivência nos treinos. "Havia mais dois casais, mas, com os cortes, só as meninas ficaram", conta Tiene.
As normas na concentração são rígidas. Quem comete atos de indisciplina perde cinco pontos. O painel fica na entrada do albergue, à vista de todos. Três faltas são punidas com castigo: o banco de reservas.
As tarefas também são divididas. Como o time treina muito cedo -às 7h o elenco já está no campo de Deodoro (zona norte)-, três atletas, que se revezam na função, são responsáveis por preparar o lanche.
"Eu tenho uma verba para comprar pães, frios, queijos e café. Deixo os alimentos nas mãos deles", conta Martins.
Para driblar a saudade da família, eles contam com alguns laptops, que passam de mão em mão -normalmente, cada um pode usá-los por meia hora.
A seleção conta com até uma mascote: a hamster Cocota, comprada durante a concentração. "Bateu um momento de carência, e a compramos na rua", conta Daniel Felipe Alves, o Kaká, que investiu R$ 40 no animal e na gaiola que o acompanha. "É a única mulher que entra aqui", brinca ele.


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