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Hóquei troca o aperto por luxo no Rio
Times da modalidade entram na Vila do Pan após 2 meses de pouco espaço e muitas regras em albergue de Copacabana
Os 22 atletas das seleções
feminina e masculina mais a
comissão técnica ocupavam
quatro quartos; 11 jogadoras
dividiam um único banheiro
Moacyr Lopes Junior/Folha Imagem
![](../images/s0507200701.jpg) |
As seleções masculina e feminina de hóquei, no albergue |
ADALBERTO LEISTER FILHO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
As seleções masculina e feminina de hóquei sobre a grama viajam hoje do lixo ao luxo.
O time deixa o albergue em
Copacabana, sua residência havia dois meses, e segue para a
Vila do Pan, onde ocupará quatro apartamentos luxuosos erguidos na Barra da Tijuca.
Até ontem, os 22 atletas da
seleção que não moram no Rio,
a maioria de São Paulo e Santa
Catarina, conviviam com a falta
de espaço e privacidade.
O grupo ocupava quatro
quartos do albergue. Um era
dos técnicos, dois hospedaram
a equipe masculina, e o último,
a feminina, no qual 11 jogadoras
dividiam um só banheiro.
"Às vezes dá congestionamento lá", diverte-se Tiene Rodrigues de Moraes, 17, uma das
mais novas do elenco.
Para caberem todos em um
dos quartos masculinos, um beliche foi instalado na sacada.
"Mesmo de noite fica tudo
claro. De manhã é barulhento
por causa do trânsito. Mas dá
para dormir", consola-se Bruno Jorge de Oliveira Sousa, o
único paraibano da delegação.
Não há armários. As roupas
ficam espalhadas pelas malas.
Um varal atravessa um dos
quartos. As meninas lavam sua
própria roupa. As mais abonadas levam o material para lavanderias. No início da semana
o grupo fez festa com a chegada
das malas e uniformes oficiais
-novinhos em folha- que serão utilizados no Pan. Um dos
poucos luxos até então.
Para que a convivência siga
dentro do limite do suportável,
há regras a serem seguidas.
"Às 21h todos vão para os
quartos. Às 21h30 o silêncio é
obrigatório", prega Eduardo
Martins, técnico do feminino e
chefe informal da delegação.
Os rapazes são proibidos de
entrar no quarto das garotas,
que fica ao lado. E vice-versa.
A tentação é grande. Há três
casais no elenco. A meia Patrícia forma par com o zagueiro
Thiago. A zagueira Thayse namora o atacante Luciano.
E outra defensora, Michele,
reatou com o goleiro Cássio
graças à convivência nos treinos. "Havia mais dois casais,
mas, com os cortes, só as meninas ficaram", conta Tiene.
As normas na concentração
são rígidas. Quem comete atos
de indisciplina perde cinco
pontos. O painel fica na entrada
do albergue, à vista de todos.
Três faltas são punidas com
castigo: o banco de reservas.
As tarefas também são divididas. Como o time treina muito cedo -às 7h o elenco já está
no campo de Deodoro (zona
norte)-, três atletas, que se revezam na função, são responsáveis por preparar o lanche.
"Eu tenho uma verba para
comprar pães, frios, queijos e
café. Deixo os alimentos nas
mãos deles", conta Martins.
Para driblar a saudade da família, eles contam com alguns
laptops, que passam de mão em
mão -normalmente, cada um
pode usá-los por meia hora.
A seleção conta com até uma
mascote: a hamster Cocota,
comprada durante a concentração. "Bateu um momento de
carência, e a compramos na
rua", conta Daniel Felipe Alves,
o Kaká, que investiu R$ 40 no
animal e na gaiola que o acompanha. "É a única mulher que
entra aqui", brinca ele.
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