São Paulo, sábado, 05 de agosto de 2000


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Descendo a ladeira?

Moacyr Lopes Júnior/Folha Imagem
Observado por companheiros, o meia Ricardinho domina bola em treino do Corinthians, que tenta interromper série de derrotas



Contra o Gama, sensação das primeiras rodadas do Brasileiro, Corinthians tenta evitar a quarta derrota consecutiva


MAÉRCIO SANTAMARINA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em plena queda, com três derrotas consecutivas sob o comando do técnico Oswaldo Alvarez, o Corinthians enfrenta o Gama hoje, às 18h, no Canindé, com a obrigação de vencer para amenizar a crise que toma conta do atual campeão brasileiro e mundial.
O time perdeu de 3 a 0 para o Goiás em sua estréia na competição e está entre os últimos colocados no torneio. Para reverter a situação, terá de superar a tensão que toma conta de seus atletas enfrentando um clube que desponta como o grande azarão da competição que substitui o Brasileiro.
O Gama divide o primeiro lugar do Módulo Azul da Copa João Havelange com o Goiás, ambos com duas vitórias (seis pontos).
Sem estrelas, o time de Brasília foi montado às pressas, após conseguir a sua inclusão no torneio uma semana antes de seu início.
Sua folha de pagamento, de R$ 250 mil, contrasta com a do Corinthians, de R$ 1,8 milhão.
Após uma reunião tensa com a diretoria do Corinthians e de seu parceiro, o fundo de investimento norte-americano HMTF, motivada pela derrota para o Nacional, do Uruguai, por 2 a 1, na estréia do time na Copa Mercosul, na última quarta-feira, os jogadores passaram a encarar a partida de hoje como a ""hora da virada".
A outra derrota da era Alvarez fora para o São Caetano, em amistoso no mês passado. O melhor resultado do novo técnico foi um empate com o Paris Saint-Germain, na França.
O diretor de futebol do clube, Carlos Nujud, disse que o objetivo dos dirigentes ao se reunirem com os atletas foi convencê-los de que podem produzir muito mais do que estão produzindo. ""Não existe essa situação de desespero que estão querendo criar. Para vencer, é preciso manter a calma."
""Respeitamos o Gama, mas precisamos de uma reação. A responsabilidade nesse jogo é grande. Se ganharmos, vão dizer que foi obrigação, mas, se perdermos, vão dizer que fomos derrotados pelo Gama", afirmou o meia-atacante Marcelinho.
""Seja qual for o adversário, o Corinthians tem que olhar só para frente", disse o lateral André Luís.
""Temos de pensar que o Gama é uma equipe entrosada, que vem atuando junto desde o ano passado. Temos de pôr na cabeça que precisamos jogar muito mais do que estamos jogando", afirmou o técnico Oswaldo Alvarez, que terá como trunfo a volta do meia Ricardinho.
Apesar da cobrança feita ao grupo, Alvarez preferiu adotar cautela em relação à reabilitação do time, pedindo calma à torcida, que protestou no jogo da última quarta-feira. ""Temos de lembrar que o Luxemburgo perdeu cinco jogos seguidos em 1998 e foi campeão brasileiro", afirmou. ""Com Oswaldo de Oliveira, a primeira vitória foi só no quarto jogo."
Sua preocupação leva em conta o fato de o Gama ter derrotado o Palmeiras em pleno Parque Antarctica e o São Paulo em pleno Morumbi no Campeonato Brasileiro do ano passado.
""O problema do Corinthians não está no técnico. O time vai continuar descendo a ladeira enquanto não houver uma posição firme de sua diretoria e do HMTF. Falta transparência, pulso e comando. O time está sem estrutura. As perspectivas não são boas", afirmou José Cláudio de Almeida Moraes, o Dentinho, presidente da Gaviões da Fiel, a maior torcida organizada do time, com cerca de 60 mil associados.
A falta de competência da diretoria, para ele, pode ser comprovada no fato de o time não ter conseguido nem ao menos jogar no estádio do Pacaembu hoje, como queriam os jogadores.
Devido a um jogo beneficente do cantor sertanejo Daniel, a partida teve de ser transferida para o Canindé, estádio da Lusa.
""O Corinthians não podia ter aberto mão do Pacaembu. A intenção do Daniel é boa, mas ele poderia fazer esse jogo em um sítio", afirmou Marcelinho. ""Mas não podemos nem reclamar muito porque o Pacaembu nem é do Corinthians", completou.
""Não sei como está o gramado do estádio do Canindé, mas a casa do Corinthians é o Pacaembu", disse André Luís.
""Temos de jogar futebol e vencer. Não importa o campo", afirmou Luizão, autor de quatro gols na vitória de 4 a 2 sobre o Gama na estréia do time no Brasileiro do ano passado, em Brasília.
Para tentar encerrar a polêmica, os dirigentes corintianos resolveram lembrar do que consideram um ""jogo histórico", ocorrido no Canindé, em 1983, quando o Corinthians goleou por 10 a 1 o Tiradentes, do Distrito Federal, assim como o Gama.


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